30. Allie

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Sempre me orgulhei da minha capacidade de esconder o que sinto, mas agora que estou em meio do caos devastada nos braços de Harry, vejo que minha frieza não é algo de que posso me orgulhar agora. Há alguns dias atrás, podia descrever como meus anos após e me ver claramente numa universidade longe de NewHam ou Londres. Mas agora não sei nem dizer como será o resto do ano.

O sol já estava se pondo e me perguntei se Harry não teria mais nada importante para fazer que ficar aqui. Me sente ao seu lado de novo e lhe fitei com os olhos, apesar do sol nas suas costas atrapalhar minha visão. Ele apontou que a luz estava me incomodando então se posicionou na frente do clarão, e tomando o canto da boca dando um leve sorriso.

"Você não precisa ir pra casa? Já está escurecendo" perguntei demonstrando preocupação. Ele riu, zombando da minha inocência sobre a sua relação com a família.

"Meus pais devem estar achando que estou me embebedando em um beco qualquer" ele disse achando graça, mas eu não ri. Assim que ele viu minha reação ele se recompôs. "Relaxa, não leva isso a sério."

"Harry, você sabe que é mais que isso, que é mais do que seu pai acha que você é. Não é justo ele te menosprezar quando já tentou mostrar o quanto se importa em tentar melhorar", ele acordou se surpreender com minha sinceridade. "Eles não escolhem o quanto você melhorou" repousei a mão no seu peito, "mas eu sei". Ele ficou me encarando, repassando tudo o que disse e no fim parece que se lembrou de algo e num pulo.

Ele estendeu a mão para me ajudar a levantar e pegar. Passei a mão na minha roupa, ajeitando-a. Parei na frente de Harry esperando ele falar o que formular, mas apenas olha para vários pontos como se muitos pensamentos viessem e foram.

"Não, que você está pensando?" digo curiosa. Ele me olhou como se tivesse se lembrado que estou na sua frente.

"Nada com que você tenha que se preocupar" ele pega meu rosto com as mãos e beija minha testa tão rápido e inesperado que quando o vejo de novo ele está indo em direção à rua. "Vai ficar tudo bem!" Ele se vira e grita pra mim, mas ainda estou sem reação, então apenas o observei indo embora.

Entro em casa e ninguém está surpreso com o meu sumiço - acho que já esperavam que eu tinha mais liberdade nesses últimos meses... ou semanas. Ai meu Deus! Quando nós vamos embora? Vou a procura da primeira pessoa que acho em casa para tirar essa dúvida cruel da minha cabeça. Encontro Cass pegando as louças para o jantar na cozinha, cantarolando uma música distraída.

"Cass, Cass!" dou a volta na ilha no meio do cômodo e agarro seus dois braços querendo chamar sua atenção. Ela se assusta e me olha buscando qualquer vestígio de perigo. "Quando nós vamos nos mudar?", Seu rosto relaxa e livra seus braços das minhas mãos.

"Nós ainda não sabemos direito, mas quanto mais cedo chegarmos em Londres e completar os registros no novo hospital em Londres, será mais rápido o atendimento", ela diz despreocupada.

"Tá bom, mas isso quer dizer o que? Meses, semanas... dias ?! " pergunto ainda insatisfeita.

"Duas, três semanas, talvez. Até a gente organizar tudo para a mudança ". Ela abre como gavetas buscando os talheres.

"O QUÊ ?!" explodo e Cass não se assusta com minha reação.

"Olha, eu sei que parece difícil, e provavelmente seja nos primeiros meses, mas não tem outro jeito. E é Londres, todo mundo gosta de Londres "Cassandra diz calmamente. Abro a boca pra responder, mas seria muito egoísta da minha parte fazer um escândalo porque eu não quero me mudar.

Ainda não acho justo irmos desse jeito inesperado para outro estado, mas também preciso pensar que seria certo a nossa família ir para um lugar onde receberemos um tratamento melhor para mamãe. Odeio toda essa situação, mas parando para pensar, não há nada que possa fazer para mudar o que está prestes a acontecer.

Hallie - A outra versão do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora