COMFY

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KIM NAMJOON ODIAVA KIM TAEHYUNG.

Mentira. Isso era só meia verdade.

Kim Taehyung sempre tirava Namjoon da sua zona de conforto e talvez isso lhe assustasse o suficiente pra agir como se simplesmente não gostasse do rapaz.

Tinha sido por causa dele, afinal, que tinha descoberto quem era o rosto por trás dos quadros caóticos de Park Jimin. Taehyung e sua grande mania de arrastar o Kim pra qualquer rolê indie, era o que havia-o levado até uma exposição fedida próxima ao consultório de Namjoon. Tudo parecia girar em torno daquele lugar.

Se lembrava de tê-lo visto pela primeira vez de perto ali, no lugar pequeno e com iluminação precária, talvez intencionalmente, talvez não. Não tinha como saber. Só sabia que, de verdade, ele era lindo.

Fosse explicando sobre os seus quadros, da maneira engraçada que tinha de se mover, fosse simplesmente parado, observando os arredores com o olhar superior e as meias coloridas.

E fora ali que Namjoon vira que Park Jimin também era arte. Inesperadamente, como quando a gente troca de celular, Park Jimin estava em tudo. Antes daquela exposição, nunca tinha reparado em como ele morava literalmente na frente da sua casa. Mas agora, todos os dias ele estava lá.

Seu subconsciente lembrava-o de que horas Jimin saía e voltava, e sua cabeça se erguia automaticamente naquela direção.

Então, voltando à Kim Taehyung, ele não era odiado pelo primo. Só era um pouquinho inconveniente, mas gente boa.

Chegou na loja às 14h da tarde, o sorriso quadrado encantando uma das clientes que terminava de acertar a venda de alguns vinis com Namjoon.

— E aí, hyung! — exclamou de mochila nas costas, como um cachorrinho animado. — Sentiu minha falta?

Namjoon fez um som com a boca, de desgosto, e tornou a entregar o dinheiro para a garota, cuja ainda encarava o desgraçado do Kim mais novo. Ele era bonito como o inferno, sim. Chamava atenção de ambos os sexos e era simplesmente inevitável.

— 13,700 wons? — confirmou, dando dois toquinhos na madeira. — Não quer mais?

— Ah, desculpa — a menina murmurou sem graça, aceitando o dinheiro e se curvando para cada um dos garotos, abandonou a loja ainda balançada.

— Você é ruim para os negócios, Tae. — murmurou, se sentando no banquinho atrás do balcão. O garoto deu a volta na portinhola, se aproximando pra um pequeno abraço que Namjoon relutantemente contribuiu.

— Eu? Você que é rude, hyung. — respondeu depois, se encostando na bancada e dando de ombros.

— Você sabe que não precisa vir pra cá, né? — confirmou, olhando ao redor pra checar se o pai estava nas redondezas. Não estava, então continuou. — Vai passar a semana dormindo no chão, idiota.

— Na-na-ni-na-não. — negou Taehyung. — Eu vou passar a semana me divertindo na grande Seoul. Ya, é difícil ser um garoto do interior... não tem nada onde eu moro.

— Você sabe que o pai não deixa. — resmungou, pegando os três vinis que havia comprado da garota e analisando seu estado mais uma vez. Não tinha sido caro, mas de toda forma estavam bons.

— Ele não precisa saber, dã.

— Vai guardar suas coisas e me deixa trabalhar, sim? — resmungou rabugento, cumprimentando o novo cliente que passou pelas portas de vidro.

E Taehyung obedeceu.

De noite, no entanto, começou a insistência.

Namjoon tinha acabado de colocar os vasinhos pra dentro, e lá estava o insistente Kim Taehyung, vestido em roupas bonitas enquanto resmungava sobre ser um garoto do campo, sozinho e puro.

Claro, era impossível acreditar em qualquer palavra dele, visto que sabia quanto aquele traseiro já havia passado de plantação em plantação na sua cidade.

Ainda assim, era engraçadinho.

— Eu não posso sair pra beber, Tae. — disse em algum momento, olhando pela janela. Jimin não tinha passado hoje.

— Você pode tomar refrigerante. Ou água. Ou cerveja sem álcool.

— Tem isso no seu rancho?

— Seu senso de humor está cada vez pior.

Kim assentiu, se sentando na varanda e abrindo o notebook. — Não vai rolar, Tae. Se quiser sair eu te dou cobertura, mas não me inclui nessa, ok?

— Por que você é sempre tão chato, hyung? Você precisa sair um pouco, se divertir, arranjar alguém pra namorar, transar, sei lá Joon! Você faz a mesma coisa há anos. Não é bom quebrar a rotina?

— Se eu quebrar a rotina, eu posso acabar morto. Ou matando alguém. — respondeu contrariado, terminando de editar o título da faixa que finalizou há dois dias, dando o Ok pra upá-la.

— Posso ouvir dessa vez? — O Kim parecia interessado no notebook mequetrefe de Namjoon. — Se me deixar ouvir eu desisto de sair. Vai, Joon! Só uma vez.

O moreno revirou os olhos: — É porcaria. — e deu play na música, as mãos ansiosas.

— Qual o nome dessa? — questionou Taehyung, balançando a cabeça com as batidas iniciais da música.

— É em inglês.

— Dã.

— Se chama "i dont know the sound of your voice".

— Traduz.

— Ya, pra que pediu que eu dissesse então?! — Namjoon resmungou, recebendo um sorriso quadrado do primo. — Significa: eu não conheço o som da sua voz.

— Que profundo. Hyung, porque você não tenta ganhar dinheiro com isso?

E Namjoon teve que rir. Não era bom o suficiente. Não era nem mesmo bom, pra começo de conversa. Não quando existia um Agust D no Soundcloud. Kim nem mesmo se equiparava à ele, tanto em recursos como composições, arranjos.

— É sério! Talvez se a gente divulgar mais o seu perfil...

— Tae, não. Ok? Não.

O mais novo ergueu os braços em sinal de rendição. Se levantou em seguida, passando a desabotoar a camisa que vestia.

— Aliás, pra quem são suas músicas, Joon-hyung? Tipo, não conhece o som da voz de quem?

— Por que diabos tem que ter alguém?! Por que tudo tem que ter justificativa? — grunhiu, pausando a música. O upload estava pronto, então apenas confirmou a publicação da música. Se é que podia ser chamada de algo além de barulho.

— Jesus, tá bom! Vou tomar sorvete na loja de conveniência. Você quer? — Namjoon negou com a cabeça. — Esfria a cabeça, primo. — e vestindo um camiseta, saiu do quarto.

Revirando os olhos, Namjoon atualizou a página da nova música. Cerca de dez ouvintes... é.

Mas então notou um comentário, postado há 36 segundos.

vou mostrar essa pro j.

Dá pra imaginar quem tinha comentado, né? Aparentemente, Red Lips não deixaria o Kim em paz. E a mera menção de Jimin... ah. Ele não tinha chegado ainda. Olhou pela janela de novo, mas balançando a cabeça em negativa, manteve isso no fundo da sua mente. Esquece, Namjoon.

🌳

obrigada por lerem! desculpa se tá tudo kinda boringkkkkkkkkkk eu escrevo coisas chatas fazer o que (dá uma melhoradinha depois eu acho).

bluequarantine {minjoon}Onde histórias criam vida. Descubra agora