A DANÇA DOS HOMENS

98 5 0
                                    

Mal amanhecia no circo AQUARELA, e o astuto palhaço fora acordar, despenteado, suado e com trapos em lugar de trajes. Pronto para o serviço
O circo recebia todas as noites um grupo de senadores, de fato muito animados, homens simpáticos e sorridentes, vestindo seda fina e usando anéis de ouro.
O palhaço apresentava toda noite o mesmo número, e constantes aplausos cercavam o espetáculo.
A primeira a se apresentar foi a jovem moça de olhos verdes, a bailarina, formosa com a pele rosada e branca.
Dava piruetas altíssimas, quase tocando o teto da tenda em tons de vermelho.
O palhaço em sua apresentação gargalhou e ironizou.
Emfim a noite estava perfeita e fechou-se perfeita.
Com o palhaço cansado, e a bailarina morta em dores nas pernas.
Nenhum deles realmente tinha gosto pelo que fazia.
Ambos deram sua vida as artes.
E no fim de suas vidas a arte se encontrava ameaçada pelo governo de presidente Ónaro, que censurou e filtro de tudo no país.
Quem alí dançava, pro senado
Tinha a finalidade única de se sustentar pelo que sabia fazer.
O dia seguinte raio em cores amarelas com o palhaço desarrumado e a bailarina em um roupam sujo e fedido.
_oque era até bem cmum para os artistas_.
Mas algo de diferente floreceu junto do sol, e foi encontrado pelo palhaço, que ouvia os mesmos senadores da noite passada.
Na praça a dançar e brincar com o povo dalí.
A bailarina curiosa foi lá questionar - oque fazes aí homem, tu se deita em cama de ouro. Não carece de tamanha humilhação-
- sim por isso deito em cama de ouro - respondeu o senador voltando a valsar com os mendigos.
Mas novamente a bailarina torna a perguntar- por que danças? Qual motivo?- dizia ela sem compreender.
- eu tenho a finalidade única de me sustentar pelo que sei fazer, como um homem da política... dançar e contar piadas para o povo.

Encenação

Ele assistia tudo do alto do palco.
Na fileira da frente,
Por trás das cadeiras,
Que recheavam o espetáculo.

Eu via a bailarina ser tão bonita,
Via seu rosto ser tão contente.

Ele via que ela via uma lua plena.
Porém só enxergava as orquídeas,
Plantadas no solo sobe a luz serena

E a dama abria o rosto pálido e sorridente

Nas suas pernas finas viu pesar o mundo.
Viu o mar desaguar no suor,
O olhar apavorado da bailarina.

Vendo o olhar crítico do público.
Rasgando seus trajes no ranger dos dentes,
Vimos a tremedeira no braço da moça.
Jogaram as toalhas, de forma incosequente

O eco alucinou as vaias e o ruído.
Surgiu o bobo da corte,
Assim tão derrepente
Estourou os balões em um soco único.

Queimando as atrizes nas chamas ardentes.

Sairam mercenários dentre os muros.
Cartas pegavam fogo na mão das videntes,
Crianças que berravam em um estenso surto.

Por um instante triste viram fim de tudo.
Ao ouvir o violino na orquestra vermelha,
Exergavam pouco na visão ausente.

E nasce um poeta,
E ergue o triunfo no meio do povo.
A máscara era um presente em sua mão.

Ouvimos os aplausos vindos da pláteia,
Que quase morta se lançou ao chão,

Senadores se borrando frente ao palhaço,
Ministras já borradas de tanto chorar,
O bispo tão confuso ao olhar o cão,
E no canto debaixo da cadeira eu vi encolhido,
Nosso presidente.
Como um rato covarde,

Temendo a Arte que
Que narra as verdades.

Tatu.

PROFUNDAMENTE Onde histórias criam vida. Descubra agora