Libertadores

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23 de novembro de 2019

Violeta sabia que aquele o dia 23 de novembro entraria para a história do Clube de Regatas do Flamengo.

De sua casa, ela conseguia escutar o barulho da torcida do Flamengo nas ruas. Afinal, naquele sábado, o Rio estava sendo tomado pela torcida rubro negra. E foi com um riso que encarou Brenda que estava deitada em sua cama com travesseiros pressionados no ouvido.

Para irritar e testar ainda mais a paciência da professora, a carioca colocou a música Em dezembro de 81 em seu celular.

- Em dezembro de 81, botou os ingleses na roda, 3x0 no Liverpool, ficou marcado na história... - Ela canta em voz alta.

- Violeta, cala a boca. - Brenda pede.

- E no Rio não tem outro igual, só o Flamengo é campeão mundial. E agora deu povo, pede o mundo de novo...- A flamenguista canta em meio a riso e se joga sobre a gaúcha.

- Porra... - Brenda sussurra.

- Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe mengo! Pra cima deles, Flamengo! - A carioca segura os braços da amiga e balança o corpo dela.

- Eu mereço. - Brenda diz.

- Ai, amiga! Tu tem que entender que eu estou surtando! Se eu estou agitada dessa forma por fora, por dentro eu estou a mil. Consigo nem respirar direito. - A carioca diz com uma sinceridade absurda na voz.

- Eu sei. Eu te entendo e é por isso que ainda não te bati. - Brenda segreda, sentindo os braços da mais nova envolver seu corpo.

- Falta meia hora ainda. - Violeta sussurra e Brenda não deixa de reparar em como o coração da amiga batia acelerado contra seu corpo.

- Vem, vamos para cozinha que eu vou fazer um suco de maracujá pra você. - A gaúcha diz empurrando a amiga que rapidamente se levanta.

Ambas descem as escadas da casa da carioca e avistam Umberto e Vitor na sala, ambos com a camisa do Flamengo e tinta no rosto. Tamara está na cozinha, fazendo anotações para o trabalho, mas sorri ao ver as duas amigas.

- Mãe, tem maracujá? - Violeta pergunta ao sentar em frente a mais velha.

- Tem sim. Ali na fruteira. - A mulher aponta.

- Posso fazer suco para a Vivi? Ela está a flor da pele. - Brenda pergunta.

- Seria ótimo, meu anjo. Se puder fazer para os dois monstrinhos ali na sala também, eu fico muito agradecida. - Tamara diz e a professora rapidamente assente.

Quinze minutos depois, os flamenguistas da casa já tinham bebido o suco feito pela vizinha e estavam em frente a TV. Umberto entre os dois filhos parecia o mais nervoso dos três. Ele tinha visto o Flamengo ser campeão da libertadores quando ainda era uma criança, apenas um garoto da faixa etária de seu filho, e agora podia vivenciar toda a emoção novamente. Depois de tantos anos, ele poderia gritar para o mundo que seu time era Campeão da América.

Um sorriso largo cresceu no rosto de Violeta, ela sabia o quão importante aquela vitória seria para seu pai, mais do que para ela ou para Vitor e torceu para que o Flamengo ganhasse. Em silêncio, ela fez uma promessa, uma promessa que para ela seria muito difícil cumprir, mas que ela faria com bom grado se seu time levasse a taça para casa.

- Vai começar! - Vitor grita se ajeitando no sofá. - Cadê a mamãe e a Brenda? - Ele pergunta olhando ao redor.

- Elas estão conversando na cozinha. Não querem ouvir nossos gritos. - A filha mais velha diz, observando os jogadores entrarem em campo.

Confidence || Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora