KIM NAMJOON ODIAVA O CENTRO DE SEOUL.
Considerando que aquele era o único lugar fora a sua residência que ele verdadeiramente frequentava, Kim se sentia no direito de odiar a região.
Existia a parte rica, e a parte verdadeiramente pobre. Quando Namjoon descia do metrô, ele caía diretamente na parte bonita, na parte de fachada. Mas como estava indo buscar seus remédios e havia um ônibus perto de casa que o deixava praticamente na porta do posto, pegou o coletivo.
E o coletivo por si só era um caos. O metrô também era lotado, mas Namjoon preferia muito mais ficar parado em um lugar só ao invés de constantemente ser empurrado e chacoalhado dentro de uma cachola sobre rodas.
Mas enfim, o Centro, falando do Centro. O lugar onde pegava seus remédios era pobre. E não o levem a mal, Namjoon por si era um pobretão. Estava acostumado. Mas quando muito se via do bonito, a discrepância para o feio era gigantesca. Então desceu do ônibus, aspirando o ar puro porque tinha uma velha fedendo à falta de banho do seu lado no caminho todo até ali, e olhou ao redor.
Claro, o ar não era puro.
Namjoon colocou as mãos no bolso, seguindo a recomendação do jornal e ajeitando uma máscara descartável preta sobre o rosto. Enfiou as mãos no bolso atrás do celular e, ao encontrá-lo, confirmou o endereço do posto.
Encontrou-o em pouco tempo, e depois de dar o seu nome e identidade à recepcionista, ficou sentado aguardando enquanto ela mandava alguém buscar suas drogas.
E eram drogas realmente. Não só por alterarem e corrigirem, um monte de merda no seu organismo, mas também por serem tendenciosas demais. Namjoon particularmente preferia coisas naturais.
Não que usasse maconha (só às vezes), mas sempre preferia tomar um chá quando estivesse com dor de cabeça, por exemplo. Coisas que vinham da terra. Não coisas que tinham sido modificadas geneticamente quinhentas vezes e que tivessem sido testadas em ratos. Sei lá, cara. Ás vezes, Kim se perdia na sua própria mente, e acontecia com uma frequência desfibriladora.
— Sr. Kim? — chamou a mulher. Ele se colocou de pé num instante, atrapalhado, e se direcionou ao balcão. — Aqui está. Preciso que assine nessa linha — deixou um X ao lado de onde ele precisava escrever.
Namjoon segurou o pacote pardo com uma das mãos, e assinou o registro com a outra. Terminando o que precisava, observou a mulher guardar o documento e a receita em uma gaveta, e se afastou. Guardando o pacote na bolsa, caminhou pra fora, ajeitando a alça de maneira atravessada.
Olhando pra fora, estava um dia tão bonito. Um pouco gelado e sujo, o ar estava uma porcaria, mas quando olhava pro céu as coisas pareciam de alguma forma se encaixar. Kim escondeu as mãos nos bolsos novamente. Não era engraçado? Como ele estava carregando drogas o suficiente pra se matar, se quisesse?
Qual era a diferença entre assinar alguns papéis e pagar merda legalizada, pra pegar numa boca?
Tinha toda diferença, no fim. Mas a única coisa que o Kim via era a semelhança: ele não passava de um drogado. Como qualquer viciado, sempre retornaria ao fornecedor, porque sempre precisaria daquilo. Porque precisava se conter, sempre.
Kim deu uma enrolada no caminho; andou mais devagar, colocou os headphones na cabeça e ao mesmo tempo que fingia tocar um teclado com os dedos, no ritmo da música que ouvia
Foi a primeira vez que Namjoon realmente o viu, tão de perto assim. Topou com Jimin na esquina, seus corpos quase dando um encontrão quando ele se assustou, murmurou cacete e arrancou os fones da cabeça, deixando-os cair no pescoço.
— Desculpa. — disse, olhando para ele, devidamente intimidado. Por um momento achou que Jimin fosse agir como arte: não o responderia. Ficaria em silêncio, como todos os quadros que vira na vida. — Não te vi. — completou.
