Estar com Valentina era extremamente mais fácil do que tudo que eu tinha experimentado naqueles últimos meses. Nós tínhamos a mesma idade, éramos apaixonados pela escrita, e leitura, o que nos fazia ter inúmeras coisas em comum, mas principalmente não precisávamos nos esconder de ninguém. E mesmo assim ainda havia um enorme lugar em mim que só Mariane habitava, nos mais profundos recônditos de mim, eu ainda desejava ardentemente ter aquela garota, e que ela mantivesse a promessa de ser minha sempre.
Os dias que passei viajando com Valentina foram realmente bons, e me senti renovado em minha essência. Recuperado naquilo que sempre tive de mais meu, eu amo estar com pessoas que apreciam meu trabalho, e conseguem dialogar sobre ele. Valentina não sabia nada de Mariane, nem precisava saber, porque por mais incrível que ela fosse não seria jamais uma substituta para a garota que aprendi a amar a cada dia. Estava bem claro para mim que o que eu sentia por cada uma delas, e cada qual tinham seu lugar em minha vida.
Quando retornei da viagem mandei mensagem para a Mariane, algo simples perguntando como ela estava, e se estava se adaptando bem a Toronto. Era um tempo diferente de hoje, não havia aplicativo de mensagem instantânea pelo smartphone, na verdade não existia smartphones. Então não fiquei olhando para o PC esperando a resposta, uma vez que ela estava ausente. Saí com meus amigos para lanchar, e quando voltei tinha uma mensagem dela dizendo que estava bem, e que era tudo muito diferente lá, mas que estava tentando se adaptar. Ousei responder que estava com saudades, e que as tardes eram bem vazias sem ela. Quando ia sair do MSN, chegou uma mensagem dela, dizendo que também estava com saudades, e que não conseguia esquecer aquelas tardes comigo. Eu brinquei que ela arrumaria um canadense divertido, e que iria me esquecer. Mas ela disse o que eu esperava, afirmando que era minha, e somente minha. Sem esquecer-se de acrescentar que me perdoava por ter a deixado partir. Continuamos conversando por horas, até que ela disse que precisava sair.
Naquela noite fiquei pensando se deveria ter dito a ela que tinha ficado com tantas garotas, e que de certa forma estava ainda enrolado com a Valentina. Mas decidi que não faria bem algum, ainda mais depois de eu ter criado coragem para admitir que estar apaixonado por ela. Eu sabia que não fazia o mínimo sentido amar Mariane, mas não querer perder a Valentina, mas justificava para mim dizendo que elas eram departamentos diferentes de minha vida.
A partir daquele dia todas as noites após o jantar conversava com Mariane por uma, ou duas horas, dependendo da disponibilidade dela. Trocávamos fotos, e lamentávamos não termos passado a outro estagio em nossos carinhos, enquanto estávamos juntos. Durante essas horas eu não respondia as mensagens da Valentina, e ela sempre pensava que eu estava escrevendo, e por isso não respondia. Ela mesma estava finalizando seu livro, e entendia bem como pode ser demorado organizar as ideias de um capítulo. Assim minhas manhãs, eram dos estudos, as tardes, e parte da noite de Valentina, e a outra parte de Mariane. Uma rotina maluca para conciliar com escrever e ler, mas a cada dia ficava mais prazerosa. Eu desejava as duas de formas diferentes, e não estava disposto a perder nenhuma delas.
