#17

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Nota da autora: separe um lencinho.

8 longas horas depois os médicos chegam até Carla para dar um parecer sobre a cirurgia...

- E então Doutor, como foi?

- Consegui concluir a cirurgia, ele está sendo levado nesse momento para o CTI para se recuperar. O intuito era ligar o estômago ao intestino direto, mas infelizmente quando abrimos observamos que os órgãos dele estão tomados pelo câncer. Realmente não temos mais o que fazer, o caminho agora será quimioterapia para prolongar um pouco os dias dele. Eu sinto muito.

- Nossa! Eu nem sei o que dizer. Posso vê-lo?

- Infelizmente só amanhã. O CTI é muito rigoroso e bem restrito. Só na hora da visita mesmo.

- Tudo bem Doutor, então amanhã eu volto.

Após a conversa com o doutor, Christian e Ana foram buscar Carla no hospital. Depois de ouvir o que o médico falou, Ana passou a madrugada sendo consolada por Christian. Chorava com muita dor em seu peito por saber que seu pai estava morrendo.

Naquela mesma noite, Ana só havia conseguido pegar no sono lá pelas 3 horas da manhã e teve um sonho...
No sonho de Ana ela e Christian estavam no quarto dos pais dela na casa onde ela passou sua infância. Seu pai aparece, lhe dá um abraço e sem dizer uma palavra entrega a Ana uma carta e vai embora. Na carta dizia assim...

"Querida Ana,
Num belo dia 12 de Agosto sua mãe me deu a notícia de que estava grávida e eu entrei em êxtase. Era o grande sonho da minha vida. Quando eu descobri que você era uma menina, eu chorei. Você era tudo que eu sempre sonhei. Você cresceu e se tornou meu orgulho como eu sempre pensei que você seria. Nós vamos nos separar fisicamente e eu espero que você não surte... lembra quando Fred aquele seu cachorrinho morreu? Você chorou por 6 meses e te levamos para psicólogo. Eu não quero que você fique assim filha. Eu estou cansado. Meu estômago dói, e eu sinto cada órgão meu pulsando e alguns até parando. Enquanto escrevo essa carta, meu coração está sofrendo porque o sangue não está sendo bombeado o suficiente.
Eu te amo!
Você vai sentir dor, e sofrer, mas não deixa a dor consumir você. Você tem um futuro agora. Um futuro marido, vai ter filhos, tem uma linda carreira Meu trabalho está concluído.
Eu amo você, para sempre."

Ana pela manhã acorda com sobressalto assustada com a experiência que havia acabado de viver no sonho.

- ei amor, o que foi?

- eu tive um sonho... Meu pai me entregava uma carta, falando sobre os órgãos dele e se despedindo de mim. Ele vai morrer Christian...

- vem cá - diz Christian abraçando Ana - eu estou com você. Tudo vai ficar bem.

Aquela havia sido uma manhã de apreensão tanto para Carla quanto para Ana e Christian. Mas, às onze horas da manhã, Carla recebe uma ligação do hospital pedindo para que fossem ao hospital com os documentos de Raymond. Todo mundo que já recebeu uma ligação dessas sabe o que significa e o quanto é paralisante.
Ana entrou em estado de choque. Parecia que seu sangue havia paralisado nas veias.

- Bom dia, vocês são familiares do paciente Raymond?

- Bom dia, sim. Eu sou o genro, esta é a filha e aquela é a esposa.

- Ah sim, bom... O médico já havia conversado com vocês sobre a situação dele né? Raymond estava muito debilitado. Ontem nós o levamos para a mesa de cirurgia para tentarmos fazer alguma coisa mas não tinha mais o que ser feito. Ele passou a madrugada no CTI mas infelizmente ele veio à óbito hoje às 07:10 da manhã. Eu sinto muito mesmo por dar essa notícia.

- Oh meu Deus! - Diz Ana com as mãos na boca e os olhos marejados.-

Raymond estava morto.
Ela não conseguia acreditar.

As próximas horas foram cansativas entre procedimentos de cartório, liberação de papéis e do corpo, ligação para familiares, parentes e amigos e trâmites para o funeral. Ana só queria ir pra casa ficar sozinha e chorar. Chorar muito até não ter mais lágrimas. Mas ela ainda precisou ser forte o dia inteiro, lidando com a papelada e funeral, separando roupa para seu pai usar e tudo mais. Ela estava esgotada.
Finalmente depois de tudo, ela e Christian vai para casa descansar, e Carla vai para a casa dela pois alguns familiares haviam chegado.

- Amor, vamos tomar um banho? Vou preparar algo para você comer.

- Eu preciso ficar um pouco sozinha. Eu vou para o seu escritório, tudo bem?

- Claro meu bem, qualquer coisa me chama.

No meio do escritório de Christian, Ana chorou.
Ela havia perdido o seu melhor amigo.
Porque aquilo tinha que acontecer? Ele era tão bem de saúde e de repente a doença o toma por completo.
Meu Deus, que loucura é essa?
Ela nunca mais veria seu pai, nunca mais almoçaria com ele aos domingos,nunca mais ouviria seus trocadilhos bobos e nunca mais faria palhaçadas só para ele rir.
Acabou.

Sem romantismo, para Ana aquele era um momento de dor, raiva e choque. Ela passa a vida inteira correndo atrás de Deus e aí Deus faz uma coisa dessas? Com a mente cheia e o coração cansado, Ana pega no sono lá mesmo. Christian a leva para a cama e a deixa descansar. Ele sabe que daqui pra frente as coisas vão ser bem difíceis até passar a dor inicial do luto. Mas ele estava pronto para ajudar no que fosse e cumpriria o pedido de Ray...

"só te peço que seja o suporte que ela precisará."

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