01 | Primeiro dia

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Monique Price

— Animada para o seu primeiro dia de aula? — meu pai, Josh, questionou enquanto eu abria a geladeira, e foi inevitável torcer o nariz diante da pequena menção do que eu estava prestes a enfrentar

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— Animada para o seu primeiro dia de aula? — meu pai, Josh, questionou enquanto eu abria a geladeira, e foi inevitável torcer o nariz diante da pequena menção do que eu estava prestes a enfrentar.

Soltei o ar pela boca na falha tentativa de aliviar a tensão que percorreu toda extensão de minha pele naquele segundo.

— Claro — respondi enfim, a contragosto, já pegando a caixa de leite e me sentando à mesa.

Mudar de escola no último ano do ensino médio realmente seria maravilhoso.

Nervosa seria eufemismo para definir meu estado atual.

Eu mal conseguia pensar no restante do ano letivo que estava prestes a enfrentar sem querer chorar, afinal, isso sempre trazia pensamentos os quais eu tentava evitar com tanto afinco. Eu não conhecia ninguém naquela cidade e também não teria nenhum de meus amigos por perto para me apoiar na transição mais difícil pela qual poderia passar, principalmente a levar em consideração tudo que já tinha encarado em menos de dois meses.

— Bom dia, filho. — A voz do meu pai finalmente me trouxe de volta à realidade, e foi só então que percebi que Tyler havia adentrado na cozinha, trajando ainda uma calça de pijama.

Ao contrário de mim, meu irmão não se preocupou em tornar o ambiente mais agradável, como o usual. Ele simplesmente pegou a caixa de cereal do armário e voltou para o seu quarto, batendo a porta com uma força maior que o necessário.

Por um instante, perguntei-me pela provável centésima vez o que Tyler ainda fazia sob o mesmo teto que nosso pai. O garoto já era maior de idade e não continha obstáculos para deixar o lugar; sobretudo, ele ainda cultivava um rancor ainda maior que o meu por tudo que Josh havia feito — ou o que não havia feito. Tudo estava a favor de sua saída, mas ele continuava insistindo em permanecer.

Por fim, apenas desisti de tentar entender o garoto. Era basicamente impossível.

— Quer que eu te leve? — Josh indagou após alguns minutos, assim que eu terminei de tomar meu café. — Você pode ser perder, já que ainda não conhece o lugar direito.

— Não precisa, mas obrigada — balbuciei, pondo-me de pé em seguida.

Não me despedi quando segui para a sala. Apenas peguei a mochila que havia deixado no sofá e fui em direção à saída, mas parei assim que me deparei com o espelho próximo à porta.

Prendi a respiração quando analisei meu reflexo, aflita.

Não havia dúvidas de que o luto também tinha afetado diretamente minha aparência.

Olheiras profundas e escuras se encontravam sob meus olhos castanhos, consequência das incontáveis noites de insônia com a qual lutava veemente; minha pele se encontrava pálida e seca, colando-se à maior parte de meus ossos como resultado da perda de apetite. Cada um de meus outros pequenos detalhes também pareciam se encontrar desprovidos de vida, o que causou uma dor instantânea em meu peito por um segundo.

Perigosa AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora