33 | Projetando ilusões

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Monique Price

4 anos depois

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4 anos depois

— De jeito nenhum! — apressei-me em dizer. — Esses quadros não vão. 

— Ah, qual é, Monique?! — Liz insistiu. — Essas pinturas merecem ser apreciadas. Olha só isso. — Ela retirou os quadros, um por um, da pilha bagunçada no chão de minha sala de pintura.

— Não dá mais tempo. A exposição já é hoje à noite, e você sabe — rebati com as primeiras palavras que surgiram em minha mente.

— Mas é claro que dá.

Bufei.

Era exatamente em momentos como aquele que eu me perguntava se matar uma de minhas melhores amigas me faria me sentir muito culpada.

— Tá legal, tive uma ideia — ela murmurou casualmente enquanto se jogava no pequeno sofá do canto do cômodo. — Você me diz o verdadeiro motivo de não querer mostrar as obras, e então eu te deixo em paz. — Seus olhos se estreitaram de imediato, e não precisei de mais para ter a completa certeza de que Liz apenas estava fazendo o que fazia de melhor: vasculhando questões mais profundas acerca de minha vida de um modo indireto, mesmo já tendo alguma ideia de que não obteria uma resposta concreta.

Soltei o ar pesado pela boca e me obriguei a lançar uma olhadela nas pinturas agora enfileiradas no chão.

Simplesmente não havia um jeito de explicar à Liz minha frustração acerca daquelas imagens.

Normalmente, eu pintava para tentar eternizar memórias numa tentativa de me sentir bem. Contudo, eu não sentia exatamente algo bom em relação àqueles quadros específicos, afinal, eles só me lembravam de que imagem alguma nunca poderia fazer jus àquelas lembranças mais intensas que eu insistia em manter comigo mesma de modo tão vívido. No fundo, eu sabia que nada, nem mesmo um pincel e algumas tintas, seriam capazes de recriar o que uma vez já havia vivido.

— Ah, Liz, elas só são sem graça demais — balbuciei por fim, sentando-me ao seu lado enquanto desviava o olhar. — O que as pessoas podem achar demais em um céu estrelado ou em um campo sem graça? — Elas não são capazes de ver os sentimentos por trás de cada pincelada, acrescentei mentalmente.

— Ei, são todos lindos, Monique — retrucou, não muito satisfeita. — Não sei como você não é capaz de ver isso.

— Não são, não — discordei, já me encolhendo no sofá na esperança de que Liz percebesse que já estava na hora de encerrar o assunto.

— Essa é a última exposição antes de você se formar, Monique! — a garota soprou impacientemente. — Já está mais do que na hora de você mostrar essas pinturas que vem escondendo por todos esses anos.

— Caramba, Liz, eu só não quero. Deixa pra lá, ok?

— Meu Deus, não sei do que você tanto foge. — Ela revirou os olhos.

Perigosa AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora