QUARANTINE

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QUARENTA DIAS AINDA NÃO ERA O SUFICIENTE.

Um mês, trinta dias, não era o suficiente pra localizar e matar uma doença, remove-la do corpo infectado e evitar que alcançasse outros corpos. Então, mais dez dias foram adicionados.

Ainda assim, quando Namjoon colocou os pés em Seoul novamente, não se sentia curado, mesmo depois de longos e inafiançáveis quarenta dias.

Talvez em algum momento tivesse acreditado que voltaria bem. Mas era uma possibilidade tão ínfima que o tempo fosse fazer algo pelas suas cores e dores, que quase se sentia um idiota por ter criado certa expectativa.

No fim, pensar em Jimin ainda doía no âmago do seu vermelho.

Namjoon tentou então se reajustar a rotina na qual tinha vivido por anos, mas nada daquilo parecia caber mais pra ele. Embora estivesse mais magro, era como se tivesse criado peso e tamanho; acordar, cuidar das plantas, tomar remédios e trabalhar já não era o suficiente pra ele.

Se viu querendo mais: querendo viver mais, querendo presenciar e sentir mais coisas do que lhe era recomendado. O cinza da sua existência anterior lhe perseguia, mas nunca conseguia alcançá-lo. Continuava azul, e não sabia o que fazer com aquela maldita cor.

Nos primeiros dias, manteve suas janelas fechadas. Algumas plantinhas haviam morrido, e Namjoon sentiu muito por isso, mas não estava no seu alcance. Então cuidou com afeto das plantas vivas, porque seu trajeto com elas superariam qualquer cor que lhe preenchesse, e tentou reavivar as outras.

Mas pra saber se iria funcionar ele precisava de Sol. Precisava abrir as janelas, e encarar o que quer que estivesse do outro lado.

Embora não gostasse do calor excessivo, por que agora Namjoon temia os raios do sol? Será que eles poderiam fazer o vermelho evaporar, ou tomar conta de vez?

Com o som característico, as janelas se abriram, dando com o tempo esquisito lá fora. No fim teve tanto medo, mas não estava frio nem calor. Não fazia sol nem chovia, mas também não estava nublado. Só haviam muitas nuvens.

Namjoon colocara então parte das suas plantinhas pra fora, com cuidado. Vira e mexe, arrancava uma ou outra folhinha morta, e tentava colocá-la sob a terra, pra servir de alguma sustância.

As oito da manhã em ponto, seu celular tocou, porque agora tinha alarmes insistentes configurados pra que nem sequer cogitasse não toma-los. Agora, por ironia, sentia como se fosse o seu coração ativando o Love Alarm dele.

Taehyung lhe fizera assistir o seriado todo consigo, ea única opinião de Namjoon era que nunca iria querer sincronizar seu coração com a porcaria de um celular. E que o ator principal era muito bonito. Mas ah, claro... nunca ultrapassaria Jimin.

Jimin, que parecia ainda mais magro que Namjoon, que parecia não ter forças nem mesmo pra esconder as olheiras com maquiagem ou pra tentar realmente dormir; Jimin que saia do seu prédio naquele momento, preso no próprio mundo, guiado talvez somente pela fisiologia do corpo.

Namjoon sentiu o peito apertar. Sentiu dor e recusa, o vermelho efervescer. Ele poderia ter ajudado Jimin. Poderia ter assinado aquele contrato idiota, e mesmo que não se aproveitasse do Park nas circunstâncias dele, podia estar ao lado dele e fazê-lo comer. Fazê-lo viver.

Porque aos olhos de Namjoon, aquela existência de aura rosa apagada não era Jimin. Ele não estava vivendo.

Mas de novo... o que Kim sabia?

Fechou os olhos, desviando da janela antes que Park lhe visse ali. Não queria encontrar seus olhos porque esse era exatamente o tipo de dor que não poderia suportar.

bluequarantine {minjoon}Onde histórias criam vida. Descubra agora