Capítulo: 9 √

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Lauren Jauregui

Sai de casa jogando a pesada mochila nas costas. Peguei o caminho do metrô e segui a passos largos tentando achar alguma direção na minha vida. Durante cinco anos todos os meus caminhos sempre me levaram até Demi, mas agora precisava encontrar uma estrada que não terminasse nela. Entrei no vagão e sentei num banco deixando novas lagrimas banharem meu rosto. Eu não sabia o que faria dali pra frente, mas sabia que tinha que continuar minha vida sem ela. Eu nunca tinha pensado em como seria minha vida se Demi me deixasse. Acreditava piamente que tudo era para sempre. Que sempre teria ela do meu lado independente da situação que fosse e agora isso. Não tinha um rumo. Ela sempre tinha sido meu rumo.

Desci na estação da Sé e fiquei encostada em uma mureta pensado no que ia fazer. Naquela hora da tarde o lugar fervilhava de pessoas saindo de seus trabalhos e indo para casa, onde tinham pessoa que as esperavam. Eu não tinha ninguém me esperando. Eu não tinha nem sequer um lugar para ir. Peguei o telefone e liguei para Luciana, uma ex que morava sozinha no centro.

- Oi gata – falei assim que escutei sua voz - Preciso da sua ajuda.

- O que aconteceu Lauren? – perguntou preocupada.

- Depois eu te falo. Posso passar a noite ai?

- Claro! Você brigou com a Demi?

- Terminamos. Eu estou aqui na Sé. Acho que em dez minutos estou ai.

- Tá. Estou te esperando.

Desliguei o telefone e peguei o metrô sentido Barra funda e desci no Anhangabaú. Sai sentido Nove de julho e em menos de cinco minutos estava na kit de Luciana.

- Não vou te atrapalhar anjo? – perguntei assim que a vi – sua mulher pode não gostar.

- To sozinha. Entra ai – respondeu a morena abrindo um sorriso – quanto tempo! – finalizou me abraçando.

- Bastante – respondi largando minha mochila no chão – você parou de falar comigo depois que começou a namorar.

- Você sabe que a Angélica morria de ciúmes de você. A Demi também nunca foi com a minha cara.

- Verdade. Mas ela não vai ficar brava se souber que passei a noite aqui?

- Terminamos no mês passado. Tudo tem limite.

- É. To nesse mesmo barco. Terminei com a Demi hoje – falei me jogando em um pufe num canto.

- Por quê?

- Você acredita que ela teve um piti lá na galeria? Com ciúmes da Raquel.

- Fala a verdade. A Demi é muito ciumenta não é?

- Demais. Pra mim deu.

- E o que você vai fazer? – perguntou Luciana indo até a geladeira pegando duas cervejas me entregando uma.

- Não sei. Vou pensar essa noite, tentar raciocinar com um pouco de logica. Foi tudo muito rápido.

- Se você quiser pode ficar aqui até tudo se ajeitar. Vai ser bom ter uma companhia. Até porque tenho certeza que vocês vão voltar.

- Não vamos mais voltar. Eu não quero mais e você sabe que quando eu termino não tem mais volta.

- Sei bem. Mas seja lá qual for a sua decisão pode contar comigo.

- Obrigada. Eu to com fome. Tem alguma coisa para comer ai?

- Vou fazer um macarrão. É rápido.

- Eu te ajudo – respondi me levantando – mas e ai? Tá sozinha?

- To. Curtindo a vida e a liberdade.

- Corta essa. As sapatão dessa cidade tão doida de te deixar sozinha.

Segui Luciana até a cozinha e fiquei observando-a da porta enquanto ela se virava de um lado para outro dentro da minúscula cozinha. Já fazia mais de dez anos que eu a conhecia. Luciana tinha sido minha segunda namorada, quando ainda contava com meus dezoitos anos. Adorava seus cachinhos negros e seu sorriso sapeca. Namoramos apenas por oito meses até descobrirmos que éramos ótimas amigas. Durante muitos anos ela havia sido minha melhor amiga e confidente. Depois veio Demi e Angélica e nossa amizade esfriou um pouco, mas não o suficiente para nos afastar de vez.

Ficamos até tarde conversando deitadas na cama. Luciana possuía apenas uma cama de casal, me ajeitei na beirada e logo senti sua cabeça repousando sobre meu braço. Falamos sobre tudo o que acontecera na nossa vida desde que nos afastamos, mulheres, trabalho. Luciana dormiu beirando duas da manhã e eu passei a noite em claro pensando em Demi. Na manhã seguinte confirmei com Luciana que ficaria com ela até me estabelecer novamente. Logo depois ela saiu para o trabalho e eu me vesti para ir buscar minhas coisas na casa que até a manhã passada havia sido minha também.

Não demorou para que logo eu estivesse plantada na frente do portão. Pensei por alguns minutos antes de inserir minha chave na fechadura. Toquei a campainha para verificar se ela estava em casa e fiquei esperando na porta. Aquela não era mais minha casa então não podia fazer uso da chave da porta. Demorou poucos minutos até Demi aparecer enrolada numa toalha. Fiquei olhando para ela durante um tempo. Como eu a amava. Era intenso, forte. Doentio.

- Posso entrar? - perguntei tirando os óculos escuros.

- Essa casa também é sua, Lauren – ela me respondeu voltando para dentro da sala deixando a porta aberta.

- Eu vim pegar minhas coisas – falei observando a bagunça que estava na sala – não vou demorar muito.

- Pra onde você vai? – perguntou parando no pé da escada.

- Não faz muita diferença agora. Você sabe onde me encontrar.

- Junto com a Raquel, não é? – perguntou Demi com um sorriso cínico – vai morar com ela agora?

- Isso não importa Demi
. Também não vim aqui bater boca com você. Só vou pegar algumas coisas minhas e vou embora.

- Pode ficar com a casa. Eu to saindo fora. 

LAUMI √ •𝗦𝗲𝗰𝗼𝗻𝗱 𝗖𝗵𝗻𝗮𝗰𝗲 𝗙𝗼𝗿 𝗟𝗼𝘃𝗲Onde histórias criam vida. Descubra agora