BLOOD

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KIM NAMJOON ODIAVA A COR VERMELHA.

Em bolos. Jimin havia escolhido um pedaço chamado Red Velvet Cake, dolorosa e artificialmente vermelho. O loiro se empolgou também com um grupo de kpop de mesmo nome (exceto pelo Cake no final. Mas Park o fez escutar Ice Cream Cake em seguida, então acabou misturando tudo depois).

Bem, o principal motivo pelo qual ele não gostava do bolo era que aquela era a última coisa feliz que se recordava daquele dia. Embora o bolo não tivesse nada com relação a tudo, se perguntou mais tarde naquele dia como Jimin conseguira comer seu pedaço com tanto gosto.

Namjoon pediu um bolo simples de chocolate. E enquanto esperavam, ali estavam os dois: as mãos brincando sob a mesa, os fones de ouvido sendo compartilhados e os tão doce quanto olhares que trocavam.

Sabe, Kim era ingênuo. Podia conhecer o suficiente do mundo, ter um QI alto, e ter ganhado uma bolsa na Universidade de Seoul, mas ainda assim pecava em escassez do mais simples: malicia.

E não era malícia sexual; dessa inclusive, entendia bastante, mas malícia do mundo. Falta de pegada. Olhos cegos mesmo com as chamas engolindo todo o ambiente.

E Jimin, ah... Jimin era muito entendido. Sabia exatamente o que estava acontecendo e muitas vezes era a própria quina que fazia o universo encaixotar.

Foi nesse momento em que Namjoon percebeu que queria entender. Que queria saber porque estavam ali, o que eram agora, por quanto tempo existiriam.

Abriu a boca pra perguntar, mas a garçonete se aproximara pra entregar o bolo do Kim. Sentiu o ímpeto de continuar falando, como se o tempo estivesse acabando. Como se o céu estivesse prestes a cair.

E mesmo que a funcionária estivesse escutando, perguntou em alto e bom som: — Jimin, o que nós somos agora?

Park parou a colher que levava até a boca no mesmo instante, demorando pra fechar a boca e afastar o talher até o prato novamente. A mulher deixou o bolo do Kim sobre a mesa, vermelha por ter escutado aquele ponto tão íntimo da conversa, e com uma curta reverência ela se afastou. Praticamente correndo.

Era o que Namjoon deveria ter feito.

Sabe, mesmo que a loja tivesse um agradável cheiro doce, iluminação apropriada e chás orgânicos, nada ali parecia tão perfeito quanto aparentava. Ver o seu reflexo nos olhos agitados de Jimin havia lhe mostrado a verdade.

— Eu não... achei que fosse perguntar — o loiro disse, afastando o bolo. O moreno também já não tinha nenhum apetite. — Olha, Joon, eu acho que é muito cedo pra-

— Não estou te pedindo em namoro, Jimin — murmurou, afastando a mão da do menor, ainda sob os tecidos rosados que cobriam a mesa de madeira. Aquele não era Namjoon. Ele não tinha respostas na ponta da língua ou era debochado. Não era sua natureza.

Então, não sabia quem tinha se apossado dele agora.

— Eu sei — Jimin desdenhou, ficando na defensiva, e cruzou os braços. — Mas eu não sei o que somos, Joon. Eu realmente... realmente não sei.

— Ok. — Namjoon ficou quieto, pegando sua colher, e destacou um pedaço do bolo. Colocou a colher na boca, sob o olhar atento de Jimin, que surpreendentemente não tinha culpa na sua expressão. Parecia quase vazio.

Provou do bolo: doce, tenro, e macio. Como Jimin. Como ele achava que Jimin era.

Em poucos minutos o doce se transformou no mais apático possível, amargo-papelão. Nunca imaginou quanto os outro sentidos pudessem afetar o paladar, mas agora tinha certeza. Quando Redlips atravessou s porta da loja de bolos, estragando tudo com seu perfume sensual, todo o resto perdeu o gosto pra Namjoon.

bluequarantine {minjoon}Onde histórias criam vida. Descubra agora