Vinte e oito: a última batalha contra ela

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Na primeira noite dormiram na vivenda de um aliado em Fasquim e, pela manhã, Salesh levantou-se decidida. Cutucou Noah que dormia na outra ponta do quarto coletivo.

– Já vamos? – ele despertou estremecendo.

– Não. – ela falou baixo – Eu quero falar com você.

Ele se levantou, esfregando os olhos:

– Claro, alteza.

– Não me chame assim! – ela torceu o nariz enquanto se encaminhavam para a cozinha.

– Claro, menina.

– Nem assim ou você já sabe... – ela riu.

Após Noah sair do toalete, ela lhe estendeu uma xícara com chá e pegou outra, deu um gole e disse de uma vez:

– Eu pedi a Alma que me desse duas fitas prateadas pra eu fazer a promessa com você.

Ele a encarou divertido, bebeu um longo gole do chá e respondeu:

– E quem disse que eu quero fazer a promessa com você?

– Ah... – Salesh colocou a xícara em cima da pequena mesa – Tá bom então, esquece o que eu disse. – E se virou para pegar um biscoito.

Noah continuou sorrindo e a segurou pelo pulso antes que ela terminasse de se virar:

– É sério mesmo que você não vai protestar? Que você acha que eu não quero fazer a promessa com você?

– Ah eu, não sei... – ela levantou os olhos e o encarou.

– E você quer fazer isso mesmo com a tal Pérola lhe dizendo que nós não deveríamos ficar juntos?

– Acho que o que eu queria na época em que te contei sobre a mensagem e não soube explicar é que nós dois estando cientes do que pode acontecer, podemos nos prevenir, podemos ir com calma... Mas nunca mais apareceu uma boa hora para conversarmos... E Rudin e Blenda e minha mãe... E...

– E você ainda quer ficar comigo? – ele se aproximou mais dela, soltando-lhe o pulso.

– Quero. E você, quer?

– E você acha que a promessa seria o que deixaria claro pra nós dois que nós pretendemos ficar juntos, com calma? Não importando o que possa acontecer? – ele passou os braços em torno de sua cintura.

– Você não respondeu a minha pergunta. – Ela murmurou e colocou as mãos em torno do pescoço de Noah. As bocas ficaram a centímetros de distância.

– Quero.

– Acho.

Eles responderam quase ao mesmo tempo e esboçaram sorrisos. Noah encostou suavemente a boca nos lábios de Salesh e ela ficou na ponta dos pés, para que eles finalmente se beijassem.

Ele deu dois passos, pressionando-a contra uma das paredes. Era tudo o que desejavam há muito tempo, não importava que o universo estivesse em guerra.

Afastaram os lábios, ofegantes, e tiveram que se separar atrapalhados ao ouvirem o movimento dos guardiões se levantando no quarto ao lado.

– Te espero hoje à noite. – Ele avisou quando se sentaram à mesa com as xicaras de chá novamente.

– Tá...

Os guardiões flutuaram a toda velocidade naquele segundo dia, pois precisavam chegar logo a Fortaleza e, se tudo desse certo, sem pararem para comer, alcançariam o local na manhã do terceiro dia. Salesh e Noah viajaram lado a lado conversando o tempo todo. Ela se sentia culpada por estar feliz em meio a uma guerra, em meio a uma viagem para mais uma batalha com Datemis, mas não conseguia evitar olhar para Noah e sorrir.

A Dinastia da GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora