Seis: sequestros

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     – Cadê ela? – Lúcia desceu a escadaria com seus trajes de dormir, aos tropeços – Madican a levou?

     – Levou quem? –Anandí fazia a refeição da manhã.

     – Paula! Eu acordei e ela não tava no quarto! – Lúcia tremia.

     – Calma! – Anandí se levantou apressadamente – Nita deve estar com ela.

     Mas não estava. Nem Jadano.

     Nem os poucos guardas e os empregados que ainda restavam não se lembravam de nada: Atessa havia desaparecido.

     Foram feitos anúncios, prometeram–se recompensas, mas nada surtia efeito. Depois de alguns dias Lúcia parou de sair do próprio quarto e quando o fazia era para caminhar pela cidade e voltar calada. Até que um dia não quis usar sua peruca e não deixaram mais que ela saísse. Madican partiu numa expedição por Antaris em busca da filha e Lúcia o esperava todos os dias na porta do palácio. Quando ele finalmente retornou, bastante abatido, ela soube que não havia mais esperanças. E sequer havia algum Amuleto com algum poder que os pudesse ajudar, porque ela tinha certeza que se pedisse com muita fé, o Amuleto funcionaria.

     Às vezes Anandí entrava com Salesh no quarto de Lúcia, para tentar animá-la com a criança que já começava a engatinhar e balbuciar palavras, mas a amiga a olhava distante:

     – Atessa deve estar assim já... Quando irão trazê-la para eu dar de mamar?

     – Logo. – Anandí acabava respondendo.

     – Ela tem que vir, porque em Antaris nada é tão sofredor como em Gaia.

     – Não Lú, espero que não... – e deixava que ela segurasse Salesh.

     Madican parou de visitar o palácio e dedicava todo seu tempo viajando por Antaris. Aos poucos o nome Atessa só era pronunciado por Lúcia e em seus momentos de delírio.

     Anandí a visitava em seu quarto uma vez ao dia, às vezes com muita pressa, então providenciou uma cuidadora para a amiga. Ela não se parecia em nada com a jovem que transformara sua vida e isso era desesperador. Mas Anandí tinha que prosseguir com suas obrigações, estava ciente disso.

     E um dia, ninguém mais se importou.

     E esse foi o dia em que Lúcia acordou, pouco antes da meia noite. Pegou sua mochila Gaiana, empoeirada no fundo do armário, roubou o Amuleto anil, chamou Lótus e tirou Salesh de seu berço.

     Era o último dia das passagens abertas.

     Lúcia partiu, levando a última alegria do palácio, para nunca mais voltar.


     Anandí abriu os olhos sorrindo, era a primeira vez que dormia a noite toda, sem interrupções com o choro de Salesh

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     Anandí abriu os olhos sorrindo, era a primeira vez que dormia a noite toda, sem interrupções com o choro de Salesh. Levantou-se e, descendo as escadas do mezanino, já pôde ver o berço vazio. Abriu imediatamente a porta para pedir ao guarda que chamasse Nita. Quando a governanta compareceu Anandí já estava vestida.

A Dinastia da GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora