03 | Um perigo em potencial

69.7K 6.3K 6.5K
                                    

Monique Price

— Bom dia, irmãzinha

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Bom dia, irmãzinha. — Escutei a voz de Tyler assim que acabei de descer as escadas, e foi inevitável perguntar a mim mesma se não estava sonhando.

Contudo, piscando os olhos repetidas vezes, tudo me pareceu bem real. Meu irmão realmente tinha me lançado as primeiras palavras depois de meses de silêncio.

Não o respondi de imediato. Apenas continuei encarando o garoto que estava jogado no sofá, atônita.

— Sabe, eu escutei a briga de você e Josh ontem à noite e não podia deixar de te dar meus mais sinceros parabéns — acrescentou após poucos segundos, soltando uma risada divertida.

A menção fez com que eu franzisse o nariz. Estava me saindo bem em esquecer todos os malditos acontecimentos da noite passada, até agora.

— Não sabia que você estava em casa — balbuciei por fim, passando direto por ele enquanto evitava seu olhar.

— Ah, ainda bem que estava. Não podia ter perdido isso por nada — ele rebateu, e senti o sorriso por trás de sua voz. — Quando Josh escuta isso da minha boca, ele pensa que não passa de revolta. Agora, com você, acho que ele até ficou meio que magoado. Se é que é possível.

Soltei o ar pela boca, sem saber o que sentir diante daquelas palavras.

Eu não estava muito orgulhosa de mim mesma pelo que tinha feito ou falado para Josh, mas não estava ao todo arrependida.

Havia guardado aqueles pensamentos comigo por mais tempo do que consideraria saudável, então achava que fora algo bom colocá-los para fora.

No entanto, não estava especialmente feliz pelas consequências disso.

— Então quer dizer que você voltou a falar comigo? — indaguei, na tentativa de desviar o assunto.

De repente, um silêncio desconfortável se instalou entre nós, um ao qual já estava mais do que acostumada.

Já sabia a resposta antes mesmo que Tyler a verbalizasse.

— Não seja idiota. Você sempre será a culpada, Monique — ele respondeu, e, ainda que triste, eu não estava surpresa.

Obriguei-me a pegar uma maçã na cozinha e me apressei a ir para longe de meu irmão. De algum modo, as memórias pareciam ficar um pouco mais vívidas quando ele se comportava daquele jeito.

Assim que entrei no carro, não hesitei em dar partida, pisando fundo no acelerador.

Tentei manter minha cabeça vazia durante o trajeto, e em questão de minutos, eu já estacionava frente à escola.

Bem, ao menos hoje eu estava adiantada.

Saindo do automóvel, atravessei o estacionamento e fui direto para o refeitório, sentando-me a uma mesa vazia na consciência de que ainda faltava pouco mais de quinze minutos para o início das aulas.

Perigosa AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora