Capitulo: 57 √

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BIEN VINDO 1 SETEMBRO ✓

LAUREN JAUREGUI

Os primeiros dias que passei com Demi foram bem mais difíceis do que imaginava. Acreditava piamente que ela logo recobra a sanidade e daria conta da besteira que estava fazendo, mas não foi como planejei. Liguei para Raquel falando que não ia trabalhar por alguns dias e liguei para um amigo tatuador que tinha trabalhado comigo na Galeria e pedi que ele fosse me cobrir no Lauquel. Raquel não gostou muito da ideia, mas ela sabia que quando eu me concentrava em alguma coisa, eu ia até o fim. Ela sabia também que eu estava fazendo isso para que o meu passado não voltasse com uma sombra para me desmoronar. Acho que esse foi o argumento fundamental para que ela assinasse embaixo de tudo o que tinha lhe dito.

Demi acordou bem mais tranquila no terceiro dia. A fase pior da abstinência tinha passado e desse ponto em diante seria bem mais tranquilo. Estávamos em um papo tranquilo na beira da piscina quando a rainha resolveu dar o ar de sua graça. Como eu havia dito no primeiro dia, ninguém que fosse de total confiança podia chegar perto de Demi. Ela não era de minha total confiança e quando ela pediu para falar a sós com Demi resolvi que era hora de intervir.

- Não ela não pode – falei me levantando para tomar conta da situação.

- Laur, o que foi. Não posso receber visitas agora?

- Não você não pode, vai pro seu quarto – continuei incisiva na minha decisão.

- Mas você não pode fazer isso
– falou a rainha querendo me contradizer. Se eu já não ia com a cara dela, agora menos ainda.

- Tanto posso como estou fazendo. Demi vai pro seu quarto. Depois que eu falar com essa aí, você fala com ela.

- Mas...

- Vai logo Demi – falei mais alterada. Ela sabia que me contrariar era perda de tempo.

Fiquei assistindo Demi entrar dentro da casa com a cabeça baixa. Assim que ela sumiu na sala voltei a me sentar pegando o copo de suco de abacaxi que tinha feito para o café.

- Dulce você acha que é quem para tratar a Demi desse modo? – perguntou a rainha toda bravinha
– você não pode vir aqui e mandar ela...

- Escuta aqui garota – falei me levantando rápida indo parar na sua frente com meu corpo praticamente colado no seu. Encarei seus olhos e na hora a surpresa foi substituída pelo receio – você pode até ser a rainha da bateria, mas quem canta o enredo aqui sou eu. A Demi faz o que eu mando sim e se não fizer, ela arca com as consequências. Só fala com ela quem eu permito e nesse momento você não tem permissão.

- Porque essa coisa toda? Eu sou amiga dela e quero o bem dela – falou Samantha dando um passo para trás – você não pode vir do nada e colocar as regras do seu jeito.

- Não posso? – perguntei avançando mais um passo na sua direção – o que eu não posso? Você acha que uma garota petulante como você pode me dizer o que posso ou não fazer?
– continuei avançando enquanto ela dava mais um passo para trás
– você só vai falar com a Demi depois que me entregar o casaco e a bolsa.

- De maneira nenhuma! Você não é minha dona e tão pouco é dona da Demi – respondeu recuando mais um passo – eu conheço a Demi e eu...

- Você é quem sabe – respondi ainda avançando – você não vai chegar perto dela com as coisas que carrega.

Samantha tirou o casaco com raiva e jogou no chão junto com a bolsa. A cara dela de medo misturado com raiva estava me divertindo.

- Você é uma estupida sabia?! Eu conheço a Demi. Eu sei do que ela precisa.

Encarei seus olhos com mais raiva ainda. Ela não era ninguém para falar que conhecia Demi.

- Você conhece? – perguntei espumando de raiva avançando
os passos que ela recuava – Você conhece o olhar dela de loucura quando diz que prefere morrer a
se manter limpa? Você conhece
o jeito agressivo com que ela tenta te bater só para poder sair dessa
Casa e ir se drogar? Você conhece a infinidade de palavrões que ela desfia enquanto ofende até a própria mãe? Você é qualquer mulher que ela catou por ai há menos de sete meses. Não conhece nem um terço da Demi que eu conheço há quase sete anos. Você não é ninguém – finalizei enxergando que mais um passo ela cairia na piscina.

