Capitulo: 33 √

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LAUREN JAUREGUI

 

Saí do encontro com Demi pensativa. Nem me lembrei de levar ela de volta próximo ao Lauque. Peguei o caminho de casa e liguei para Marisa do carro. Ela estava ocupada com trabalho e sairia tarde. Disse que ia para casa porque tinha que pesquisar sobre alguma coisa de produção e quando estávamos juntas não tínhamos tempo para trabalho. Me despedi tendo que adiar a conversa que teria com ela sobre o fato de Demi ter ido até o estúdio. Sei que ela ficaria muito brava, mas não podia esconder isso dela e tenho certeza que Demi também faria questão de contar que esteve junto comigo.

O inicio da noite passou rápido enquanto trocava mensagens com Marisa, mas depois que ela me ligou para ir dormir os minutos começou a se arrastar. Tomei um banho demorado e peguei uma tela para fazer um desenho. Misturei as tintas e limpei um espaço no chão para me sentar apoiando a tela no sofá. Quando levantei a mão, o anel que Demi havia me dado reluziu no meu dedo. Havia dito a Marisa que havia ganhado ele de uma garota de aniversario. Foi a primeira mentira que contei pra ela dentro desses oito meses em que estávamos juntas.

Não me sentia bem com isso. Na Verdade me sentia péssima, mas se dissesse que Demi havia me dado a briga seria bem maior. Eu poderia simplesmente jogar ele fora, mas não conseguia. Já tinha tirado ele do dedo duas vezes no estudio aquele dia, mas sempre colocava no mesmo lugar. Era bom ter alguma coisa dela por perto.

Liguei o radio e fiquei escutando musica fazendo o pincel deslizar suavemente, pintando o branco com toda a ebulição de cores que existia no meu intimo. Eu só podia estar ficando louca. Só podia ser isso. Uma lágrima escorreu no meu rosto e não dei importância a ela. Outra teimou em cair para se juntar a primeira no chão. Tudo tinha sido tão mágico com Demi. Nossas loucuras, nossa empolgação. Mas agora eu não era mais aquela garota de vinte e quatro anos que se deixava levar pela emoção. Demi também não tinha mais seus dezoito anos recém-completados. Estava mais madura, mas ainda possuía a impetuosidade da juventude.

Ela havia mudado bastante nos seus gestos, seu jeito. Se eu bem a conhecia quando éramos casadas, ela jamais teria cancelado o contrato. Ao contrario teria feito de tudo para infernizar a vida de Marisa. Muita coisa havia acontecido com ela desde que nos separamos. Havia acontecido muitas coisas comigo também e a mais importante dela se chamava Marisa. A comparação era injusta, mas era impossível não fazer.

Com Demi eu brigava todo dia, por motivos banais que nem nos lembrávamos depois e sempre íamos dormir magoadas uma com a outra. Com Marisa eu nunca tinha tido um pequeno desentendimento que não acabasse na cama, em um ato de amor cheio de carinho. Eu tinha tudo o que uma mulher poderia querer; uma mulher presente, companheira, carinhosa, linda, gentil.

Poderia ficar listando adjetivos para Marisa e a língua portuguesa não seria o suficiente para descreve-la. Isso era o que a minha razão dizia, mas a minha emoção fazia com que aquele anel prata com um desenho de uma ancora ficasse literalmente ancorado no meu dedo. Eu já tinha esquecido Demi e ela não precisava voltar como um fantasma para assombrar meus sentimentos.

Dormi no sofá mesmo ao lado do quadro pintado. Acordei no dia seguinte com a cabeça doendo por causa da tinta no meu nariz. Tomei um banho e coloquei uma roupa confortável para ir para o estúdio. Liguei para Marisa enquanto tomava café, mas o celular só chamava. Ela havia me dito que tinha trabalho para o período da manhã, mas não havia me dito o horário. Como já marcava dez da manhã conclui que ela já devia estar ocupada. Meu dia nunca começava bem quando não falava com ela primeiro.

Meu primeiro cliente daquele dia seria depois do almoço, pois o cliente que faria a sessão pela manhã tinha desmarcado na tarde do dia anterior. Encontrei Raquel terminando de fazer uma tatuagem em uma garota e fiz sinal para ela ir pra minha sala assim que terminasse.

LAUMI √ •𝗦𝗲𝗰𝗼𝗻𝗱 𝗖𝗵𝗻𝗮𝗰𝗲 𝗙𝗼𝗿 𝗟𝗼𝘃𝗲Onde histórias criam vida. Descubra agora