Mundial

3.2K 188 86
                                    

21 de dezembro de 2019

O abraço que Violeta deu em seu pai depois dos 5 minutos de acréscimos do segundo tempo da prorrogação, transmitiu mais sentimentos que algumas simples plavras poderiam compartilhar. A dor, a tristeza, o fim da esperança, mas além de tudo, o orgulho.

Orgulho pelo o que seu time tinha construído naquele ano, orgulho por cada passo dado e cada vitória conquistada, por cada campeonato. Afinal, eles tinham chegado a final do mundial de clubes, ganhando carioca, brasileirão e libertadores, e disputaram de igual para igual contra o time declarado um dos melhores, se não, o melhor do mundo.

Tiveram garra, força, determinação, foco e acima de tudo união, mostraram para o que vieram e lutaram até o fim. Muitos poderiam ver as lágrimas que corriam dos olhos de Violeta como tristeza, mas ela via como orgulho. Orgulho de um time que em tão pouco tempo, mostrou que era capaz se reerguer e fazer sua torcida pedir o mundo de novo.

- Você poderia estar lá. - Humberto diz com a voz embargada. Também sentia orgulho de ver até onde seu time tinha chegado depois de 38 anos. - Dando apoio ao Gabriel.

- Pai, o Gabriel tem a familia dele lá e os amigos. Eu não podia ir e te deixar aqui. Se eu sou flamenguista, se hoje eu sinto toda essa emoção por um jogo de futebol, é graças a você. Jamais trocaria de assistir uma final de um Mundial ao seu lado. - A filha diz. Gabriel tinha convidado a namorada, seus pais e Vitor, mas Humberto tinha medo de altura e tremia de medo só de pensar em entrar em uma aeronave.

- Amo você, filha. - Humberto diz com um sorriso largo no rosto.

- Também te amo. - Violeta sorri e o abraça mais uma vez. - Eu vou tomar um banho e esperar o Gabriel me ligar para conversarmos. - Ela avisa, caminhando em direção as escadas.

Estava seguindo para seu quarto quando ouve o choro baixo vindo do quarto de seu irmão. Vitor tinha dito que precisava terminar um desenho assim que o jogo acabou, subindo rapidamente para o quarto.

Violeta gira lentamente a maçaneta, percebendo que a prova estava aberta e observa o pequeno corpo do irmão  encolhido sobre a cama enquanto soluçava.

- Formiguinha? - Violeta indaga preocupada ao sentar ao lado do irmão.

- Era para a gente ter ganhado, Vivi. - Vitor encara a irmã com os olhos vermelhos devido ao choro. - Os meninos jogaram bem, era pra ser nosso prêmio.

- Ei... - Violeta chama ao se deitar ao lado dele e abraçar o corpo do irmão. - Futebol é assim mesmo, meu amor. As vezes um único lance decide o jogo, o campeonato, o título. Jogamos muito bem, merecíamos ganhar, mas em uma jogada o time do Liverpool marcou. - Ela respira fundo. - Mas isso não faz o Flamengo pior, os meninos jogaram de igual para igual, foram bem demais e temos que ter orgulho deles. Temos que ficar felizes por tudo o que eles fizeram, alegres por tudo o que ganhamos. Perdemos um título, mas ganhamos quatro esse ano. Isso é muito bom, é para ter orgulho e não tristeza.

Ela acariciou os cabelos do irmão e depositou um beijo na testa dele.

- Ok? - Ela indaga. - Limpa esse rosto e coloca um sorriso bem grande nele. Os meninos lutaram muito e eles merecem ser recebidos com alegria quando chegarem amanhã.

- Ok. - Ele tenta colocar um sorriso no rosto, mas ainda parece tristonho.

- Que tal vermos um filme de comédia pra distrair um pouco? - A mais velha diz, pegando o controle da tv para escolher algo engraçado que tivesse o poder de alegrar seu irmão.

Naquela noite, Gabriel lhe ligou e conversaram por longas três horas até ele assumir que estava exausto e que no fuso horário local já estava quase amanhecendo em Doha. Violeta concordou que ele precisava descansar e se despediu, buscando dormir em seguida. Afinal, o domingo seria longo.

Confidence || Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora