0.1 Encontro

439 36 19
                                    

• -Ele sabia... de outras coisas
-Como o quê, por exemplo?
Suspirei. Ele sabia mais do que eu era capaz de encarar com tranquilidade.
-Ele sabia como encher meu saco.. diz finalmente •
(Sussurro, Hush Hush)

Frenesi: é um substantivo masculino, do latim frenesis que significa um entusiasmo delirante. No francês, frénésie é um substantivo feminino que significa loucura, excitação descabida. No inglês, frenzy, significa furor, paixão, loucura, excitação.

13/06/2017, 08:00 AM, Nashville, Condado do Norte

Arabella acorda de mais um de seus devaneios em meio a aula teórica que apresentava-se ainda mais complexa do que a menina imaginava. Sua paixão por história sempre foi nítida antes mesmo de entrar para o ensino médio, a menina de cabelos dourados sempre teve ânsia por descobrir os mistérios que escondiam-se por detrás de grandes desbravadores, e seus olhos de esmeraldas brilhavam conforme ela sentia na derme o fulgor das lutas heróicas e vitórias injustas, e seguindo essa paixão que a comovia desde muito jovem, decidiu trilhar seu caminho sendo precursora das histórias tão pouco contadas corretamente aos pequenos que tão pouco interessavam-se pela história seja de seu país ou do mundo capitalista em que seus corpos estavam fincados.

Estava no primeiro ano da faculdade e cursava em um dos melhores institutos de Nashville, Universidade Vanderbilt, aquilo a fazia sentir orgulho de si mesma, ela sabia que vivenciou traumas perigosos e tempos chuvosos demais e sua única base sempre fora os estudos, o que pode soar meio cafona e até desinteressante, mas a maneira pela qual era extremamente focada nas matérias ensinadas nos institutos que frequentava sempre foi um de seus motivos de continuar em busca da paz, pois a mesma sabia que para ver seu futuro brilhante - diferente daquele passado nebuloso que sempre embaçava a visão de seu presente - , a única saída para alguém como ela, era estudar.

Em mais um monólogo da voz estridente de seu professor com olhos cansados e a barriga sobressaindo-se perante a blusa social amarela totalmente deprimente que usava, seus olhos esforçavam-se para manterem-se abertos. Sua noite não havia sido das melhores desde que pesadelos como aqueles começaram assombra-la.

"Arabella estava com seu pijama rosa de ursinhos segurando firmemente a mãozinha gelada de sua irmãzinha que estava com os cabelos encaracolados levemente bagunçados e com a face assustada conforme ouviam mais uma briga de seus pais. Seu pai estava esmurrando a parede do quarto enquanto as menores ouviam o choro desesperado de sua mãe e a voz soando ferida conforme gritava ao homem descontrolado o quão terrível ele era, Arabella então balança o corpo frágil e pequeno de sua irmã em seu colo e canta freneticamente uma canção de ninar para acalma-la e ao mesmo tempo desviar seu foco daquela situação horrível que tornava-se tão corriqueira, mas em um toque bruto a porta se abre e as mãos manchadas de sangue do homem grande mais velho que mostrava-se um olhar perdido e com as pupilas diamantadas como se caísse sobre si o que havia acabado de fazer, em um ato rápido, seus pés branquinhos correm pelo piso de madeira do quarto até a saída da porta e vê o corpo de sua mãe estirado sobre o chão enquanto banhava de sangue o carpete creme da sala, seus olhos estavam vidrados em algo que não enxergava e sua pulsação já não podia ser mais sentida, e em um grito mudo a menina se via sobre o peito de sua querida mãe."

Arabella não recordava exatamente quando aqueles sonhos voltaram a dominar suas noites de sono, mas desde então via-se cansada e desconcentrada nas aulas, e sabia que não poderia se dar o luxo disso, pois ela havia ganhado uma bolsa na faculdade, mas a qualquer desfalque poderia ser tomada dela o quão rapidamente lhe foi dada.

Suspirava passando as mãos em seus cabelos claros da cor do mel, quando sentiu um leve cutucar em seu ombro, sorriu e levemente virou a cabeça para trás já sabendo que encontraria a face morena com feições delicadas de sua amiga subitamente lhe salvando de seus pensamentos pesaroso, ao ver o sorriso pequeno e os olhos castanhos curiosos de Tiny, que fazia parte do seu grupo de melhores amigas, ela ri baixinho enquanto ouve a doce voz de Tiny dizer:

FrenesiOnde histórias criam vida. Descubra agora