A Mari vibrou muito com adiantei a ela a noticia que meus livros seriam traduzidos para o inglês, e prometeu que iria "obrigar" seus amigos canadenses comprar. Ela também amou Depois do Amanhã, e para mim era importante que ela gostasse, pois naquele livro tinha muito de nós, de nossa história. Não sei se existe um escritor que consiga não passar suas vivências, sua carga emocional para o seu trabalho, mas se existir não precisa me indicar seus livros, eu não preciso lê-los para saber que são fracos, e sem vida. Escrever é revisar passado, e vivências, para chegar ao lugar experiencial que chamamos de presente.
Quando recebemos os primeiros exemplares de "Until The Last Breath", o título dado ao "Até o Último Suspiro" em inglês, o que foi bem literal. Ficamos encantados com todo o cuidado dado a diagramação, e finalização. Nós tínhamos acompanhado muito do processo, mas ver a coisa toda finalizada daquela forma, foi uma emoção que nos pegou de surpresa. Mas respiramos fundo, nos recompomos, porque agora vinha à parte mais difícil, conquistar leitores de língua inglesa. Não tínhamos pretensão alguma de alcançar os números que tínhamos no Brasil, porque é algo irreal que um estrangeiro consiga bater marcas tão expressivas com apenas um livro publicado na América do Norte, porém era uma realização maravilhosa ter chegarmos a esse ponto, e ter esse desafio pela frente.
Quando a notícia foi dada, muitos leitores brasileiros pediram para ter a versão em inglês. Começou com o pessoal dos fãs clubes, e outras pessoas foram se interessando, no entanto como eu já disse não há representação da editora americana no Brasil, melhor dizendo não tinha naquela época, então a princípio não seria viável isso. Mas o Vasconcelos me garantiu que eles tentariam uma parceria interessante entre a Editora Escape e a Book Sower, para trazer o título em inglês para o Brasil. Isso era preciso porque os direitos em língua inglesa eram da editora americana. Eu não pensei que os brasileiros iriam querer ter o mesmo livro em inglês.
Na primeira semana de Julho embarquei com meu tio para Vancouver, rumo a primeira frente de divulgação de "Until The Last Breath". Eu sempre fui, e mostrei ser um cara bem confiante, e os meus amigos dizem que é quase impossível às pessoas que não me conhecem bem saberem quando estou em dúvida sobre algo, mas confesso que ao entrar no voo, eu estava bem inseguro. Afinal uma coisa é falar com pessoas de seu país, que tem praticamente as mesmas vivências, e percepções que você, outra bem diferente é comunicar com pessoas que tem experiências impares as suas. A língua em si não era um problema, pois estudei inglês por vários anos, e praticava conversação regulamente, principalmente depois de assinar esse contrato, o único receio que eu tinha era não entender alguma gíria ou expressão local, mas quanto a isso não tinha muito que fazer.
A Valentina se ofereceu para me acompanhar, mas por motivos óbvios não aceitei a oferta. Não era certo com ela, mas eu sentia que também não era certo comigo, e com a Mari não dar a chance de uma vez por todas entendermos o que ainda poderia haver entre nós. Eu tinha consciência que talvez aos nos encontrarmos percebêssemos que nesse meio tempo nos tornamos mais amigos, do que amantes, e passarmos uma tarde conversando, e turistando pela cidade. Assim como poderíamos seguir o antigo plano, e ter enfim nosso momento de amor, coisa que não vou negar meu corpo queria muito.
Os dois primeiros dias após a nossa chegada à cidade passamos indo de entrevista, em entrevista, a maioria para pequenas rádios da região metropolitana de Vancouver, e para alguns blogs literários. Tínhamos um tradutor na equipe, para o caso de eu não compreender alguma fala, mas não precisei muito dele. A editora queria aproveitar ao máximo minha estadia na cidade, então era um compromisso atrás do outro. No terceiro dia fomos a encontros com leitores em três livrarias, e é claro não estavam lotados como os do Brasil, mas as pessoas estavam mesmo interessadas no livro. Todos os presentes já tinham começado a leitura do livro então alguns diziam que estavam gostando de conhecer um pouco do modo brasileiro de viver, e dos lugares descritos na obra. Eu achei um ótimo modo de desacelerar um pouco do frenesi dos dias anteriores, o contato com leitores é sempre mais prazeroso que entrevistas, pelo menos para mim. Naquela noite fomos jantar com alguns livreiros, em um centro de comunitário no subúrbio da cidade, para o qual foram convidados também cinquenta jovens, que eram nosso publico alvo. O evento se alongou mais que o esperado, mas não havia problema, pois no dia seguinte pela manhã apenas iriamos fazer a doação de quinhentos exemplares para bibliotecas publicas, como parte do plano de marketing, e depois a equipe teria o restante do dia para descansar, e eu iria me encontrar com Mariane.
Eu consegui ótimas ideias para praticar no Brasil, tipo porque eu nunca tinha pensado em doar alguns livros para bibliotecas publicas? Isso é ótimo não só pelo retorno de marketing, e lucros, mas possibilita que pessoas que não podem comprar o livro tenham acesso a ele. Fiz uma anotação mental para discutir o assunto com o Vasconcelos, e também levar a ideia ao grupo de escritores.
Quando cheguei ao hotel tinha recebido varias mensagens tanto da Valen, como da Mariane. Valentina queria saber se estava tudo bem, e se estava confirmado nosso encontro em São Paulo, quando eu retornasse. Já a Mari queria comunicar que já estava em Vancouver, e que estava me esperando no hotel dela. Só naquele momento fiquei curioso para saber o que ela teria dito para os pais autorizarem que ela viajasse sem eles para uma cidade a 4.206,1 km. Depois soube que ela supostamente estava apenas numa viagem com a família de uma amiga do colégio. O que não deixava de ser verdade, pois foi mesmo com eles que ela fez a viagem, embora eles não soubessem que a verdadeira razão para ela ter forçado um pouco o convite, era para me encontrar. Naquele dia ela tinha ficado indisposta, e com ajuda da amiga conseguiu ser deixada no hotel para descansar, enquanto a família ia ao Aquário de Vancouver, e outros passeios.
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Wattpaders,
O que vai sair desse reencontro de Narciso e Mariane? Quais enfim juntos?
E a Valentina nisso tudo?
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Beijo de Verão [Completa]
Teen FictionEssa é uma história de verdades não confessadas, de amizade permeada por meias verdades, e omissões. Pelos céus ela é repleta de omissões que se confessadas poderia mudar toda minha vida. Mas prometo tentar fugir dos eufemismos. O boom do milênio...