Quando o despertador de Violeta tocou às 6:30 da manhã, ela teve certeza que deveria ter ido para a cama mais cedo no dia anterior, mas não tinha tempo para lamentações. Precisava se levantar e acordar Vitor para leva-lo à aula.
Sonolenta a ponto de tropeçar nos próprios pés, Violeta caminhou até o quarto ao lado do seu e empurrou a porta, vendo seu irmão caçula aconchegado entre dois enormes travesseiros que ele não sabia dormir sem.
-Formiguinha, já está na hora de ir para a aula.- Violeta disse ao se sentar ao lado do irmão na cama e acariciar os cabelos cacheados do menor.
-Só mais cinco minutos.- Ele suplicou com a voz sonolenta.
-Nem mais um minuto, Vitor Lemos.- A mulher disse e viu o irmão erguer o rosto para encará-la, enquanto fazia um beicinho tristonho por ter que se levantar tão cedo.
-Você está chata hoje, Vivi.- O pequeno disse levantando-se da cama, enquanto caminhava com passos pesados até o banheiro do seu quarto. Violeta riu da raiva do irmão e caminhou de volta para o próprio quarto, onde tomou um banho e, logo em seguida, foi até a cozinha afim de preparar o café da manhã de deles.
-Escovou os dentes?- A mais velha pergunta quando o menor senta-se à mesa.
-Claro.- Ele disse ainda emburrado. Vitor tinha um péssimo humor matinal que só melhorava depois de algumas horas do despertar e Violeta era acostumada com aquilo, por isso ignorou a evidente chatice da criança.
Eles comeram as panquecas feitas pela mulher e ela levou o mais novo para a escola.
Em seguida, voltou para casa, afim de por em dia a leitura de alguns livros que ela precisava analisar. Com apenas 21 anos, a maior paixão da vida de Violeta era a literatura e, pensando nisso, ela tinha criado há dois anos um blog onde fazia críticas e análises a respeito dos livros que lia de forma amadora.
A princípio, ela tinha escolhido livros dos quais amava ler, mas aos poucos, seu blog foi tomando uma proporção maior e agora ela vivia para atender os pedidos de leitura dos seus acompanhantes assíduos.
O sonho de Violeta era entrar para uma faculdade de letras e um dia ter a capacidade de ser uma escritora renomada como tantas escritoras de quem ela era fã, mas ela precisava esperar Vitor crescer um pouco mais e poder ter responsabilidades para cuidar de si mesmo, antes de assumir um compromisso como aquele.
Seus pais trabalhavam em Nova Iguaçu, cidade que ficava à uma hora de viagem da capital onde moravam. Por isso, o casal saia de casa antes dos filhos acordarem e chegavam a noite, muitas vezes depois de Vitor ir para a cama e deixavam a responsabilidade de cuidar da criança nas mãos da filha mais velha que não se importava em ficar com o irmão, mas acabava sendo limitada de fazer muitas coisas por causa da responsabilidade que tinha com ele.
Quando pôs os pés na escola, Violeta foi recebida por um forte abraço do irmão, nem parecia a mesma criança birrenta de mais cedo. Ela riu com a mudança de humor de Vitor e estendeu a mão para que ele segurasse e pudessem ir até o carro.
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Confidence || Gabriel Barbosa
FanfictionA confiança é ato de fé, e esta dispensa raciocínio. - Carlos Drummond de Andrade