Quando cheguei ao saguão do hotel Mariane já me aguardava, não ficaríamos ali para evitar problemas com a família da amiga, e teríamos que voltar antes que eles retornassem do passeio. O que nos seguramente daria cerca de quatro horas, talvez precisássemos de mais para nos resolver, mas naquele momento era melhor trabalhar com o que tínhamos disponível. O mais prudente era ficar por perto do hotel, já que não tínhamos um meio de transporte ao nosso dispor, mas principalmente porque assim teríamos mais tempo para nós. Então fomos para a Starbucks a meia quadra ali, para conversarmos melhor.
Eu sabia como desejava agir, mas não como deveria agir, e às vezes entre uma coisa e outra tem muita diferença. Então foi uma pequena surpresa quando após me sentar recebi um breve beijo, e Mariane disse que não importava o namorado dela, ou a minha namora, por àquelas horas seriamos novamente aquelas pessoas que se encontravam escondidos no meu quarto em Contagem. Disse ainda que tinha aprendido a gostar do namorado australiano, e que estava na cara que eu gostava da Valentina, mas que tínhamos assuntos inacabados, e não conseguiríamos seguir plenamente em frente sem tirar isso do caminho. Eu concordei com ela, e decidimos pegar nossas bebidas para viagem, sair dali, e ir ao meu hotel, levaria vinte minutos, mas valeria a pena.
Quando atravessamos o saguão do meu hotel pude ver meu tio conversando com algumas pessoas no bar, mas ele não me viu, então sabia que ele só pensaria em me procurar em minha suíte quando anoitecesse. Ele fazia muito mais o estilo amigável, do que paternal. Não encontramos ninguém no elevador e no corredor, enquanto íamos em silêncio para a suíte. Nós tínhamos muito que dizer, mas era como se a cada minuto fizéssemos um acordo mudo de que palavras poderiam ficar para mais tarde, e naquele momento elas feririam a onda de excitação que nos envolvia. Passei para ela o cartão de acesso para que pudesse abrir a porta, e assim que o fez, e estávamos dentro do quarto, a puxei para mim, a envolvendo em um beijo profundo. Cada poro do meu quarto sentia saudades de tê-la junto a mim, e desejava absorver novamente seu cheiro. Fomos sendo envolvidos cada vez mais na intensidade e tensão que emanava de nós. Como tinha feito um ano antes na piscina de minha casa, ela passou suas pernas ao redor de meu quadril, e eu a carreguei para o quarto sem deixar que o beijo acabasse. Havia urgência em nós.
O que aconteceu naquele quarto não pode ser dinamizado como certo, ou errado, nem mesmo sei dizer se existem palavras que possam explicitar com exatidão, mas sei que teve a fluidez que só as coisas naturais têm. Não era um momento, mas o conjunto de átimos, e desejos encravados em nós, desde o instante que nos conhecemos. O ensejo de novamente estarmos juntos era o mais importante, e a sensação de finalmente preenche-la completamente fazia novos mundo nascerem dentro de mim. Tenho certeza que novos universos foram criados a partir daquilo, e embora nunca pudessem ser explorados por outras pessoas, eles sempre viveriam em nós. Explorar cada milímetro que compunha o corpo de Mariane, conhecer cada curva de sua intimidade, levou a um conhecimento novo sobre mim. Por um ou dois minutos me permiti pensar que deveria ser possível nunca sir dela, e não perder o ritmo que tínhamos adquirido. Era extasiante sentir seu corpo sob o meu, e ouvir seus gemidos abafados por meus beijos, e mordidas.
Quando ficamos cansados demais para tentarmos algo mais, já estávamos juntos há quase três horas e meia, mas ela ainda sorria como se toda a felicidade do mundo lhe fosse oferecida. Eu ficaria na cama ao seu lado pelo restante do dia, mas ela precisava retornar para o seu hotel, onde deveria estar se recuperando de uma indisposição. Tomamos um banho juntos, mais rápido do que desejávamos, mas mesmo assim cheio de beijos e caricias. Nós sabíamos o que aquele pequeno instante de intimidade compartilhada significava, mas não queríamos pensar no minuto seguinte. Bastava-nos estar no agora.
Quando saímos rumo ao seu hotel, pegamos um taxi na portaria, e novamente não usamos palavras para dizer o obvio. Tivemos uma tarde incrível, e que ficaria marcada para dentre em nós, isso estava explicito em cada leve sorriso que dávamos para o nada. Em cada toque "involuntário" de nossos dedos enquanto o carro seguia pelas ruas. Chegando ao seu hotel paguei a corrida do taxi, deixando o troco como gorjeta, e se foi. Beijamo-nos rapidamente na portaria do hotel, e uma sensação um pouco incomoda de que ausência se formou em meu peito. Pelo olhar dela soube que sentia o mesmo. Despedimo-nos prometendo trocar mensagens. E ela entrou. Eu decidi ir caminhando para ver melhor as ruas. A sensação era forte, eu sabia por que, nada obstante as sensações e prazeres daquela tarde, mas era obvio que tínhamos nos despedido do que éramos um para o outro até ali. Mariane retornaria a Toronto, onde reencontraria seu namorado australiano, e seguiria feliz com ele. Eu regressaria ao Brasil, e para os braços de Valentina, e não tinha a mínima duvida que fosse também feliz. Enquanto eu caminhava pelas belas ruas, e pensava em minha vida e em tudo que tinha acontecido desde que publiquei "Até o Último Suspiro" a sensação de perda foi se dissipando, e comecei a sentir apenas a grande satisfação por tudo que tinha acontecido, e principalmente por ter encontrado Mariane naquela manhã de sábado. Ela foi e sempre será a garota que mais mexeu comigo, e me encantou de tantas formas. Provavelmente não ame outro alguém com tanto fervor, e desejo, porque esse amor pertence a ela. Mas eu já naquele dia sabia que ficaria bem com o que viesse pela frente.
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Wattpaders,
Concordam que contra a força do desejo e do instinto não há quem lute? Quais seus julgamentos sobre o que Narciso e Mariane fizeram?
E o que vêm pela frente?
Votem, comentem muito, e se acabem de comer rosquinhas de chocolate.
Obrigado!
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Beijo de Verão [Completa]
Fiksi RemajaEssa é uma história de verdades não confessadas, de amizade permeada por meias verdades, e omissões. Pelos céus ela é repleta de omissões que se confessadas poderia mudar toda minha vida. Mas prometo tentar fugir dos eufemismos. O boom do milênio...