Em meados de setembro a editora fez uma recepção em São Paulo, para apresentar seus novos escritores, e nós os veteranos fomos convidados para dar as boas vindas a eles. Eu fiz questão de ir já que a Valentina era uma das novatas, e quis dar apoio a ela. O Vasconcelos sempre foi muito esperto, e com um tino único para os negócios, especialmente na promoção da editora, e dos escritores. O marketing era o ponto mais forte dele, e era explorado a enésima. Apesar de minhas brincadeiras de que só fui publicado por conta de minha família, o Vasconcelos nunca faria isso, ele era uma ótima pessoa, mas não fazia qualquer tipo de caridade com os negócios, todos seus passos empresariais tinham um objetivo de lucro para a editora, inclusive a filantropia. Então assim como comigo, ele não estava lançando a Valentina simplesmente porque o pai dela tinha três livrarias em São Paulo, ele acreditava na história dela, e por isso tinha aceitado a publicação. Mas ainda assim havia o fato que durante a viagem em julho eu tinha ouvido algumas vezes. Ninguém sabia quem era Valentina Gusman. É claro que qualquer escritor pode sair do nada, e se tornar um sucesso, mas isso seria creditar todas as fichas na sorte, e no acaso, e o Vasconcelos não fazia isso, eu conhecia bem ele já naquela época. Por isso gelei quando ele pegou o microfone da banda, e pediu para que eu e a Valentina nos aproximássemos dele. Embora eu não soubesse exatamente o que ele iria aprontar, pressentia que iria.
O meu editor era inteligente, e esperto demais para nos comprometer diretamente com suas fala, mas deixou subentendido em seu discurso que havia um possível relacionamento entre um dos escritores mais bem sucedidos da Editora Escape, e uma jovem e promissora escritora que seria lançada em maio na Bienal do Rio. Poderia haver algum rumor sobre quem seria, caso ele não tivesse nos colocado ao seu lado, diante de todos. O meu tio dia dito que rumores e polemicas não seria bom para mim, pois ele não tinha avisado ao Vasconcelos. Todos os blogs literários, e revistas eletrônicas especularam se Valentina seria a garota que arrebatou o coração do "Príncipe Escritor", alguns disseram que havia rumores não confirmados que o livro dela seria dedicado a mim, outros diziam que eu trabalhava num projeto secreto que narraria nossa história. Os jornais do dia seguinte trouxeram notas sobre a garota que aparentemente ganhou o coração do príncipe. Recebi uma ligação do meu editor dizendo que eu estava livre para desmentir que ele se referia a mim, e a Valentina, mas eu não fiz porque já tinha sido feito, e ele tinha conseguido o resultado esperado. Valentina Gusman era o assunto do momento.
Ela queria dizer à impressa que não namorávamos, mas eu a convenci a não fazer, pois era justamente isso que alimentaria mais as noticias, o melhor que tínhamos a fazer era deixar o burburinho passar. Para descontrair brinquei perguntando como era ser uma princesa. E recebi um soquinho no braço. Não sei se fomos impulsionados pelos comentários, ou simplesmente já queríamos tanto isso, que apenas deixamos acontecer, mas aquela noite nós passamos juntos, e eu me esforcei ao máximo, e consegui não pensar em Mariane quando entramos no meu quarto de hotel em São Paulo.
Meu único medo era a noticia chegar ao Canadá, e minha Mariane acreditar. Para isso o Gusta tinha que comentar com ela, mas a chance era mínima, pois apesar de ser um ótimo amigo, ele não se interessava por blogs literários, e muito menos por ler jornal. A única possibilidade era que visse num telejornal, mas seria muita falta de sorte acontecer.
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Olá Wattpaders,
Espero que tenham gostado desse capítulo, e que a história continue a atrair vocês.
Personagens novos, e muita agitação, o que vocês pensam sobre isso? Valentina ou Mariane? Façam as suas apostas.
Não se esqueçam de comentar e votar. Quero muito saber a opinião de vocês!
Não se esqueçam que hoje servimos deliciosos brownies de castanha e mel.
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Beijo de Verão [Completa]
Teen FictionEssa é uma história de verdades não confessadas, de amizade permeada por meias verdades, e omissões. Pelos céus ela é repleta de omissões que se confessadas poderia mudar toda minha vida. Mas prometo tentar fugir dos eufemismos. O boom do milênio...