Passado Obscuro

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No resto da viagem, Sakura se manteve presa no pequeno quarto. Depois de algumas tentativas, Itachi desistiu de tentar contato ou até de fazê-la comer.

Era inútil.

Assim que o avião pousou, ela saiu do quarto com os olhos vermelhos e inchados e descabelada. Se arrumou rapidamente apenas para parecer mais apresentável.

Itachi a olhou com carinho, mas preferiu não dizer nada. Não sabia quais seriam as reações dela nesse estado tão sensível.

– Chegamos. – Disse ele, com calma. Ela apenas assentiu enquanto esfregava os olhos vermelhos.

Saíram do avião e viram que dois Jeeps aguardavam por eles. A imprensa estava lá, tentando tirar algumas fotos exclusivas enquanto gritavam algo incompreensível em islandês.

Sakura forçou um sorriso enquanto as câmeras focavam nos dois. Tentava disfarçar o porque de parecer tão acabada daquele jeito. Assim que se aproximaram do carro, Itachi abriu a porta para ela e a ofereceu a mão como ajuda para subir. Ela apenas aceitou pelo fato de vários olhos estarem vidrados nos dois. Fecharam as portas e o carro foi ligado. Itachi suspirou.

– Me desculpe. Eles não nos deixarão em paz... – Explicou.

Uma chuva fina começou a cair no para-brisa do carro, dando a Sakura uma sensação de liberdade e segurança. Ela adorava a chuva.

– Sem problemas. – Respondeu com calma.

Sentiu o toque do moreno em sua mão e observou a chuva cair enquanto deixavam o aeroporto para trás.

##

O tempo passava e o silêncio no carro era perturbador. Sakura notou quando Itachi desviou da estrada, entrando em um atalho, pela floresta. Árvores grandes cobriam os dois lados da estrada de mão única.

Sentiu arrepios.

Era muito longe da civilização. Do urbano ao qual ela estava acostumada.

Ele dirigiu por mais 15 minutos antes de parar em frente a uma casa gigante, no meio das árvores. Por mais que a chuva tenha parado, Sakura ainda sentia o clima frio.

Embora, em qualquer dia comum, ela adoraria aquilo. Mas ali, ela sentia que tudo pioraria. Os dois desceram do carro enquanto o motorista os ajudou com as malas. Ela analisou bem a arquitetura da casa e lhe parecia algo digno de realeza.

As pedras eram brancas, as janelas bem grandes, deixando com que a luz invadisse todos os cômodos. As portas duplas eram feitas de madeira maciça e as escadas feitas de mármore.

Se sentiu ainda mais deslocada. Mas sabia que teria de se acostumar.

Seguiu Itachi até a porta e logo, ele a abriu, revelando uma escada enorme e uma varanda interna. No meio dela havia uma fonte, também feita de mármore. As cortinas estavam atadas por cordas douradas e as paredes haviam quadros bem diferentes dos convencionais.

Sem notar, ela entrou e caminhou pelo ambiente, fazendo com que o barulho de seus saltos ecoasse pelo piso de madeira escura. Notou que Itachi desapareceu com as malas, presumindo que ele as havia levado para o quarto.

O quarto deles. Aquele pensamento a deixava tonta.

Ela tocou a mesa de madeira com a ponta dos dedos e notou que não havia poeira. Provavelmente, alguém estava cuidando do local enquanto Itachi estava fora. Caminhou até uma pequena porta e, uma vez dentro do cômodo, viu vários tipos de armas presos nas paredes.

Fechou rápido.

Como não ouviu nenhum barulho, presumiu que Itachi estaria no andar de cima, ainda. Tentou uma outra porta, que revelou um cômodo frio e escuro. Ansiosa, ela não sabia se deveria acender as luzes ou não, pois sentia arrepios só de pensar no que tinha al.

Talvez outra hora.

Fechou a porta e caminhou para o jardim, que ficava nos fundos da casa. Ela sentia que a atmosfera daquele lugar a sufocava e queria respirar um pouco de ar fresco. O jardim era muito florido e colorido, com algumas árvores es estátuas de sereias, leões e outras criaturas. Finalmente ela tinha achado algo realmente lindo no meio de tanto luxo e ostentação, algo que ela realmente gostasse. Provavelmente era a única coisa na qual Itachi teria um bom gosto, pensou.

Sorriu involuntariamente, algo que, naqueles dias, tinha se tornado difícil de se ver.

Mas logo uma paisagem incomum chamou sua atenção. Uma parte do jardim estava morta, com plantas secas. Aparentemente, ninguém cuidava daquela parte do jardim há tempos. Parecia até que era proposital.

A curiosidade começou a incomodá-la.

Ela tocou as plantas mortas e secas que estavam mais a mostra e sentiu os dedos tocarem uma superfície fria e dura, que a fez estremecer, se retraindo como se sua mão tivesse queimado.

As sobrancelhas se arquearam e a determinação venceu o medo.

Voltou a tocar as folhas secas, as tirando do caminho e viu então uma sepultura com o símbolo dos Uchihas desenhado. Isso a fez pensar em quem estaria enterrado ali. Talvez fosse de alguém que morou antes, um avô, avó.

Ela acariciou a pedra fria.

– O que faz aqui fora, no frio? – Pulou de susto ao ouvia a voz familiar. Ela foi pega de surpresa por ele, que chegou silenciosamente, como se fizesse questão de não ser notado.

Ele a encarou, arqueando as sobrancelhas, zangado. Ela mordeu os lábios, se virando para ele e evitando encará-lo.

– E... eu est...

– Não importa. Entra. – Disse ríspido, a cortando.

– M... Mas...

– EU FALEI PRA ENTRAR! – Gritou, agressivo. Nesse momento, ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela nunca tinha visto ele tão nervoso e algo em sua voz soava ameaçador. Ele sacudiu a mão em frente o rosto da mais nova. – Terei que repetir?

Ela congelou.

Mas mesmo assim, forçou seus pés a saírem do lugar. Se virou e correu, subindo as escadas e desaparecendo pela grande porta de vidro. As lágrimas já caíam do rosto enquanto o coração batia violentamente, dando a impressão de que quebraria suas costelas. Ninguém nunca havia gritado com ela assim, nem mesmo seus pais.

Ela se sentia arrasada.

Seus pais nunca nem levantaram a voz para ela. Nunca! E agora, seu marido de mentira a deixou assim, assustada e coagida.

Ela se sentiu fraca e aprisionada.

Ela, agora vulnerável, deu uma olhada por cima dos ombros antes de entrar na casa, vislumbrando o moreno agachado em frente a estranha sepultura.

(...)

Atado pelo Orgulho (ItaSaku) {Em Revisão}Onde histórias criam vida. Descubra agora