31 | Mar de nada

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James Mitchell

— Quase duas semanas

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— Quase duas semanas. A porra de duas semanas. Você está me dizendo que devo continuar dando um tempo sendo que todo esse tempo já se passou?

— Sim, James, estou — Tobias respondeu como se fosse óbvio. — Se ela não entrou em contato com você ainda é porque ainda não se sente bem para isso.

— Você não está me entendendo, Tobias — soprei, exasperado, enquanto andava de um lado por outro em minha sala. — Tem algo errado. Muito errado.

— Tipo ela ter descoberto que você tem mentido para ela esse tempo todo? — O garoto arqueou as sobrancelhas, inocente.

Ignorei o sarcasmo.

— Eu estou falando sério pra cacete. Não é somente seu silêncio que está estranho, entendeu? Eu também não a vi em nenhum momento por todo esse tempo, nem nas aulas e nem em sua própria casa.

— Você tem vigiado a casa dela, James? — ele questionou em um misto de acusação e perplexidade

— Só na última semana — balbuciei, na defensiva, e finalmente me sentei, algo incomum também nos últimos dias. A ansiedade vinha me dominando por inteiro desde o pior dia da merda da minha vida, e eu simplesmente não fazia ideia de como lidar com ela. Não fazia ideia de como lidar com o fato de não poder fazer nada além de dar à Monique o tempo que parecia precisar. — Eu sei que tem algo errado. Eu simplesmente sei. Ela nunca perderia semanas de aulas, ainda mais tão perto de se formar. Ela nem sequer apareceu na varanda de seu quarto, Tobias.

— Cara, eu acho melhor você se acalmar. Ela provavelmente só está tirando um tempo pra si. Com certeza não deve estar sendo nada fácil para ela processar isso tudo, e você sabe.

— É claro que eu sei. — Bufei enquanto me perguntava quando diabos eu tinha começado a pedir conselhos a Tobias. Bem, ao que tudo indicava, o mundo realmente dava voltas.

Contudo, meus pensamentos não ficaram centrados em meu amigo por muito tempo, pois, como o meu mais novo habitual, eu logo comecei a ser torturado pelo sofrimento da mulher que amava.

Me machucava mais do que tudo saber o que tinha feito a ela, e isso era algo incansável e inevitável. Pesadelos daquela manhã me assombravam no segundo em que eu fechava os olhos, e memórias também continuavam a me afligir em cada pequeno instante que passava acordado.

Sobretudo, as lembranças de suas próprias palavras me matavam aos poucos.

Como você pôde fazer isso?

Você tem ideia do que fez comigo?

Eu dei tudo de mim a você.

De algum modo, eu sabia que a dor que vinha sentindo em cada minuto desses malditos dias era a pior que poderia experimentar. Nem mesmo o sentimento aterrorizante de perder meu irmão se comparava a essa sensação dilacerante pela qual estava sendo obrigado a passar, afinal, quando Jack se fora, eu tinha consciência de que eu ainda teria alguma chance de tê-lo em meus braços outra vez. 

Perigosa AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora