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(Não sei por que coloquei essa música, ela só pareceu ser a certa para esse capítulo;; idontwannabeyouanymore- Billie Eilish)

Formalidade.

Tremia na cama sozinho, com um turbilhão de pensamentos dando uma dor de cabeça irritante, respirou fundo, o que podia fazer? Nada, era inútil tentar fazer algo naquela situação.

Tentou parar de tremer e secou o rosto suado e repleto de lágrimas, respirou fundo e sentou na cama. Olhou a hora no celular e deu um longo suspiro. Se levantou e se esticou. O relógio marcava sete e trinta e seis da noite, coçou os olhos e foi a passos calmos até o banheiro do quarto. Encarou o próprio reflexo sentindo uma imensa vontade de socar aquele pedaço de vidro, está agora irritado, seu rosto era afinado e repleto de características ditas femininas. Esfregou os braços, se abaixou e escovou os dentes de maneira rápida. Pôs um moletom e uma calça jeans preta, colocou um converse vermelho cano alto e foi a cozinha, sentiu o corpo tremer, deu um passo para trás ao ver a cabeleira ruiva sentado na sala. Foi até a geladeira de maneira lenta esperando não ser notado. Pegou uma pera e foi saindo de fininho do cômodo.

— Aonde pensa que vai? —perguntou o ruivo o encarando por cima do jornal.

— Pra que quer saber? —perguntou.

— Sou seu pai. —respondeu como se fosse a coisa mais óbvia.

— Ah, agora você é meu pai. —riu, colocou os fones de ouvido pretos e saiu dali com o volume no máximo, a voz melodiosa da cantora alemã soou pelos microfones com sua pronúncia perfeita de inglês. Abriu a porta checando a chave no bolso.

Saiu caminhando até onde iria se encontrar com ele. Respirou fundo ao ver um ponto de luz, logo uma fumaça e a silhueta. "Fumando essa hora?" Sorriu sozinho. "Talvez ele esteja pior que eu..." Balançou a cabeça em negação, "não tem como né, ele nem gosta de mim desse jeito."

Botou um sorriso sincero no rosto ao olhar os cabelos esverdeados. Sentiu o coração agitar ao ver os olhos da mesma tonalidade e aquelas benditas sardas. Sentiu os joelhos fraquejarem antes de sair correndo em direção ao homem. Ele se virou surpreso e abriu os braços.

Todoroki se jogou em cima dele se prendendo no corpo do mais velho, este que o abraçou de volta com força.

Todoroki ainda em cima do mais velho sussurrou:

— Me diz o que realmente aconteceu.

— O que... Ela te contou? —perguntou.

— Que nosso pai pegou você tocando ela... Só. —falou, sentiu o cheiro do perfume do homem mais alto nos pescoço do mesmo. Midoriya jogou o cigarro no chão deixando em mente que iria pegar depois, colocou as mãos abaixo do mais novo o carregando e o segurando firmemente enquanto o albino entrelaçava as pernas no outro.

— Hm... Desculpa, mas quem tem que te contar o que realmente aconteceu tem que ser ela. —ele respondeu sentindo o cheiro do pescoço do albino.

— Ela não vai me contar. —disse firme.

— Então vai ter que esperar, desculpa. —falou.

Ambos ouviram passos rápidos vindo da esquerda, da mesma direção que Shouto veio, viraram o olhar, e lá estava a albina de cabelos medianos correndo em direção a eles, as pequenas mechas ruivas se faziam presente destacando nos fios. Se apoiou no joelho ofegante.

— Fuyu? O que faz aqui? —questionou Shouto. Midoriya o soltou encarando a mulher de certa forma assustado e desacreditado com os olhos arregalados.

Os olhos de Fuyu se encontraram com os dele. O esverdeado se virou pronto para ir embora. Porém Shouto o segurou.

— Sabia que iria se encontrar com ele. —falou ela se recompondo e logo ficando com a coluna reta sem tirar os olhos dos olhos verdes do mais velho.

— O que? Vai me dedurar? Vai em frente! —falou Shouto irritado com a pouca privacidade que tinha.

— Não... —ela respirou fundo.— Olá... Midoriya-san.

— O que quer comigo, Fuyumi? Pra que essa formalidade toda depois de tudo? —perguntou o esverdeado.

— Desculpa... Izuku. —recitou Fuyu. Todoroki apenas observava sem entender direito.

— Novamente, o que quer comigo? —apertou o punho.— Destruir minha vida de novo? —perguntou.

— O que! Não! Eu não tinha escolha! —falou Fuyu aumentando o tom.

— Sim, você tinha! —também aumentou o tom não se deixando perder pela pequena luta de palavras.— Era só ter falado a verdade! —disse. Fuyu já não segurava as lágrimas.

— Você sabe como ele é! —berrou.

— Eu também sabia o quanto me amava! Mas olha só! —berrou de volta enfurecido. Shouto se assustou, nunca virá Midoriya desse jeito, de fato achava que ele era incapaz de ter tal sentimento.— Me deixou desse jeito! Tendo que mudar de cidade em cidade pois alguém sempre acabava descobrindo! Meus pais nem abrem mais a porta para mim nos feriados! Eu tenho que suportar sempre as pessoas que ficam falando do quão pedófilo eu aparento e "sou"! —fez as aspas. Lágrimas grossas desciam dos seus olhos. Todoroki não sabia exatamente o que fazer.

— Me desculpa! —gritou Fuyu.

— Pedir desculpa não vai mudar tudo. Se eu não tivesse fugido eu estaria preso e perderia anos, Fuyu, anos de vida por causa dessa sua mentira tosca! —disse.

— Eu sei, desculpa!

— Então, o que quer comigo. —disse ele por fim.

— Quero dizer que eu ainda gosto de você. —respondeu limpando as lágrimas. Midoriya por mais que estivesse chorando, começou a gargalhar.

— Essa é mais de uma das suas mentiras. —sussurrou.— Olha só o que você fez! Se tivesse parado de me seguir eu estaria feliz da vida com a pessoa que eu gosto agora. Então! —respirou fundo, limpou o rosto parando de chorar.— Só... Sai da minha frente.

Fuyu então abaixou a cabeça e se virou ainda chorando, saiu andando em direção a casa do pai. Shouto sentiu um aperto no peito, "com a pessoa que eu gosto". Respirou fundo.

"É impossível ser eu."

Eighteen [18] [TODODEKU AU] Onde histórias criam vida. Descubra agora