Capitulo Quinze

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Louis' POV

Minha mão ainda estava encostada na parede. Meu corpo inteiro parecia congelado e, na minha visão de pessoa altamente aterrorizada, minha mãe parecia um tigre prestes a atacar a presa.

- Oi, mãe – falei debilmente, minha voz saindo como um fio de tão fina.

- Oi, Louis – ela respondeu, a voz contendo sarcasmo puro – E então? Você foi ou não se encontrar com Harry Styles? – tornou a perguntar, descendo do topo da escada e parando centímetros a minha frente, as mãos apoiadas no quadril.

- Eu... – gaguejei, sem saber o que fazer – Não, claro que não – menti, sentindo o suor escorrendo em meu rosto.

- Não? – ela perguntou, arqueando a sobrancelha – Então por que a Sra. Marshall viu você se encontrando com um homem de cabelos cacheados?

- Porque eu encontrei com ele na rua, mas não fui encontrar com ele... Entendeu? – meus pensamentos começaram a ficar ligeiros e a minha respiração voltou ao ritmo normal – Fui dar uma volta e tomar um café, e acabei me batendo com o Styles na frente da cafeteria.

- Ela disse que você entrou no carro dele, Louis – mamãe disse, fechando os olhos e colocando a mão na têmpora.

- Então ela está ficando louca – rebati, recobrando minha postura e olhando ironicamente para ela – Jamais me encontraria com alguém do tipo dele – senti uma dor interna profunda ao falar isso, mas não tinha outra saída. Caso não agisse como o meu eu antigo, minha mãe iria desconfiar de algo e ai sim, eu estaria perdido.

- Bom, isso é verdade – mamãe pareceu ficar mais calma e a sua postura relaxou – Você jamais se encontraria com uma aberração como ele, um verdadeiro enviado do Mau.

- Claro, mamãe – falei, meu coração afundando um pouco. Era doloroso ouvir minha mãe se referir a Harry daquela forma, afinal de contas, eu também era como ele: uma aberração.

- Por que voltou tão tarde, querido? – Jay perguntou, o tom maternal voltando.

- Fui andar pela cidade, eu estava precisando ficar um pouco só – respondi, dando um sorriso fraco para ela – Vou para meu quarto – avisei, já começando a subir a escada.

- Não vai comer nada?  - indagou, parada no batente da mesma.

- Não, comi na rua – falei, virando-me para ela e acenando. Pulei as escadas de dois em dois degraus e respirei fundo quando alcancei o meu quarto.

Minha cama parecia me olhar e me joguei nela, afundando minha cabeça no travesseiro. Até quando aquela situação iria continuar? Doía ver tanto preconceito em minha mãe e ver a forma como ela se referia a Harry e a mim, mesmo que sem saber. Nós não éramos enviados do demônio ou aberrações – apenas gostávamos de pessoas do mesmo sexo. Não tinha nada de ruim ou negativo naquilo, agora eu podia enxergar de forma clara.

Harry.

Pensar nele foi como um sopro de felicidade em minha mente. Lembrei de como a nossa tarde foi maravilhosa, enquanto conversávamos sobre qualquer assunto que surgisse na hora. A forma como ele sorria e ajeitava os cachos, a risada infantil, o brilho no olhar ao falar de sua família e sua profissão; ele era puramente amor, e eu me alegrava de poder conhecer esse lado agora. Até mesmo quando ele falou de seu ex namorado, Nicholas, foi com respeito e carinho. Tenho que admitir que senti um certo aperto no coração ao ouvi-lo falar dele daquela forma, mas sabia que Nick havia sido especial demais para Harry. Aliás, ainda é. Mas não por muito tempo, no que depender de mim.

Não sabia direito o que aquelas borboletas em meu estomago significavam, porém era uma sensação boa. Era como se, pela primeira vez na vida, eu fosse capaz de ser 100% feliz. Harry me proporcionava aquele sentimento de felicidade intensa, como se nada fosse capaz de me atingir. Levei minha mão aos meus lábios e fechei os olhos, quase sentindo os dele tocando o local. O beijo não fora algo proposital, até porque ele mesmo disse no início que queria ir devagar. E ele pediu por aquilo.

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