Dezenove: não era o fim

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     Enquanto os representantes do Conselho discutiam política na sala de reuniões, os guardiões, além de Madican e Anandí, se acumulavam em torno da cama de Madrini. Stockeler e Kamal se revezavam observando-a dia e noite. Três dias depois da cirurgia, ela abriu os olhos e finalmente todos conseguiram conversar aliviados. Salesh ficaria com uma cicatriz e Noah com algumas manchas pelo corpo por alguns dias, mas as curandeiras tinham feito um excelente trabalho.

     – Eu me esqueci de muita coisa, não sei como me envolvi com aquilo. – Stockeler tentava se explicar.

     – O que importa é que você está aqui! – Madrini não soltava sua mão – Temos que voltar para casa o quanto antes, nossos pais ficarão extasiados.

     – Você não se levantará dessa cama tão cedo. – Anandí a censurou – Mandei buscá-los e eles devem chegar ainda hoje.

     – Obrigada.

     – Então, das três pessoas desaparecidas, só falta uma ser encontrada.

     – Agora só falta Atessa. – Madican suspirou.

     – Atessa?! – Stockeler se sobressaltou e depois sorriu – Eu acho que eu posso ajudar.


Mesmo depois de seu braço estar curado Salesh não treinava e quase não deixava Anandí sozinha

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Mesmo depois de seu braço estar curado Salesh não treinava e quase não deixava Anandí sozinha. Madrini e Noah haviam tentado conversar com ela, mas as respostas eram cada vez mais reticentes.

     Faltavam dois dias para os portais se fecharem, quando a imperatriz decidiu ela própria tomar uma decisão.

     – Eu acho que você deveria voltar para Gaia. – ela disse durante uma refeição, enquanto as lágrimas lhe desciam pelo rosto.

     – O que?! – Salesh se virou franzindo a testa.

     – Você não está feliz aqui. Está assustada e não se afasta de mim um minuto.

     – Bom, me desculpe se adolescentes são acostumadas com mortes e guerras aqui nesta dimensão. Na minha não somos. E queremos sim ficar perto dos nossos pais e mães depois de uma situação de violência.

     – Você quer dizer que no seu país não são acostumadas com essa violência, não é? Porque eu sei que há lugares em que...

     Salesh olhou irritada para Anandí e ela se calou.

     Alguns segundos depois Salesh cobriu o rosto com as próprias mãos e começou a soluçar, chorando pela primeira vez desde a morte de Lúcia.

     Anandí se levantou, contornou a mesa e se sentou ao lado da filha, passando o braço em torno de seus ombros.

     – Eu não sei o que fazer... Eu não sei o que eu quero... – Salesh finalmente disse baixinho. – Quando lutamos com Datemis ela disse que "eles" não teriam que me caçar, porque eu já estava lá. Há mais senhoras da guerra? Alguém virá me sequestrar?

A Dinastia da GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora