A Dinastia da Guerra

Dezesseis: o ataque ao palácio

     Era a semana entre o Natal e o ano novo de Gaia e Salesh havia combinado que passaria aqueles dias com seu pai. Mas Madrini apareceu de supetão numa noite, sem sequer telefonar antes.

     – Nós temos que ir. – Ela disse assim que Salesh atendeu a porta.

     – O que foi?

     – Sua mãe foi sequestrada pela Dinastia.

     – O que?! – Salesh gritou em resposta.

     Rapidamente deu qualquer desculpa ao pai e entrou no carro com Madrini.

     – Mas como?!

     – Eu não sei ao certo, eu não estava no palácio quando aconteceu, estava com meus pais. Mas a Dinastia chegou à Cidade Imperial.

     – Ela não pode ser morta! O feitiço...

     – Sim! Acho que por isso ela foi sequestrada... Se não fosse isso...– Madrini sacudiu a cabeça e limpou uma lágrima.

     Salesh seguiu todo o caminho calada, até o palácio. Ela não poderia perder Anandí também, precisava de mais tempo... Elas tinham acabado de se conhecer.

     No palácio havia soldados por todos os lados, era a primeira vez que Salesh via as tropas de Sarati: eles usavam túnicas cor de vinho, com uma faixa branca na cintura e boinas brancas também. Pra ela parecia que eles eram apenas peças de decoração e não guerreiros de verdade. Os guardiões, juntamente com Madican, sua família e os moradores do palácio, estavam todos reunidos no hall de entrada e olharam para Salesh com o mesmo olhar de pena que as pessoas a olhavam em Gaia depois que Lúcia tinha morrido.

     – Pra onde a gente vai agora? – Salesh tentou gritar, mas sua voz falhou.

     – Encontrar Datemis. – Noah respondeu – Nita estava aqui quando...

     A princesa arregalou os olhos:

     – Cadê ela?

     – Na sala das almofadas, se acalmando...

     Ela correu e entrou afobada no lugar, Nita estava sentada, tremendo, cercada por três outras criadas. Salesh se agachou na frente da senhora e segurou suas mãos:

     – Você tá bem?

     As lágrimas desciam pelo rosto de Nita, ela tinha um olho roxo e o braço direito esfolado.

     – Sua mãe...

     – Como foi?

     – Ouvi gritos e corri... Mas Anandí já estava sendo levada por uma mulher vestida de cinza... Todos os soldados estavam imobilizados... Eu vi que a mulher feriu sua mãe... E havia sangue, mas, ela não pode morrer... Ela está protegida!

     – Sim, sim, ela está... – Salesh tentou sorrir.

     – Acho que ela subestimou o poder da Dinastia...

     Salesh concordou com a cabeça e deixou que Nita continuasse:

     – E eu tentei... – a senhora começava a soluçar – Ela só não me matou porque queria que eu desse um recado...

     – Pros guardiões?

     – Isso... Eu já contei pros outros, mas posso repetir pra você.

     – Repete sim, por favor...

     – A mulher, Tielana, disse que já que não era possível... Matar... A imperatriz... Ela seria levada pra que Datemis mesma pudesse fazer isso...