— Tudo bem. — o Park respondeu, mas também não deu indicações de que continuaria seu caminho. Era engraçado, porque naquela noite em Hongdae, Jimin parecia completamente intimidador. E embora ainda o fosse para o Kim, era de alguma forma completamente diferente.
Quando ele brilhara naquela noite, era em preto. Preto explosivo. Agora Namjoon podia praticamente ver um rosa queimado emanando dele. Não deixava de ser forte, mas era doce. Enfim, Namjoon pensava demais.
— Tudo bem... — disse de novo, desviando os olhos. Ao fazê-lo, viu que alguns pincéis haviam caído das mãos do garoto, e se reuniam aos seus pés. Ao contrário do que achou, Jimin não se moveu para pegá-los. Esperou Namjoon recolhê-los, e ergueu as mãos para recebê-los quando o garoto ofereceu. — Hã... desculpa mesmo.
— Namjoon, né? Kim Namjoon. — puta que pariu. Ouvir Jimin dizendo seu nome era algo que sempre julgara praticamente impossível. Como Namjoon podia ser tão gay assim? Não era justo.
— Isso. Você me conhece...? — claro que conhecia, poxa. Se Redlips tivesse feito o que disse, até as músicas de Namjoon ele conhecia. E pensou em "i don't know the sound of your voice". Claramente se imaginava fazendo uma sequência da música: "i know the sound of your voice".
— Por ela. — não precisou dizer quem. — Você mora na Kimso?
— The Kimgs — corrigiu no automático, o que arrancou uma risada do Park. Outra música vindo! Namjoon tremia com a vontade de compor, agora. Tudo sobre Jimin era encantador. Até o cheirinho de tinta e massinha de modelar que ele emanava. — Mas sim.. é. Moro lá.
— Sei. Moro de frente, então somos vizinhos, né?
— Aham — puta que pariu.
— Hm... vizinho.
— Oi?
— Você quer ir em um lugar comigo?
Namjoon ficou sem respostas por alguns segundos. De onde — se perguntava — de onde tinha saído aquela pergunta? E Park pareceu perceber a hesitação do rapaz, mas não se encolheu. Só impôs mais ainda seu desejo, com uma pitada de explicação:
— Eu estou com as mãos cheias. E precisava pegar umas telas. Então não pensei: se vamos voltar pra o mesmo lugar, por que não pedir sua ajuda?
— Ah — Kim murmurou, chocho. — Vai demorar? — não que tivesse horário pra chegar em casa ou quisesse soar ocupado. Namjoon simplesmente se sentia borbulhar de informações que queria passar pra porra de uma música ruim. E para isso, estava ansioso. Não mais do que para passar um tempo na presença do outro, no entanto.
Jimin riu daquele jeito de novo, como se não pudesse acreditar.
— Não muito. Posso te pagar um café, depois.
— Chá — Namjoon corrigiu, instantaneamente. Aquilo causou em Jimin outra série de risadas, que sem se conter, acabou derrubando alguns pincéis de novo. Kim abaixou-se e recolheu-os novamente, mas dessa vez os segurou. Meio sem graça, mas deixando um sorriso escapar porque se sentia fodidamente formidável de fazer Park rir daquele jeito, continuou: — Onde fica?
— Vou te mostrar, Kim Namjoon. Vou te mostrar. — Park disse, quando conseguiu parar de dar risada.
E metaforicamente, Namjoon queria que mostrasse mesmo. Ávido estava, por mais sentimentos e cores como aquelas.
🌳
oi! atualizando antes dessa vez, porque o último capítulo foi bem curtinho. espero que gostem e por favor, deixem o votinho e um comentário!!! chegamos em 200 views e pra essa fanfic isso já é um montão ❤️ obrigada. até o próximo!
VOCÊ ESTÁ LENDO
bluequarantine {minjoon}
Fanfickim namjoon via park jimin como arte. no entanto, nem sempre a nossa percepção sobre uma peça é a realidade do autor. [minjoon-angst-shortfic]