27 de janeiro de 2020
Violeta se esforçava para aparentar plenitude na frente de seus pais, amigos e até mesmo de Gabriel quando o assunto da permanência dele no Flamengo surgia. Dizia que ela concordaria com a escolha dele, que queria o melhor para ele e que torcia pelo seu sucesso. As duas últimas eram verdade, mas a primeira nem tanto. Ela queria poder concordar com qualquer que fosse a escolha do namorado, mas sabia que a ida dele complicaria tudo.
Por semanas, pensou que estava enganando a todos com seu sorriso e seu discurso, mas naquela manhã, quando Vitor entrou em seu quarto, sentou em sua cama e perguntou se ela realmente estava bem, tudo pareceu desabar e as lágrimas que por dias guardou, escaparam como um rio de seus olhos.
- Eu não queria que você me visse desse jeito. - Violeta sussurrou em meio as lágrimas quando seu irmão envolveu sua cintura com um abraço.
- Eu sabia que você não estava bem e acho que nossos pais também sabem, mas eles querem te dar espaço. - A criança diz com sinceridade.
- Eu pensei que você fosse ficar triste. - Ela segredou com os olhos vermelhos devido ao choro.
- Eu venho me preparando para a possível ida dele desde o início, Vivi. Você quem fez eu enxergar isso, mas não conseguiu enxergar ainda. - Vitor sussurra.
- Eu tive tanto medo de você se machucar nessa amizade com o Gabriel que esqueci de ver que eu também seria afetada com isso. - Ela sussurra.
- Você se preocupou tanto comigo que esqueceu de si mesma, Vivi.- A criança observa e passa suas pequenas mãos no rosto da irmã para enxugar as lágrimas que caiam.
- Eu queria não ter me apaixonado por ele. - Violeta diz em meio ao choro.
- Não queria, não. Você ama o Gabriel e está assim porque tem medo de perde-lo, mas ele te faz bem, não faz? - Vitor pergunta.
- Faz. - Ela garante.
- Se ele voltar para a Europa, vocês podem se encontrar sempre. Não tanto como aqui no Rio, mas poderão. Ele viria quando tivesse folgas e nas férias. Tudo continuaria. - Vitor diz convicto.
- Não é tão fácil assim, Formiguinha. Não seria a mesma coisa, aos poucos ele ficaria exausto de voltar em todas as folgas para me ver, porque são dias que ele vai querer descansar e não enfrentar um voo longo. As ligações por skype não vão ser suficientes para matar a saudade, tudo vai esfriar até que acabe. Eu prefiro não prender ele. - Violeta conta.
- Mas Vivi, ele ama você, ele não vai querer te perder. - Vitor diz.
- Você não vai entender tudo o que está em jogo agora, Formiguinha. Às vezes, o amor não é suficiente. Nesse caso, também é necessário muita paciência e determinação para manter um relacionamento com um oceano de distância. - Violeta explica.
- O amor deveria ser o suficiente. - Vitor diz irritado.
- Deveria. - Violeta sorri com a inocência do irmão e seca seu rosto no lençol de sua cama.
Momentos depois ela cai no sono, com Vitor acariciando seus cabelos e cantarolando as músicas que Violeta cantava para ele dormir quando mais novos.
Naquela tarde, Violeta estava fazendo a janta quando a campainha de sua casa toca. Vitor estava assistindo a desenhos em seu quarto, por isso, ela soube que teria que atender a porta a qualquer custo. Lavou as mãos e as secou antes de caminhar até a entrada de sua casa e abrir a porta, se deparando com Gabriel.
- Desculpa vir sem avisar. - O jogador diz mordendo o lábio inferior.
- Que cara é essa? - Violeta pergunta, percebendo o pequeno sorriso nos lábios do jogador.
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Confidence || Gabriel Barbosa
FanfictionA confiança é ato de fé, e esta dispensa raciocínio. - Carlos Drummond de Andrade