Vício

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Hola! Vim aqui rapidinho no início do capítulo dar uma sugestão. Enquanto estiverem lendo o Manoel narrando, a experiência fica ainda mais interessante ouvindo essa música. Eu vou deixar um asterisco (*) na parte onde vocês podem dar o play.

Boa leitura!

*Manoel

   Eu estava morrendo de raiva do Santiago, mas não pude fazer nada. No fundo ele estava um pouco certo, e eu era obrigado a admitir. Então fui para os fundos da cafeteria e comecei a chorar escondido. Eu nunca usei o Esteban, mas sabia que tinha errado feio com ele. Eu estraguei tudo entre nós, tudo porque tive medo do que sentia por ele. Ele era homem, igual a mim... que dizer, eu não gostava de homens, só de mulheres e tudo de repente estava tão confuso. Mas sempre parecia certo quando eu estava perto dele, era como se aquele fosse o lugar que ele pertencia, ao meu lado, e eu ao lado dele. Mas na primeira oportunidade eu o magoei, e depois disso só foi ladeira abaixo. Tantas promessas descumpridas e tantas mentiras apenas para não admitir que eu gostava dele de verdade, só pra me proteger de algo que só me fazia bem. E agora ele estava com a Angelina e também tinha o babaca do Santiago atrás dele. Inferno.

   Eu odiei o Santiago assim que pus os olhos nele, eu sabia que não podia confiar nele e eu estava certo. Sempre rodeando o Esteban dizendo que era só seu amigo mas só queria mesmo era roubá-lo de mim. Mas meu era algo que ele não era há muito tempo. Tanto tempo se beijando e agora olhamos nos olhos um do outro e nos chamamos de amigos. Patético. E eu todo dia lembrava que o único culpado disso tudo foi eu, se não fosse a minha estupidez ele não teria parado nas mãos erradas. Não teria se jogado no fundo do poço. Mais lágrimas idiotas desciam pelo meu rosto. Eu querendo me meter entre ele e Santiago, mas como será que ele se sente toda vez que vê que a irmã dele está comigo e esperando um bebê? Imbecil, imbecil, imbecil. Eu não merecia o Esteban, nunca mereci. Era por isso que ele estava com a Angelina agora e eu com sua irmã. Talvez eu não deveria ter deixado o ciúme falar mais alto e mostrar para Esteban o que eu sentia. Eu não devia. Devia ter me controlado. Maldita festa, maldita cerveja, maldita boca, maldito beijo... o beijo.

Eu tô fodido.

   Eu não ia estragar tudo de novo. Não dessa vez. Eu ia mostrar que estou bem, eu tenho um emprego, vou me casar com a garota mais incrível que cruzou meu caminho e também vou ser pai. Eu não vou ferrar com tudo. Quanto mais cedo eu aceitasse que o Esteban era passado, mais cedo conseguiria superar.

   Então me recompus e voltei para dentro da cafeteria fingindo que nada havia acontecido.

*Nada deveria ter acontecido.

  O resto da noite foi pacata e até que passou rápido. Eu estava morrendo de vergonha de ver Esteban, então ao invés de ir para o dormitório fui para a fraternidade, eu precisava ficar sozinho um pouco. Tranquei a porta do quarto e fui no meu armário e peguei a garrafa que estava escondida, tirei o lacre e comecei a beber. Maldito Santiago. Agora eu achava que ter vindo para cá foi uma péssima ideia. Sentado no chão, era como se eu pudesse ver Esteban atravessando a porta e perguntando se eu estou bem. Toca David Guetta bem alto lá embaixo e quase que não o ouço. Então ele fecha a porta. Ele estava lindo. Ele se aproxima ainda mais e eu começo a dar indícios que quero ele. Então cansado de esperar, então sou eu quem parto para cima e o beijo.

   Uma vez feito, não dava para voltar atrás.

   Nossas roupas se misturaram no chão assim como o nosso cheiro, e a única coisa que eu conseguia pensar era por que demorei tanto tempo. Quando acabou o deixei dormir, levantei para fumar meu cigarro e fiquei o admirando. Foi a melhor tela que eu já pintei, a melhor poesia que criei e o melhor desenho que desenhei. Era ele.