Vinte e dois: a reapresentação

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Anandí estava planejando um baile para a reapresentação de Salesh como princesa já há muitos dias e foi uma das primeiras coisas que lhe disse. Então Salesh havia decidido que no dia seguinte ao baile, contaria a todos sobre a mensagem de Pérola. Se é que eles já não estavam escondendo dela algum conflito também.

Um dia antes do baile, Madrini e Salesh foram a feira livre comprar alguns enfeites para a festa. Salesh colocou sua peruca branca e um par de luvas e ficou se olhando um longo tempo no espelho, concluindo que tinha sentido saudades daquela imagem.

Andaram durante quase uma hora por entre as barracas e as pessoas. Alí vendia-se basicamente joias, luvas, trajes, lustres e todo tipo de enfeite.

– Olha que pedras lindas! – Salesh apontou para uma barraca e correu na frente.

– A senhorita tem bom gosto. – Um rapaz de cabelos azuis as atendeu.

Ela sorriu:

– Oi, eu sou a Salesh.

– Igual ao o nome da princesa desaparecida?

– E o seu nome? – ela ignorou a pergunta.

– Rudin.

– Pois bem Rudin, o que você tem de diferente para mim?

Ele abriu uma pequena caixa com um par de brincos brancos:

– Estes são de longe, muito longe.

– Muito bonitos, vou levar.

Outra vez trocaram sorrisos e as duas se afastaram.

– O que foi isso? – Madrini fez menção à barraca que tinha ficado para trás, divertida.

– Hum?

– Você e o comerciante! Trocando olhares!

– E o que tem?

– E o Noah?

– Você sabe que não podemos.

– Que não podem o que! Aquela mulher de Paradísia estava maluca. Se Datemis ressurgir, aí eu começo a ficar preocupada. Até lá...

– Até lá, vamos comprar uns vestidos! – Salesh sorriu e a puxou para outra barraca.

Na tarde seguinte, Anandí e Salesh participaram do ritual religioso com os nobres do Conselho, no Santuário que ficava dentro do palácio. Em sua última visita Salesh tinha entrado apenas uma vez no lugar: um salão redondo com arcos em alto relevo em todo o entorno e, dentro de cada arco, a pintura de um dos Deuses. Havia quatro portas e as paredes eram de um azul pálido. As cadeiras eram também dispostas em círculos, viradas para os arcos. Não havia um ponto central e a pregadora que conduziu a cerimônia andava por todo o espaço do santuário. Salesh não entendia quase nada do que significava tudo aquilo, então apenas imitou a mãe e, para sua alegria, o ritual todo durou pouco mais de meia hora. Ela não era religiosa em Gaia e não tinha a menor intensão de ser em Antaris.

No início da noite, no quarto de Salesh, estavam também Madrini, Raíza e Anandí, todas falantes e risonhas, se preparando para o baile.

Apenas duas pessoas de cada cidade de Antaris haviam sido convidadas e eles esperavam que o jardim fosse suficiente para tanta gente. De dentro do quarto já conseguiam ouvir as harpas. Fariam uma refeição no salão oval, com o Conselho, cujos idosos Salesh estava começando a conhecer, e depois sairiam para o jardim onde o baile começaria após um discurso de Anandí, é claro. Kamal prometera dançar a noite toda com Madrini, por isso ela passou a maior parte do tempo calçando e descalçando sapatilhas, em busca da mais confortável.

A Dinastia da GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora