A Dinastia da Guerra

Trinta e quatro: o fim da Dinastia

Vianei e Salesh saíram do portal e ficaram alguns minutos olhando ao redor até que sorriram ao avistar Áster, Kamal, Liam, Atessa e Madican. O menino correu para o encontro do pai e dessa vez não chorou.

Jadano os aguardava próximo aos portais, com seus flutuadores.

Ao retornarem ao palácio nenhum deles queria dormir, preferiram compartilhar suas histórias e tentar não pensar nos demais, que ainda não tinham retornado. Sentaram-se na sala das almofadas, com taças de vinho e conversaram até os sóis nascerem, quando, já esgotados, foram obrigados a descansar.

Depois que Salesh e Vianei contaram tudo o que havia acontecido em Gaia e depois que Madican e Jadano responderam mais perguntas sobre a Condraria, foi a vez de Liam e Atessa contarem suas batalhas. Mas antes que iniciasse o relato, Salesh estendeu a mão e segurou a de Atessa:

– Eu sei.

A garota concordou com a cabeça.

– O que? Você? – Kamal e os demais desconfiaram – Também?

– Sim... – Atessa respondeu enquanto encarava os bordados de sua própria luva – Eu absorvi o Senhor da Guerra de Natemi.

– E eles não podem... Conversar, sei lá? – Vianei apontava para as duas, esperando que convulsões acontecessem a qualquer momento.

– Pelo visto não, já que os dois estão presos. – Salesh não sentia nada de diferente.

– De qualquer forma... É sempre bom estarmos alertas.

– Sim... Mas prossigam com relato...

Liam iniciou:

– Natemi é uma dimensão incrível, para dizer o mínimo. Possui uma tecnologia tão avançada que parece estar a milênios no futuro. A saída do portal dava num beco escuro, em meio a diversas construções de pedra, de alturas diferentes. Os guardiões de Natemi já nos aguardavam com trajes típicos do lugar, para que não chamássemos atenção. O ambiente, o céu e até os trajes por lá são bastantes escuros e cinzentos e nas áreas em que circulamos não havia qualquer vegetação. Era estranho, mas eles não parecem achar ruim. Eles têm máquinas para tudo o que vocês podem imaginar: fazer comida, se comunicar, construir prédios... Assim as pessoas têm tempo para o que realmente importa: conviver, fazer exercícios, estudar... Só que, claro, toda essa tecnologia também facilitou a guerra... Eles também possuem máquinas imensas e destruidoras. Enquanto estivemos lá tivemos que nos mudar duas vezes, pois as cidades foram sendo dizimadas. Tivemos medo inclusive que a entrada do portal tivesse sido destruída ou fechada... Mas ela ainda está lá, em meio aos destroços.

Quando Liam parou de falar por alguns instantes relembrando o que haviam presenciado, Madican continuou:

– Os Guardiões de Natemi não usam nenhum tipo de magia, mas sabem usar muito bem os recursos que têm. São pessoas extremamente inteligentes e fazem parte de um grupo comandado pelo governo. Em Natemi a guerra não é entre cidades ou nações, mas sim entre raças que estão espalhadas por toda a dimensão. Nós sequer conseguimos entender a complexidade das diferenças e dos motivos. O fato é que, com a utilização de aparelhos voadores de transporte nós chegamos ao local em que o Senhor da Guerra se encontrava. A luta, mesmo com tudo o que eles possuem levou horas porque o inimigo também possuía suas máquinas e nós praticamente não o vimos. Eu e Atessa achávamos que estávamos seguros, dentro de um dos aparelhos...

– E eu usava, inutilmente, meus poderes. – Liam completou – Mas aos poucos o exército de máquinas do Senhor da Guerra foi sendo derrubado e nós estávamos seguros de que iriamos vencer... Mas... Eu não sei explicar o que aconteceu... Atessa, continue você...