LIES

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KIM NAMJOON ODIAVA MENTIR.

Embora não fosse totalmente ruim em fingir que estava dizendo a verdade, não gostava do sentimento que pairava no seu peito depois.

Mas quando seu pai perguntou-lhe no outro dia se a noite havia sido boa, se sentiu o máximo quando falou que sim, pai. A noite foi boa.

Porque transar com Park Jimin certamente teria nomenclaturas melhores, mas boa encaixava também.

Naquela madrugada, em algum momento da discussão que sua mente travava contra si mesmo sobre ir embora ou não, Namjoon caiu no sono no sofá de Park Jimin, o mesmo onde havia gozado tão gloriosamente há apenas algumas horas.

Acordou com barulhos na cozinha, e finalmente desencrespando os olhos, observou Park passando café, também sonolento. E, sinceramente, a imagem relaxada do rapaz quase o fez querer beijá-lo de novo. Ah, porra, definitivamente aquela visão lhe dava vontade de enchê-lo de amassos novamente. Quem Namjoon queria enganar?

Jimin parecia tão bonito daquele jeito: seus olhos estavam um tantinho mais inchados, entreabertos. Os cabelos escuros iam em todas as direções. Uma das mãos repousava nas costas desnudas (ele vestia só uma bermuda de tactel agora) e as coçava delicadamente, enquanto a outra derrubava a água quente no filtro de café.

Aquela era uma daquelas cenas que, com toda certeza, Namjoon nunca imaginou que fosse ter o prazer de ver. Mas via e lhe enchia os olhos e o peito do mais tenro vermelho, uma variação que nunca tinha visto antes.

Naquele momento o Kim percebeu que sim, ele era preenchido de vermelho. E embora esse vermelho estivesse constantemente indo de encontro ao cinza putrefeito que lhe preenchia, agora existia um novo nuance.

Achava que sempre estaria preenchido dessas cores e agora via que tinha razão. Porque pra Namjoon, as cores eram como os sentimentos, era assim que as traduzia. Você vê cores mas, realmente, elas estão ali? Embora você toque em uma pétala de rosa, outra pessoa pode enxergar uma cor completamente diferente.

Quem está certo, no entanto?

Sentimentos também são intocáveis. Namjoon poderia quebrar tudo o que visse pela frente por um momento, visto que não realmente enxergava. Mas podia fazê-lo, pois o seu distúrbio provocava-o dessa forma. Mas ainda que partisse o mundo em dois, ainda não teria alcançado o sentimento que preenchia seu peito.

Poderia estar com os punhos manchados do mais vivido vermelho sangue, mas ainda assim não podia tocar o vermelho que o corroía. Toda a sua raiva e de onde ela vinha continuava ali, abstrata. Como as cores.

Já em casa, Kim chegou à uma conclusão. Bem, não tinha mentido para o pai. Tinha omitido a verdade completa, mas a noite realmente fora boa e Namjoon sentia que podia produzir 50 músicas com essa energia.

De fato, criou melodia pra duas. E letra pra uma delas. Mas teve que parar porque a loja precisava dele, e seu pai sequer sabia da existência das suas criações. Como poderia usar seu fluxo criativo que pulsava depois de trepar com um cara? É, bem, não podia. Mesmo que aquele cara fosse Jimin.

O tempo parecia rodar em uma velocidade diferente, como se estivesse em outra realidade. E era excruciante pra Namjoon passar mais tempo sem tocar naquela porcaria de GarageBand, bem como era tão fodido quanto a saudade que já sentia do rapaz cujo do cheiro ainda parecia marcado, mesmo depois de um banho.

Assim que o relógio marcou a hora certa, Namjoon já estava baixando os portões da The Kimgs. Subiu as escadas o mais rápido possível, chegando no seu quarto quase como um foguete.

Não esperava, mas ali estava seu pai, o pote de comprimidos na mão, o conteúdo despejado sobre um pequeno prato, fazendo... contas. Contando pra ver se Namjoon estava tomando seus remédios corretamente, se drogando, traficando ou pretendendo se suicidar.

bluequarantine {minjoon}Onde histórias criam vida. Descubra agora