0.6 Tiny

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“Imagine que este vinho é o que você chama de inferno. Há outros nomes para isso. Malevolência. O mal. Escuridão. E está tudo aqui no fundo. Incapaz de sair, porque se conseguisse, se espalharia. A rolha é a ilha.”- Lost


Nashville, Condado do Norte, 2007

- Pare de chorar pirralha, eu não aguento mais isso!

O corpo pequeno da garotinha apenas arqueava devido aos soluços.

- Tiny, eu estou falando sério, pare! - E a mão pesada de seu irmão ameaça atingir sua face molhada pelas lágrimas.

As coisas eram assim. Tiny chorava desesperadamente com saudade de seus pais, seu avô doente, sua avó preocupada em tentar mantê-los vivos e seu irmão com a responsabilidade de tomar conta de sua irmã mais nova, e devido ao seu temperamento explosivo de um adolescente rebelde ele sempre acabava machucando Tiny de alguma forma.

Ele detestava ver a irmã chorando e Tiny não sabia como parar de chorar. Ela era ainda uma criança afinal, apenas gostaria de brincar com seus pais novamente ou quem sabe receber um pouco de afeto de seus avós, mas seu avô apenas ficava deitado na cama sem querer dar a mínima atenção a menina, sua avó não tinha tempo para isso já que tinha que trabalhar e cuidar de seu avô, já seu irmão era arrogante demais para poder lhe dar o mínimo de afeto que ela precisava.

Tudo começou a 3 anos atrás, Tiny acordou em uma manhã fria e chuvosa com a sensação da barba áspera de seu pai fazendo cócegas em sua bochecha por depositar um beijinho nela. A menina de grandes olhos curiosos acorda com as mãozinhas esfregando o rosto.

- Papai, onde você está indo?

- Eu e mamãe iremos trabalhar, mas voltaremos logo, eu prometo!

- Você prometeu que iríamos brincar hoje... - A voz de Tiny soa chorosa e sentida.

- Eu sei meu amor, eu sei... Houve imprevistos, o papai precisa proteger a cidade lembra? Quem você acha que está correndo atrás de caras maus?

- O Super Papai! - Disse rindo enquanto abraçava os grandes ombros do homem em sua frente.

- Isso mesmo meu amor, heróis tem deveres, existe pessoas más lá fora e o papai e a mamãe precisam salvar garotinhas catarrentas como você!

- Pai! Catarrento é você! - A menina faz beicinho enquanto apertava os olhinhos.

- Eu já sou grande e forte, você ainda é uma pirralha. Você me perdoa, meu amor? Quando voltarmos trarei seu donut com cobertura extra!

- Tudo bem pai... Mas, e o Johnny?

O homem suspira passando a mão por sua barba

- Ele não sabe que eu sou um herói, isso é um segredo nosso lembra princesa? O Johnny precisa da sua ajuda para entender que eu sou um Super Papai, você entende o jeito dele, não entende? Promete que irá cuidar bem do Johnny enquanto o papai e a mamãe estiverem fora? Promete? - Tiny balança a cabeça diversas vezes enquanto sente os braços de seu pai apertando-a em um abraço repleto de carinho.

- Preciso ir agora, meu amor. Eu nunca vou te abandonar, entendeu? Eu te amo, princesa!

- Eu te amo, Super Papai. Você é o meu herói!

- E eu? Sou sua heroína também?

- Mamãe, mamãe, você também vai me trazer donuts quando voltar?

- Depende, eu vou ganhar um beijinho?
- Sim, sim, sim! - Tiny pula no colo de sua mãe e é recebida com muitos beijos e um abraço apertado sentindo seu pai se aconchegar a elas.

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