13. Harry

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"O QUE ACONTECEU COM O CARRO?!", meu pai grita na sala logo depois de ter descido do quarto com a minha mãe, que por acaso está com uma cara de decepção olhando pra baixo balançando a cabeça de um lado pro outro, em forma de negação. Meu pai continua a gritar, agora apontando pela janela e falando como o carro foi caro e alguma outra coisa que não consigo escutar por que minha cabeça está em outro lugar.

Estou tentando me lembrar o que aconteceu à noite passado. Porque apesar de eu ter batido o carro e o provável castigo que irei levar depois do escândalo que o Sr. Bingham está fazendo, o que mais me incomoda é o fato de eu não lembrar o que aconteceu ontem. Fico um tempo buscando alguma lembrança da festa na minha memória, mas meu pai tira minha atenção por um instante:

"VOCÊ ESTÁ ME ESCUTANDO?! O QUE TÁ ACONTECENDO COM VOCÊ ESSES DIAS?!", só consigo balançar a cabeça de um lado pro outro. Refletindo que todos esses problemas, do carro, de eu ir a festa, e a briga no refeitório, foram por causa da Kelly. "VAI SER ASSIM ENTÃO? OK! A PARTIR DE AGORA VOCÊ IRÁ FREQUENTAR TODAS AS SEMANAS O CLUBE DO LIVRO DA ESCOLA! TODAS!". Que droga! Meu pai fala pra eu ir a esse tal do clube do livro desde quando eu era criança, ele diz que foi a sua maior inspiração e que foi o melhor lugar na escola pra ele. E além disso, traz um bom currículo. Mas, é sério isso?! Clube do livro?! Não tem nada melhor?!

"Você tá brincando comigo?", bufo. "Não pode ser outra coisa, tipo o time da escola...".

"NÃO! JÁ ESTÁ DECIDIDO!", ele fala e sai da sala passando a mão na nuca e minha mãe, toda encolhida após ver a bronca que papai deu em mim, vai o seguindo até a cozinha.

***

O resto da semana passa devagar. Meu pai mandou o carro pro conserto e eu não sai de casa, e nas horas da refeição o clima ficava tenso, mesmo com a Sra. Bingham tentando acalmar as coisas perguntando de cinco em cinco minutos se a gente queria mais batata ou frango.

No jantar de domingo, mal toquei na comida. Subi, me troquei e dormi. Na manhã seguinte, acordei com peso na consciência, de ter ficado numa situação dessas com meus pais. Quando terminei de me arrumar, desci e percebi que não tinha como ir pra escola, pois o carro não tinha voltado da oficina ainda. Fiquei com receio de pedir carona pra minha mãe, porque sabia que meu pai não iria dar, então resolvi ir de ônibus.

Hallie - A outra versão do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora