PEACH

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KIM NAMJOON AMAVA PÊSSEGOS.

Mas odiava seu celular. Não tinha relação nenhuma mas o ponto era que o telefone era a única coisa que podia culpar naquele momento. Era o único local para onde poderia transferir seu desprezo.

Se ele não tivesse botões tão alinhados e esteticamente bonitos, nunca teria compartillhado aquele link com Jimin. Claro que era isso! Porra, não tinha outra explicação.

Namjoon não era do tipo de pessoa que geraria confrontos desse tipo. Preferia morrer esperando do que perguntar pra Jimin o que significava pra si mesmo e... aquela música? Aquela música era exatamente isso.

Underwhere. A junção de Under, por baixo, e where, onde. Também brincava com a palavra underwear, já que tinha visto tudo e mais um pouco de Park Jimin. Mas sabe, a conclusão que Namjoon chegou depois de tudo isso foi simplesmente que não importa o quanto de alguém você houvesse visto fisicamente; a alma continuava sendo um mistério.

Os pensamentos, os motivos de Jimin: todos eram incógnitas para Namjoon. Posteriormente, ele gostaria de continuar sem entende-lo.

Namjoon percebeu então que precisava sair um pouco de casa. Entediado, tudo o que fazia ali era consultar seu celular e se encolher numa bola, nessa ordem, e aí fazer tudo de novo.

Era sábado, seu pai cobriria o turno na loja. E já fazia tempo desde a última vez que Namjoon havia assistido uma peça de teatro, ou uma exposição de quadros ou fotografias. Chegava à ser engraçado como seu subconsciente parecia achar que com "obra de arte", Park Jimin era o suficiente. Agonizou e sorriu diante dela e isso pareceu ser o suficiente pra fazer com que seu cérebro esquecesse por um tanto seus gostos.

Namjoon não apreciava a ideia de mudar porque está apaixonado por alguém. Mas essa mudança era tão sutil e intrínseca, que ele só se apercebera agora. De quão mesquinho seu coração era; de quanto de si se afogou em Park Jimin mesmo que não houvesse recebido autorização pra isso.

Deixando seu pai ciente de onde iria e quando voltava, Namjoon vestiu uma calça de sarja, bege, uma turtleneck preta, de um tecido de lã gostoso, e seu casaco novo, quente e grande. Até tentou ajeitar o cabelo, mas deu risada da própria idiotice e enfiou-o numa toca vermelha. Com suas botas gastas, numa cor suja de marrom, pegou seus pertences e caminhou até o ponto de ônibus.

Estava frio de verdade, então Namjoon caçou uma máscara pra cobrir o rosto nos bolsos, mas não havia nenhuma. Fez um som desgostoso com a boca, ciente de que tinha várias em casa, mas não prestara atenção suficiente pra se lembrar delas.

Do outro lado da rua havia uma loja de conveniência, então ainda um pouco emburrado o rapaz atravessou a rua pra comprar uma máscara.

A loja tinha cheiro de chiclete, e a iluminação era branca demais pro gosto de Namjoon. Até em casa, preferia uma lâmpada mais amarelada. Mas só ficaria ali por cinco minutos, então não tinha porque se incomodar tanto. Muitas coisas o incomodavam recentemente. E incomodavam muito.

Bem vindo! — o atendente disse. Era um garoto novo, provavelmente estava no ensino médio; as golas da camisa polo listrada que vestia estavam emboladas.

Kim fez uma pequena reverência, caminhando pro corredor das máscaras. Acabou escolhendo também um chá de pêssego. Era industrializado, mas estava quentinho. E não tinha cafeína, cuja Namjoon detestava.

Não gostava de coisas que lhe acelerassem, embora parte das suas músicas tivessem um fluxo desesperado. Gostava do que o deixava sereno, e era por isso que aproveitava maconha mesmo abominando outras drogas.

bluequarantine {minjoon}Onde histórias criam vida. Descubra agora