Hallie - A outra versão do mundo

11. Harry

Acordei no dia seguinte da festa com uma ressaca horrível e muita dor de cabeça. Levantei da minha cama e não lembro da noite de ontem. Fico sentado por uns minutos tentando me recordar de como fui parar em casa sendo que fui de carro, e estava bêbado.

Desço e vou até a cozinha pra pegar uma aspirina ou algum remédio pra passar a dor de cabeça. Abro o armário de cima da bancada e, felizmente, encontro a aspirina. Pego um copo com água e desço o comprimido garganta a baixo. Subo pro meu quarto de novo e confiro que horas são no meu celular - 9:30 - além de ver a barra de notificações - 7 ligações perdidas de Kelly - na mesma hora retorno a ligação. Será que ela está bem? O que aconteceu pra ela me ligar 7 vezes? Será que aconteceu alguma coisa? No segundo toque ela atende:

"Harry!", ela diz aliviada. "Você está bem?", pergunta preocupada.

"Eu que pergunto, o que aconteceu?"

"Me disseram que você foi na festa na casa do Luke ontem, bebeu muito e saiu de carro. Algumas pessoas também disseram que você bateu o carro no poste quando estava manobrando". Abro a cortina da janela que dá pra frente da casa onde provavelmente estacionei o carro. Vejo meu Ghibli com a parte da frente do lado esquerdo amassado e o lado muito riscado. Que droga!

"Que droga!", repito em voz alta, botando uma mão na cabeça e a outra ainda segurando o celular.

"O que foi?", ela diz do outro lado da linha.

"Tá todo detonado meu carro, meu pai vai me matar".

"Tem conserto?"

"Não sei".

"Mas e você, tá tudo bem?"

"Eu to inteiro". Ficamos em silêncio por um tempo até ela dizer:

"Olha, eu queria te explicar o que aconteceu nas férias..."

"Eu não quero discutir isso por telefone" eu a interrompo. "A gente se vê segunda. Ok?"

"Ok", diz após perceber que sua tentativa de conversar comigo sobre esse assunto foi falho.

"Ok", digo e desligo.

Tomo um banho e me troco, pois dormi com as roupas que usei ontem. Pensando numa maneira de explicar pros meus pais o que aconteceu com o carro sem ter punições, mas não encontro um jeito. Aproveito o tempo que tenho até eles acordarem, tomo café, e ligo para o melhor conserto de carro da cidade. Tentei explicar por telefone o estado do carro, mas o homem disse que tinha que levar o carro até o local para ele mesmo ver como estava, e se tinha conserto.

Assim que desligo sento no sofá da sala. No mesmo instante escuto alguém descendo a escada.