WARNING: esse capítulo contém cenas de uma crise agressiva intensa, com escrita gráfica. se você se sente desconfortável com esse tipo de cena, por favor, reconsidere pular a leitura deste.
KIM NAMJOON ODIAVA EXPLODIR.
Mas no momento em que sentiu a onda vir, soube que era um caso perdido. O pino da granada já havia sido puxado. O gatilho pressionando. O grande botão vermelho apertado.
Geralmente, poucas memórias lhe ocorriam. Mas geralmente, estava sob o efeito de drogas. Sabe, em algum ponto da última semana, Kim Namjoon havia descuidado de tomar seus remédios. Tomava, mas nunca na hora certa. Nunca com frequência.
De início se sentiu bem, como se tivesse subido à superfície após muito tempo debaixo d'água; mas tão ligo quanto, afundou de novo. Sendo sincero, Kim nunca pensou que agiria dessa forma. Pra ele, manter o controle era mais importante até mesmo que suas refeições.
Saiu da loja de bolos se sentindo humilhado e, sim, verdadeiramente triste. Mal sentia a temperatura lá fora e embora minutos antes acreditasse que era tudo por conta do calor que Jimin lhe trazia, percebera que a sua falta também podia causar sentimento parecido.
Essa inércia, esse mergulho num vasto mar, que parecia cheio aos olhos mas no momento em que você se afundasse, perceberia que era vazio. Que não havia nada.
Namjoon nem mesmo sabia em que direção estava caminhando quando aconteceu: só sabia que de repente o mundo parecia em câmera lenta.
O carrinho vermelho caindo da mão da criança, bem na sua frente. Num gesto involuntário se gentileza, Namjoon se abaixando para pegá-lo e lhe devolver. A mãe sorrindo gentil pra ele e, logo em seguida, sua expressão se modificando, se tornando assustada, se tornando preocupada, puxando a criança pra longe e fugindo.
Batendo no chão, o barulho do carrinho fez com que Kim tremesse na base, estourando seus ouvidos, comendo sua mente, perturbando até a menor resina da sua alma. Ao mesmo tempo em que sabia que fora ele quem jogara o brinquedo no chão, sentia como se fosse outro alguém, espasmo de outra existência.
Simples assim, Namjoon estourou. Como a porra de uma bomba, estilhaços voaram ao redor e nem Deus nem o Diabo podiam fazer reza, fazer prosa, evitar o estrago. Não havia porra de livre-arbítrio nenhum! Seu corpo e mente compeliam juntos, destruíam juntos, gritavam juntos e socavam juntos.
Seu demônio interior rasgando-o ao meio, partindo pra superfície, se agarrando ao universo de Namjoon como se quisesse acabar com ele na base da porrada.
Sabia que seus punhos estavam batendo em algo, sabia que chorava, sabia que uma vidraça jazia quebrada em algum lugar ao seu redor. Sentia uma raiva tão condensada que todos os seus sentidos pareciam imersos, afogados na imensidão vermelha que lhe sufocava, beirando a inconsciência.
Mas ele não ficaria inconsciente; claro que não. Seu capeta interior fazia questão de mostrar tudo o que acontecia, lhe fazia sentir os braços agarrando-lhe e prendendo-lhe e dizendo palavras grotescas. O demônio fazia Namjoon dizer coisas piores ainda de volta, e mesmo que tudo o que Kim quisesse fazer era desistir, ele não tinha controle algum sobre aquilo.
Totalmente dissociado, Namjoon ainda resistia, ainda esbravejava, ainda se contorcia pra fora do corpo, tomado pela raiva, bêbado do vermelho.
Em algum momento, a pontinha do seu dedo polegar esquerdo retomou os sentidos. E como um choque, reverberou todas as sensações que a crise havia lhe privado de volta pro seu corpo. Agora, Namjoon sentia tudo. E tudo era demais pra aguentar. Demais.
O corpo de Namjoon finalmente desistiu da pressão, desfalecendo. Mas sua mente e alma continuaram à engoli-lo vivo, excruciar pra fora e engoli-lo novamente. Como se nunca fossem parar de fazê-lo.
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bluequarantine {minjoon}
Fanfictionkim namjoon via park jimin como arte. no entanto, nem sempre a nossa percepção sobre uma peça é a realidade do autor. [minjoon-angst-shortfic]