Ainda sem conseguir dormir direito, Noah subiu no flutuador de Salesh e foi até o Lago do Mel. Passou algumas horas sentado embaixo da macieira, sem saber o que faria da sua própria vida. Ele deveria voltar a Sarati para se ocupar, mas estar no palácio, com as coisas de Salesh, era o que ele queria por enquanto. Adormeceu por alguns minutos e foi acordado por um menino de cabelos laranja. Lembrou-se de Datemis e se levantou num único movimento, já com as mãos próximas a adaga que carregava.
– Ei! – o menino deu dois passos para trás.
– Desculpa! – Noah soltou o ar e relaxou os braços, reconhecendo um dos ajudantes do restaurante de Alma.
– Sua avó pediu pra te chamar.
– Pra que? Ela que não venha com aquele papo de Novo Império de novo...
– Sei lá... Ela só disse que era importante e que eu não deveria voltar sem você.
– Tá... Eu vou, eu vou!
Alma abriu a porta dos fundos e abraçou o rapaz. Assim que sentiu os braços da sorridente senhora, ele fechou os olhos e começou a soluçar.
– Ô filho, não precisa ficar assim. – de repente ele parecia novamente a criança que brincava de espadas com os talheres daquela cozinha.
Ele se afastou devagar, a encarou e, antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, começou a falar cada vez mais alto, entre lágrimas impossíveis de controlar:
– Ela morreu Vó! E nem deu tempo de nada! E aquela tal de Pérola que mandou aquela mensagem? Por que não a avisou? Isso ela não previu não é? E como eu vou ser um guardião agora? Eu não guardo nada, não guardo ninguém! Não protegi Anandí e não protegi Salesh! E eu a amava Vó! Eu amava a Salesh!
E se largou num dos bancos com as mãos no rosto.
Alma caminhou devagar e abriu uma das portas do cômodo:
– Eu acho que nunca te vi gritar assim!
Noah saltou tremendo ao ouvir a voz fraca de Salesh.
– O que? – e parou de falar, desacreditando do que via. Ela estava lá, na sua frente, com diversos curativos, com a boca esbranquiçada e olheiras fundas, vestindo uma túnica duas vezes maior que ela e com os cabelos novamente pretos. Mas era sim a sua Salesh.
Noah começou a caminhar devagar na direção dela sorrindo e depois gargalhando. Envolveu-a num abraço forte, mas soltou quando ouviu um gemido. Ela mal tinha forças para passar os braços em torno dele. Ele se afastou um pouco e colocou as mãos no rosto dela.
– Oi! – Noah sorria como nunca.
– Eu te amo também... Zaynoah. – Ela deu um leve sorriso em resposta e se desequilibrou, ele a segurou pelo braço:
– Você está bem?
– Eu vou ficar...
– Quer que eu te coloque em alguma cama?
– Eu quero ir pra casa... Para o palácio.
– Eu vou pedir pra chamarem uma carroça... – Alma os deixou a sós.
Noah não conseguia deixar de olhar para Salesh:
– Como? Onde...
– Quando voltarmos ao palácio eu conto, uma única e última vez, tudo bem?
– Como você quiser.
Ela pegou a mão dele e levou aos lábios, para um beijo suave, bem na linha entre a luva e o pulso.
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A Dinastia da Guerra
FantasyAnandí é uma jovem curiosa com as lendas, com os outros mundos e com as pessoas. Ela vai conhecer isso e muito mais quando sair de sua dimensão pela primeira vez. E Salesh, sua descendente e uma híbrida, será uma guerreira crucial na batalha contra...