Capitulo Nove

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Louis' POV

A vida é como uma grande caixa de surpresas a qual nunca sabemos o que nos espera em seu interior. Pode ser um presente maravilhoso ou algum boneco assustador.

Eu sentia como se tivesse aberto a caixa de surpresas de minha vida. A minha confusão mental nesse momento era tão grande que eu mal conseguia formular um pensamento concreto. Imagens desconexas apareciam em meus olhos e a todo instante fleches da conversa que tive com o Styles bombardeavam minha mente. Era tudo muito estranho.

Como se já não fosse o suficiente, meu tratamento estava se tornando ainda mais agressivo. Eu já havia perdido tanto peso que metade de minhas roupas não me serviam mais. Meu rosto estava encovado, meus cabelo opacos e sem vida, meus olhos sem brilho. Minha fome era praticamente inexistente, meu ânimo idem e se eu fosse muito sincero, minha vontade de continuar a viver estava bem abaixo de zero.

Eleanor ficou de passar para me ver durante a tarde, então eu estava sentado na minha cama – como de costume – esperando para vê-la. Desde o episódio em que eu a toquei de forma mais profunda as coisas andavam meio estranhas entre nós. Ela estava mais recatada, porém começava a demonstrar sinais claros de que queria aquilo novamente. Eu me sentia sujo por fazer com que uma mulher tão pura passasse por aquela situação. Embora eu não quisesse absorver totalmente as palavras do Styles, era fato uma coisa: eu não me sentia atraído por Eleanor e não a amava. E isso me machucava.

Ela era uma garota maravilhosa. Ficou ao meu lado nos melhores e nos piores momentos de minha vida. Minha família era louca por ela, minhas irmãs ficavam sempre com ela e minha mãe a tinha como uma segunda filha. E parando para pensar, era assim que eu a amava – como uma irmã. Não existia sentimento carnal, de homem e mulher da minha parte. Eu a amava como minha melhor amiga.

Alguma luz dentro de mim se apagou. Eu orava todos os dias e lutava contra certos pensamentos, mas a minha antiga esperança estava diminuindo. Me peguei comparando essa minha fase com os meus 16 anos, e foi inevitável perceber algumas semelhanças: embora eu tentasse evitar, estava cada dia mais difícil manter a rotina de antes. Já não sentia vontade de orar ou me culpar por tudo o que pensava. Se o Styles estivesse certo, eu não tinha culpa de nada realmente.

Styles.

Era complicado pensar nele. Seus olhos verdes perseguiam meus sonhos em qualquer situação. Sua voz rouca era como um sonífero para mim, um calmante natural. Embora eu ainda o rejeitasse de certa forma, tinha uma vontade sobrenatural de estar sempre perto dele, de tocá-lo, beijá-lo, tê-lo para mim. Admitir aquilo não havia sido tão difícil quanto da primeira vez. Agora eu tinha um controle maior.

Suspirei, bagunçando meus cabelos. Meu quarto, um ambiente escuro e silencioso, estava bagunçado. Algumas roupas pendiam em cima de minha cômoda, e a cama estava desarrumada desde ontem. Minha mãe ainda não havia me reclamado, aliás, desde que a sessão de radioterapia começou, ela evitava me mandar fazer algum esforço em casa.

Ouvi duas batidas na porta e levantei rapidamente, sentindo um enjoo rápido. Parei por alguns segundos, tornei a respirar fundo e abri a porta. Eleanor estava ali, parada, seus grandes olhos castanhos me fitando com carinho. Sorri automaticamente para ela, a puxando para perto. Me doía enganá-la daquela forma, mas o amor fraternal que eu sentia por ela era real. Até quando viveríamos daquele jeito?

- Olá, Lou – ela me saudou, a voz saindo abafada por estar encostada em meu peito – Como você está hoje? – perguntou cautelosa, colocando os braços ao redor de minha cintura.

- Estou bem – respondi baixinho, a abraçando de volta – E você?

- Também – Eleanor respondeu, sorrindo timidamente – Posso entrar ou vamos ficar na sala? – o seu tom de voz denunciava expectativa e eu estranhei aquilo.

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