Confidence || Gabriel Barbosa

Promessa

Assim que a campainha tocou às 17 horas, Violeta correu até a porta sabendo que era seu irmão que estava do outro lado. Ela viu o sorriso do garoto e não pôde deixar de perceber que ele estava de cabelos molhados e uma roupa que não era a sua.

-Vivi, foi muito legal!- Vitor disse animado quando viu a irmã em sua frente.

-Ele jogou com a gente e eu consegui um uniforme da base para que ele pudesse tomar banho. Espero que não se incomode.- Gabriel disse e viu a mulher negar com a cabeça.

-Sem problemas.- Ela disse.

-Vou lá, garotão.- Gabriel disse se abaixando para abraçar a criança que envolveu os braços no pescoço dele.

-Agora você tem que estudar para as provas de amanhã, Formiguinha.- Violeta lembrou e viu o irmão revirar os olhos e passar pela irmã, adentrando a casa.

-Eu combinei de tomar um sorvete com ele. Tem algum problema?- Gabriel pergunta, encarando a mulher em sua frente.

-Amanhã? Ele tem prova. Não pode faltar na aula como hoje.- Violeta disse com um tom mais frio do que o que gostaria de usar.

-Ele disse, por isso pensei que pudesse levá-lo depois da aula.- O atacante explicou e viu o silêncio de Violeta se estender por alguns segundos.

-Claro, só não voltem muito tarde.- Ela pede.

-Prometo que não demorarei muito. Eu busco ele na escola e trago aqui.- Gabriel prometeu.

-Ok. Até amanhã.- Violeta disse, não deixando passar despercebido sua falta de entusiasmo com o jogador.

Sem esperar resposta do jogador, ela fechou a porta de sua casa e respirou fundo ao caminhar até o quarto do irmão, onde Vitor estava sentado na cama repleto de cadernos em sua volta. Ela não queria atrapalhar o estudo do irmão, pois sabia que ele não retomaria o foco tão facilmente, mas ela não aguentava mais engolir tudo o que estava sentindo, por isso sentou-se na cama do irmão e o viu encará-la com dúvida.

-Que foi, Vivi?- Ele perguntou.

-Eu não gosto dessa sua amizade com o Gabriel.- Violeta disse e viu o irmão rir.

-Chocou um total de zero pessoas.- Vitor disse voltando a encarar seu caderno com algumas anotações de história.

-Eu só não quero que você se machuque, Vitor.- Violeta explica e escuta um suspiro pesado do irmão que fecha o caderno e cruza os braços em frente ao peito, mostrando que estaria ali para escutar as reclamações da irmã.

-Me machucar com o quê? Vivi, você fala como se o Gabriel fosse um cara mau.- Vitor diz com leveza na voz.

-Se machucar com essa confiança toda nele.- Ela diz, olhando o irmão. - Ele é empréstimo, Formiguinha. Em dezembro ele não será mais jogador do Flamengo. Acredite, eu quero muito que ele continue aqui, mas não dá para confiar que ele vai continuar. Aí ele vai para outro estado ou até mesmo outro país e você vai ficar aqui, ele vai fazer outras amizades, vai ter outras responsabilidades e não vai dar atenção para você, Vitor.

-Para.- O menino pede.

-Eu me preocupo com você, porque sei que quando ele fizer isso e ele vai fazer, serei eu que vou secar suas lágrimas e dizer que tudo vai ficar bem.- Ela diz olhando para o irmão que naquela altura já tinha os olhos marejados, ele era uma criança e aquelas palavras por mais que tivessem um fundo de verdade, o machucavam.

-Eu não estou pedindo para você secar minhas lágrimas.- Ele rebate irritado.

-Mas eu secaria de qualquer forma. Secaria porque eu te amo, Formiguinha. E é porque te amo mais que qualquer outra pessoa nesse mundo que eu não quero que você se machuque com essa amizade.- Violeta segreda ao irmão.