Depois do Amanhã se tornou um sucesso, pelo menos do meu ponto de vista, logo na pré-venda, com pouco mais de vinte mil cópias encomendadas. Eu creio que para a editora um pouco mais teria sido desejável, afinal de muitas formas para ela, quanto empresa, cada livro lançado não passava de números, e metas a serem alcançadas. Numa de minhas visitas ao escritório da editora pesquei numa conversa que o desejável era atingir a meta de quarenta mil antes do final da pré-venda, numero que achei bem audacioso para a situação do mercado editorial, mas eles tinham analistas para cuidar disso, e eu não então não opinei.
Estávamos segurando as vendas para abril, por conta da Bienal do Rio que seria em Maio, mas mesmo assim o meu livro estava concluído praticamente junto com o da Valen que tinha sido enviado, e até anunciado meses antes. O motivo era claro, a projeção de vendas do meu livro era bem maior que o do dela, porque como nós bem sabíamos, eu já tinha um publico, o que ela teria que conquistar a partir dali. Ela é claro não se sentia preterida de forma alguma, mas confesso que pensei que o livro dela já poderia ter sido lançado há pelo menos dois meses, para aquecer as vendas. Não sabia se seria uma boa estratégia, mas seria o que faria.
No dia dezesseis de maio desembarcamos no Rio de Janeiro, para participarmos da 10ª Bienal Internacional do Livro. Ela vinha de São Paulo, e eu de Minas, então pegamos voos diferentes, e nos encontramos no aeroporto. Eu cheguei primeiro, porque apesar do voo dela ser trinta minutos mais cedo que o meu, acabou tendo um tempo de atraso. Chegamos um dia antes para fazemos uma reunião do nosso grupo. Era um orgulho que doze escritores iniciantes que integravam o grupo fossem expor na Bienal, e quiséssemos nos reunir para jogar conversa fora, e nos acalmar para aquele que seria para eles o primeiro encontro com o público. Apesar de bem novo, eu me sentia como um padrinho deles, um tio orgulhoso dos pupilos.
Eu tinha palestras marcadas nos dias dezessete, dezenove, e vinte e dois. Além de algumas tardes de autógrafos, mas fora isso eu me coloquei a disposição dos amigos escritores para ajudar no que precisassem, mesmo daqueles que não eram de minha editora, porque não via motivos para não fazer isso. É claro que antes conversei com meu editor, e meu agente, que me orientaram a não ficar posando nos estandes de outras editoras, mas no backstage eu podia ajudar meus amigos. Não era como se eu pudesse ficar andando livremente pela feira, não sem encontrar leitores a todo instante pedindo autógrafos, então estava mesmo forma de cogitação tumultuar os estandes das outras editoras.
No primeiro dia Valentina estava uma pilha de nervos, se questionando a cada minuto se as pessoas iam gostar do livro, se ela saberia se portar com os leitores. Se não a considerariam esnobe em algum momento. Eu lhe assegurei que era impossível alguém não gostar dela, mas mesmo assim ela chegou tensa ao estande da Editora Escape, nós estávamos de mãos dadas quando o Vasconcelos anunciou que ira começar a sessão de autógrafos dela, e imediatamente sentia sua mão esfriar, como se todo o sangue tivesse fugido de seu corpo. E senti uma leve tremedeira nela, então pedi que ela ficasse calma, dando-lhe um beijo em seguida. O pessoal da editora achou por bem que eu não ficasse ao lado dela durante a sessão, para não tirar o foco dela, mas fiquei espiando dos bastidores. Pouquíssimo tempo depois ela estava relaxada, e interagindo com os leitores. Eles faziam perguntas rápidas, e ela respondia noutras vezes ela fazia alguma pergunta principalmente quando era uma garota. Naquele momento eu soube que se eu era o "Príncipe dos Escritores", a Valen tinha tudo para ser a princesa. O carisma, e simpatia dela era tão natural que encantava a todos. Ela não precisava de mim, então sai discretamente pelos fundos, e fui dar uma olhada geral para ver como estavam os outros do grupo.
Passando pelo estande de uma das editoras vi que o João Brotas estava em sua sessão de autógrafos, mas tinha apenas dez pessoas na fila. Ele é um talentoso escritor de suspense, com uma narrativa forte, e ótimos diálogos. Aquela fila deveria estar dando voltas na rua da feira. Mas não estava, e decidi tentar ajudar, dei uma volta e logo um bom grupo de fãs se reuniram a minha volta pedindo autógrafos, e querendo saber coisas sobre os livros. Eram em torno de trinta pessoas, talvez um pouco mais, e mais pessoas iam se ajuntando, então fiz o que pude para atender a todos, e prometi que daria brindes exclusivos para todos que fossem comprassem o livro, e fossem pedir autógrafos ao João. Falei que ele era um ótimo escritor, e que eles iam amar o livro dele, e graças a Deus a maioria deles foi seguir minha indicação. Eu não marquei quem eles eram, mas em nosso estande tinha alguns milhares de brindes, e daria para atender a todos. Mesmo que não tivesse, eu mandaria fazer naquele momento, pois o brilho no rosto do meu colega demostrando a felicidade de ver aquela pequena multidão chegando para pedir seu autografo, não tinha preço.
Porque no fundo, sob toda a afetação que colocam sobre nós autores, o que realmente precisamos, e nos deixa felizes é saber que o fruto de nosso trabalho será lido, reverenciado por alguém. Não precisamos de programas de televisão, ou criticas em jornais, nem mesmo de campanhas de divulgação. Se houver leitores para o que escrevemos, então tudo bem, estamos tranquilos. É claro que essas coisas são importantes para atrair as pessoas, mas não é o objeto de nosso trabalho.
Todos os outros estavam indo bem, e fiquei tranquilo para voltar ao estande de minha editora, para a preparação para a minha própria sessão de autógrafos, antes da palestra, ou bate papo com leitores, e imprensa, como eu preferia chamar.
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Wattpaders,
Eu entendo perfeitamente sobre o que o Narciso fala sobre os autores. Quem mais ainda entende? E você leitor quais suas ambições literárias para esse ano?
Não se esqueçam de votar e comentar bastante.
Amo-vos!
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Beijo de Verão [Completa]
Teen FictionEssa é uma história de verdades não confessadas, de amizade permeada por meias verdades, e omissões. Pelos céus ela é repleta de omissões que se confessadas poderia mudar toda minha vida. Mas prometo tentar fugir dos eufemismos. O boom do milênio...