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*Rosalía

   Algo arenoso estava grudado no meu rosto. Me mexi e senti que tinha alguém abraçado comigo, também sentia minha cabeça latejar. Abri o olho devagar, o brilho do sol quase me cegando. Quando me acostumei com a luz, vi o mar, isso explicava o som de ondas. Ao meu lado, Manoel estava completamente apagado, todo coberto de areia.

-Manoel, acorda! -o balancei.

-Bom dia princesa. -ele sorriu para mim com os olhos semi abertos.

-A gente dormiu ma praia. -eu ri. Era esse tipo de aventura que esperava vindo para  cá. -Meu Deus eu bebi muito!

-Nós dois. -ele se levantou e começou a limpar a roupa dele.

-Onde será que as meninas dormiram? -perguntei assim que senti a chave no meu bolso junto com o celular.

-Ah, e você ainda me pergunta? -Manoel riu enquanto colocava o cigarro na boca.

-Duvido muito que elas cederiam tão fácil, eu conheço minha tribo! -falei enquanto digitava a mensagem para Angel.

-Esteban deve ter dado um trato daqueles nela!

-Acho mais fácil ela ter dado um trato daqueles nele! -lembrei de alguns casos da Angel.

-Que tal comermos algo antes de ir? -ele me estendeu a mão.

-Por mim tudo bem.

   Fomos a lanchonete que tinha perto do campus, para ser mais exata entre a praia e o campus da academia. Fizemos nossos pedidos e ficamos conversando sobre o nosso futuro, começamos a fazer planos para nós dois, era bom estar com ele de novo. Apesar de sua aparência não estar das melhores, seu sorriso era verdadeiro, e me fazia muito bem. O brilho nos seus olhos era intenso, o jeito como falava... Sempre empolgado. Era o Manoel de sempre. Aquilo era o pra sempre que eu tanto sonhava.

-Eu te amo. -falei segurando sua mão.

-Eu também. -ele deu um beijo na minha mão. -Eu quero muito que tudo dê certo daqui pra frente.

-Eu também. -respondi com o rosto encostado em nossas mãos. Observei ele e suas olheiras em seu rosto que estava começando a ficar ossudo. Eu continuava tentando ignorar.

-Eu estou vendo se consigo um trabalho na mecânica que tem aqui perto, se eu conseguir quero juntar dinheiro para termos nosso próprio apartamento. Mesmo que seja pequeno, só quero ter um canto só nosso.

-Eu gosto da ideia. Eu posso tentar arrumar algo para ajudar e ser o mais rápido possível! -falei animada com a ideia.

-Isso seria incrível.

   Ele voltou a comer seu lanche de um jeito devagar e tirando algumas coisas, o que me incomodou um pouco. Era triste ele ser incapaz de perceber que estava ficando mal por causa do que fazia, eu temia que um dia ele finalmente conseguisse se matar com isso. Mas eu continuei a fingir não ver por alguns segundos, eu sabia que acabaríamos em uma briga, e ele diria para mim que estava bem, porque era assim que ele agia. Ele também fingia não ver. Eu aproveitei o assunto morrer para perguntar outra coisa, se ficasse pensando demais naquilo acabaria falando alguma hora.

-Manoel, eu queria saber quando você vai visitar sua mãe? -assim que terminei de falar ele ficou sério e eu diminuí meu tom de voz. -Ela sente sua falta. Esperava te ver nas férias.

-Eu sei. Mas não vou para casa enquanto aquele canalha estiver lá. -ele deixou seu prato de lado praticamente intocado.

-Julie me contou que eles tiveram uma briga e ele foi embora. -peguei uma batata e comi.

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