Exatamente no momento em que as gotas de água iriam tocar minha pele, consegui pôr o anel.
Amém!
— Tudo bem? — Nicolas indagou encucado com minha ação esquisita e repentina. Pra ser bem honesta, não sabia se aquela careta se devia somente a isso ou se o fato de minha cara estar pingando também contribuía para que ele tivesse aquela reação.
— Hum... claro. — Sorri de nervoso com a água escorrendo pelo rosto. — Só vou ao banheiro rapidinho.
— Ok...
Comecei a caminhar em direção ao local, não fazendo questão de conter a felicidade do alívio.
Havia sido por pouco.
*~*~*~*
Mais tarde, quando o sol estava se preparando para partir na extremidade do horizonte, fiquei tão encantada com a cena, que resolvi sentar à beira do mar para apreciar melhor a vista.
A praia já estava quase vazia e o tapão acabara fazia alguns minutos.
Ali, sozinha, desfrutando da bela paisagem de tons degradê alaranjados, escutei um suspiro, notando que não estava tão só como imaginava.
— O pôr do sol é lindo, não é? — As mechas castanhas do cabelo de Gustavo cruzaram meu olhar quando o mesmo se sentou ao meu lado esquerdo.
— Sim. — Concordei, voltando-me para o céu.
— Josie Conti costumava dizer que o pôr do sol combina com a esperança porque é o prenúncio do repouso e de um novo amanhã. — Refletiu com os olhos perdidos na imagem em sua frente.
— Uau... — Murmurei impressionada.
— Esse também é um dos principais motivos pelo qual sou encantado por essa visão. — Explicou.
Ali, quietinhos por alguns segundos apreciando a vista, o sopro gelado da tarde beijou meu rosto e fez alguns fiozinhos do meu cabelo se agitarem, mas estava tão concentrada em minha apreciação pela cena que não me importei com esse fato. Parecia um momento genuíno demais para ser interrompido.
Uma pequena onda quebrou e correu até nossos pés, despertando em mim uma sensação de paz imensurável.
— Quero que fique com isso. — Gustavo tirou o colar de seu pescoço e entregou para mim.
— Por quê? — Indaguei perdida. O que diabos ele estava fazendo?
— Toda vez que vou à praia e encontro alguma concha bonita ou diferente, eu a coloco em um colar e costumo dar a algum amigo próximo. Esse é o meu preferido, mas... quero te dar.
— Não vai se arrepender? — Questionei ainda boquiaberta.
Ele deu um sorrisinho.
— Tenho certeza que não.
Aceitando seu presente, analisei a pequena concha branca e gordinha fixa ao cordão de couro marrom, a qual tinha um formato de espiral e alguns traços escuros. Era uma verdadeira obra de arte.
— Quer que eu coloque em você? — Perguntou enquanto eu ainda estudava os detalhes do objeto.
— A-ah, claro. — Reagi um tanto surpresa.
Pegando o colar e indo para perto das minhas costas praticamente nuas, afastou as ondas do meu cabelo para o lado com a mão e gentilmente o pôs ao redor do meu pescoço. Aquilo era tão "filme que passava na sessão da tarde" que eu só conseguia sorrir feito boba.
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Tudo Começou Aqui [Concluído]
FantasyMaria Clara tinha uma vida de adolescente quase normal. Terceiro ano do Ensino Médio, uma melhor amiga, um irmão mais velho chato, uma mãe louca, um pai implicante, colegas idiotas na escola e uma coisa detestável chamada "invisibilidade social". P...