- Você pode até conhecer ela, mas não é especialista em reabilitação. O que você está fazendo é errado!

- Errado é eu estar aqui com você nessa conversa patética quando já deveria ter te colocado para fora dessa casa – falei avançando mais um passo para que ela desse o seu derradeiro recuo para a agua atrás de si – não venha me dizer o que sei e o que não sei...

Cortei a frase no meio vendo Samantha caindo na piscina. Virei
de costas para dar um pequeno riso enquanto ela tentava vir à tona. Voltei minha atenção a ela quando escutei seus braços se agitando na agua. Também não ia deixar a criatura morrer afogada, mas a rainha já estava nadando para as escadas na extremidade. Voltei para a mesinha onde estivera tomando café e peguei
o suco dando um grande gole nele. Samantha parou na minha frente tremendo de raiva. Se ela não fosse medrosa teria avançado sobre mim.

- Agora você pode ir falar com ela
– falei me servindo de um pedaço de queijo. Samantha fez menção de pegar a bolsa jogada no chão – sem a bolsa – finalizei dando uma mordida na generosa fatia.

Samantha apenas sibilou com raiva e andou apressada para dentro da casa. Terminei de comer meu queijo e comecei a tirar a louça do café levando para a cozinha. Rose me perguntou sobre o barulho da piscina e disse que Samantha tinha caído nela, mas que estava tudo bem. Ela se trocaria com alguma roupa que Demi lhe daria. Busquei o resto das coisas e coloquei a bolsa com o casaco da rainha no sofá da sala.

Tinha receio do que elas estavam conversando. Não queria que Samantha falasse alguma coisa para Demi que fosse tirar ela do sério dando vazão para alguma crise, nem que ela ficasse enchendo a cabeça dela para sair. Conhecia bem Demi para saber que ela não transaria com alguma mulher com a mãe em casa.

Fiquei um pouco mais aliviada quando vi as duas indo para a piscina. No quarto eu não poderia me interferir, mas lá fora sim. Tentei me controlar para dar espaço para elas, mas meus medos foram aumentando com o ciúme me dizendo que Samantha estava falando alguma coisa para Demi. Algo que tiraria ela do trilho que com tanto custo a tinha colocado. O ciúme, claro, falou mais alto.

Peguei um copo de suco e fui me intrometer na conversa delas. Vesti minha melhor cara de irônica e me sentei com elas. Samantha resolveu colocar as asinhas pra fora, mas não dei muita importância. Nem mesmo quando ela começou a me provocar, engoli sua lorota. Fiquei satisfeita ao ver que Demi recusaria o seu joguinho saindo da conversa.

- Ficou satisfeita agora?
– perguntou a rainha brava – será que nem conversar com um amigo ela pode?

- Depende do tipo de amigo – respondi colocando o copo na mesa – se for um amigo que vá acrescentar alguma coisa, ela pode sim.

- Você tá se sentindo não é?

- Não – respondi com sinceridade. Resolvi baixar a guarda um pouco. Eu estava agindo pelos ciúmes e isso não era certo – eu estou protegendo ela. Eu não te conheço. Não sei o que você já fez da sua vida ou o que deixou de fazer. Eu não quero ficar bancando a chata, mas eu tenho que agir assim. A Demi não pode sofrer nenhum tipo de tentação de sair daqui. Eu não quero ter que passar pelos dois dias torturantes que tivemos.

- Eu não vou tirar ela daqui. Eu sei que ela precisa ter um tempo de descanso e enquanto isso posso segurar minha fome de sexo – falou com um sorriso tentando me espezinhar – eu vejo os noticiários. Sei como é difícil a vida de um viciado.

- Você vê os noticiários... – repeti com um sorriso – o noticiário é sempre belo. Venha falar comigo quando você perder a família para as drogas. Você não viu a realidade nua e crua da sua mãe morrendo de overdose – desabafei com uma lagrima. A filha da pu*ta tinha tocado no meu ponto mais oculto – você não sabe o que é viver em abrigos e ver seus amigos morrendo por causa das drogas. Você não sabe nada sobre a vida de um viciado – finalizei saindo da cadeira secando a lagrima que teimava em rolar pelo meu rosto.

LAUMI √ •𝗦𝗲𝗰𝗼𝗻𝗱 𝗖𝗵𝗻𝗮𝗰𝗲 𝗙𝗼𝗿 𝗟𝗼𝘃𝗲Onde histórias criam vida. Descubra agora