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*Esteban

   Acordei com Manoel gritando que tinha sumido seu estojo com seus lápis. Abri os olhos devagar e vi a figura magra andando de um lado para o outro procurando a merda do estojo. Por Deus, ele estava perdendo peso muito rápido de novo. Já tinha tentado de todas as formas o ajudar com isso, mas ele sempre voltava a fazer, assim como eu sempre voltava para as drogas. 

-Achei. -Dustin falou entregando. -Você deixou debaixo da cama junto com mais um monte de coisas. 

-Não fale do meu armário.  

-Aquilo definitivamente não é um armário.  

-Bom dia. -resmunguei. 

-Não vai levantar? -Dustin se sentou em cima das minhas costas.  

-Com você jogado em cima de mim fica difícil. 

-É para te acordar mais. -ele se levantou. -Tem dez minutos para ficar pronto.  

-Dez? Que horas são? -me levantei tão rápido que minha pressão pareceu cair, e eu fui obrigado a contar até dez pra dar tempo de descobrir se eu desmaiava ou ficava de boa. Fiquei de boa. 

-São oito e cinquenta. 

-Porra porque não me acordaram? -corri para o banheiro.  

-Você nunca chega na hora mesmo. -ouvi Manoel falar. 

-É claro, e você chega né melhor aluno?! -falei saindo enquanto escovava os dentes.  

-As vezes sim. -ele deu de ombros. 

-É, quando consegue levantar da cama. -Dustin riu dele.  

-A Rosalía voltou, não vou mais fazer esse tipo de coisa. -ele se defendeu.  

-Ata! -respondi. -Agora vai ser você e ela sem levantar da cama. 

   Minha irmã nunca foi um exemplo quando o assunto era responsabilidade. Ela sempre se atrasava para as aulas de balé, e para mim era uma surpresa que tivesse sido aceita na academia, já que por seus atrasos era obrigada a voltar para casa e perder o dia de aula.

-Ah cala a boca e troca de roupa! E outra, eu não to nem falando com você! -ele jogava de forma desorganizada as suas coisas na mochila.

-Cala a boca seu merda tá doido pra dormir agarradinho comigo! -as vezes eu queria conseguir controlar o que eu digo, pensava enquanto via Manoel me encarando do outro lado do quarto.

-E aí vocês tem quantos anos mesmo? Vinte? Porque estão parecendo dois garotos de doze. -Dustin revirou o olho.

-Ele sabe que eu amo ele. -eu sorri e mandei um beijo para Manoel que segurou a vontade de sorrir e virou o rosto para não olhar pra mim.  

-Eu te odeio seu fodido. -ele falou finalmente sorrindo.  

-Eu já pedi desculpas. -falei tão baixo, que  pensei que ele não ouviria. 

-Me desculpa também, eu sei que fiz merda. -ele respondeu. Queria saber por qual das merdas ele estava se desculpando. 

-Então agora eu posso voltar a dormir de conchinha com você no frio? -brinquei o abraçando.

-Sai seu filho da puta agora sua irmã tá aqui! -ele riu me empurrando e eu também ri, embora aquilo não fosse uma piada.

-Vocês dois são demais! -Dustin nos empurrou para fora do quarto. -Vamos para aula logo seus otários!  

-O que vão fazer depois da aula? -perguntei.  

-Transar com a sua irmã. -Manoel falou e eu revirei o olho, nojo. 

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