32. Allie

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Acordei com a luz do sol da janela e no mesmo instante, flashes da noite passada tomaram minha cabeça. Não gosto de ficar admitindo, mas a verdade era que eu não conseguia parar de sorrir. Olhei para o lado oposto da janela e lá estava ele. Harry dormiu sereno, tão sereno quanto nunca. Não permiti acordá-lo, então sai da cama fazendo os movimentos menos bruscos possíveis e vesti minhas roupas que estavam jogadas no chão. Peguei meu celular que estava no bolso traseiro do meu jeans e enviei uma mensagem para mamãe avisando que estava tudo sob controle.

Depois desci até a cozinha sem saber que horas eram. Vi algumas pessoas dormindo no sofá da sala e vários copos jogados no chão. Abri a geladeira como se a casa fosse minha e peguei uma jarra de água.

"Como foi a noite passada?" alguém me perguntou com um tom de malicia. Fechei a porta da geladeira e Luke estava apoiado na ilha do cômodo de braços cruzados. Fiquei meio sem graça, mas vi que ela estava a vontade sobre o assunto então perdi um pouco da posição rígida que estava.

"Eu que pergunto, você e a Helena. Nunca que eu imaginaria", eu procuro por um copo nos armários e ele ri, descontraindo.

"É uma longa história...", ele aponta para o armário da direita. Abro-o e acho os copos americanos.

Pensei que seria constrangedor falar com Luke depois da nossa conversa, mas eu até que gosto de ser amiga dele.

"E onde ela está?" Pergunto me referindo a Helena.

"Dormindo, não quis acordá-la. Imagino que o Harry também." Ele revira algumas gavetas até achar uma sacola de lixo e começar a pegar todos os copos de plástico.

Mais tarde, ajudei a juntar todo o lixo da noite passada enquanto algumas pessoas acordavam. Verifiquei a hora no celular e já eram quase 10h quando Harry desceu.

"Bom dia", ele disse com a voz ainda rouca quando viu meia dúzia de pessoas na sala. Até me ver, e cravou os olhos em mim em público me fazendo corar.

"Bom dia", todos disseram em sincronia.

Harry cruzou a sala e foi até meu lado e estendeu a mão pra mim:

"A gente pode conversar?" Fiquei apreensiva. Comecei a pensar no que podia ter feito errado noite passada, mesmo sua expressão sendo tranquilizadora. Concordei com a cabeça dando a minha mão pra ele. Deixamos as pessoas na sala e fomos em direção ao jardim.

Puxamos a barra das nossas calças e sentamos na borda da piscina como da primeira vez em que conversamos. Ele puxou o ar com força para começar a falar.

"Eu sei que em poucos dias você vai se mudar, e também não gosto de ficar reforçando e retomando esse assunto, mas quero que você saiba que não me arrependo de nenhum momento que estivemos juntos. E estou me esforçando pra fazer tudo certo desde que admiti pra mim mesmo que sou louco por você, e tento me controlar pra não falar nenhuma besteira. O que estou querendo dizer é que só quero que você seja feliz, seja lá qual for a decisão que você tomar." Ele recupera o fôlego no final, e tento descobrir se meus olhos estão úmidos por conta do que acabou de dizer ou porque irei embora e não estou pronta pra me despedir.

É engraçado como uma pessoa pode se tornar tão importante pra você de repente. Até o começo desse semestre eu poderia esbarrar com ele e exclamar um "desculpe" no máximo. Hoje não consigo imaginar uma vida sem ter ele presente, nem que seja só pela sua presença.

"Não irei me despedir porque sei que não é um adeus pra sempre", ele adicionou. Não sabia o que responder então apenas me aninhei em seu abraço como um bebê.

"Eu vou sentir tanto a sua falta", digo depois de uma longa pausa.

"Eu também vou", ele diz e passa a mão pelo meu cabelo.

***

Peço pra Cass me buscar e no caminho de volta pra casa ela evita me constranger com perguntas, ao contrário de mamãe que não fez questão de pensar em minha privacidade com um interrogatório sobre a festa.

Passamos a tarde empacotando mais e mais pertences e vi o sótão vazio pela primeira vez na vida. No fim da tarde, o telefone tocou e papai foi atender. Não consegui escutar mais do que "Sim, é ele", "Muito obrigado", e muitas outras variações de agradecimento. Fiquei me perguntando quem seria quando ele me passou o telefone falando que era para mim.

"Srta. Pressman?", uma voz familiar diz do outro lado da linha.

"Sim?", respondo ainda sem saber quem é.

"É o reitor Bingham do colégio, eu conversei com seu pai a respeito do seu progresso curricular e estou a par de sua mudança. Liguei para vocês para fazer um proposta, tenho o contato de algumas universidades que estão interessados em currículos como o seu, Srta. Pressman, e de acordo com a direção das instituições, seria um prazer ter você como aluna do campus." Demorei um pouco para dirigir as palavras do diretor, era muita informação para processar. Eu só me formaria ano que vem, mas eu não poderia rejeitar uma oferta dessas ainda, mas esse não era o melhor. Eu não precisaria mais morar em Londres. Não precisaria fazer uma faculdade da cidade! "Srta. Pressman? O que me diz?", o diretor me faz voltar ao presente, após meu longo silêncio.

"Senhor Bingham, primeiramente, eu gostaria de agradecer a oportunidade e o reconhecimento do meu esforço. Gostaria de poder pensar na sua proposta, mas provavelmente há um grande chance de a resposta ser um grande sim." Acho que ele me visualizou falando com um grande sorriso no rosto, pois ao final ele soltou uma risada, porque de fato, não consegui conter minha animação.

Ele disse algumas informações sobre as universidades interessadas e ao final reforçou que iria mandar um e-mail para meus pais com os detalhes de todas elas.

Mandei uma mensagem para Harry sobre o que tinha acontecido e ele ficou muito feliz por mim. Eu parecia um criança descobrindo que ia pra Disney.

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⏰ Última atualização: Mar 06, 2021 ⏰

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Hallie - A outra versão do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora