Capítulo: 10 √

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Lauren Jauregui

- Eu já tenho um lugar – falei subindo as escadas – não vamos discutir isso. Só vou pegar a moto.

- Porque você está fazendo isso com a gente, Lolo? – perguntou Demi com os olhos marejados vindo atrás de mim – aqui é sua casa. Nossa casa. Você acha que a Raquel vai ser mulher...

- Esse é o seu problema Demi – cortei com raiva - Você não confia em mim. Você confia mais nos seus amigos do que em minha palavra. Na boa. Cansei disso.

- Já faz um bom tempo que você está cansada de mim não é mesmo? Você só estava esperando a oportunidade de sair fora desse casamento.

- Que perola Demi! – exclamei com uma palma – eu maquinei tudo direitinho na minha cabeça pra você me flagrar fingindo que estava comendo a Raquel encima da mesa para ter um bom motivo para terminar.

- Você não fez muito esforço para esse fingimento!

- Claro que não. Da mesma forma que não tive que fazer muito esforço para que a Amanda desse em cima de mim. Ai quando eu te contasse você ia acreditar nos seus amigos inseparáveis do peito. Mais um bom motivo para terminar esse casamento de mentirinha não é? – falei aos gritos – sinceramente Demi! Cresce!

- Você acha que eu estou errada? – perguntou exaltada também – eu te pego aos beijos com sua chefe e eu estou errada?

- Não... Você não está errada – falei abrindo o guarda roupas jogando as peças sobre a cama – Eu sou a errada. Errada por estar tendo essa conversa com você, errada por ter deixado nosso casamento chegar a esse ponto. Já era para termos parado com essa besteira faz tempo!

- Nosso casamento era uma besteira? Todo o tempo da minha vida que dediquei a você, minha família que deixei pra trás por você e você me diz que estávamos vivendo uma besteira? Tá certo Lauren. Vamos acabar com essa besteira. Quem não te quer mais sou eu.

Demi saiu do quarto batendo a porta e eu joguei algumas roupas dentro de uma bolsa de qualquer jeito para sair logo dali. Depois de tudo pronto olhei ao redor pensando em tudo o que tínhamos vivido dentro daquelas paredes. Aquelas lembranças ficariam para sempre dentro da minha memoria, mas era hora de seguir adiante. A vida continuaria sem ela. Coloquei uma jaqueta e peguei o capacete indo em direção a sala. Demi estava parada perto de uma janela olhando para a rua.

- As chaves estão aqui no bar – falei colocando o molho sobre o móvel – depois eu venho buscar o resto. Não vou te atrapalhar mais.

- Pode ficar com as chaves. Eu vou sair desse lugar. Não quero ficar aqui – ela me respondeu sem olhar pra mim – eu vou para o apartamento do Fernando.

- Não vou ficar aqui Demi. As chaves estão ai. Qualquer coisa me liga. Depois temos que conversar sobre algumas coisas práticas.

- É assim que termina um casamento de cinco anos? – Demi perguntou se virando para mim. Algumas lágrimas escorriam pelo seu rosto.

- É assim que tem que ser. Talvez algum dia sentaremos em alguma mesa de um bar qualquer com nossas respectivas namoradas e vamos rir disso tudo, mas por hora é melhor assim – respondi chegando perto – eu te adoro e só quero o seu bem. Nós seremos melhores separadas. Não quero te odiar. Nunca conseguiria isso.

- Eu não consigo dizer a mesma coisa – respondeu se desviando quando cheguei mais perto – espero que você e a Vagabunda da Raquel sejam muito, mas muito infelizes.

- Eu espero que você seja feliz. Independente de onde seus passos te levem, só quero o teu bem – finalizei saindo porta afora.

Encaixei a bolsa na garupa da moto e coloquei o capacete. Dei uma ultima olhada para a casa onde havia passado meus últimos quatro anos e sai rua abaixo. Tratei de engolir minhas lagrimas e peguei o caminho do centro. Meia hora depois estava na kit colocando a bolsa em um canto. Arrumei tudo com pressa e sai para a galeria. Desde o dia anterior quando sai atrás de Demi não tinha voltado lá. A vantagem de ficar na casa da Luciana era o tempo que gastaria até o trabalho. Menos de dez minutos caminhando já estava na galeria do rock.

- A Raquel está ai? – perguntei para Rafael, colega do estúdio, que estava na frente da Galeria.

- Tá lá dentro. Tá tudo bem? – perguntou desconfiado.

- Agora tá tudo bem. Eu vou lá falar com ela. Valeu cara.

Subi as escadas até o segundo andar torcendo para que ela não estivesse brava. Não podia perder o emprego agora. Tinha certeza que estava na corda bamba com ela.

- Raquel – chamei tirando-a do devaneio.

- Oi Lolo – ela exclamou levantando os olhos – como é que você está?

- Eu estou bem. Terminei com a Demi.

- Não acredito! Vocês não conversaram? Chegaram a um acordo?

- Não... – respondi me apoiando na mesa – não dava mais para aguentar as neuroses dela. Quero que me desculpe por ontem.

- Não tem nada a ser desculpado. Não foi culpa sua.

- De certa forma foi. Eu permiti que toda a situação chegasse a tal ponto.

- Não esquenta. O que você vai fazer agora?

- To morando com uma amiga aqui no centro. Por enquanto é provisório. Até eu me acertar.

- Tá certo. Vai continuar comigo né?

- Você ainda me quer aqui?

- Claro que sim. E daqui a um mês no máximo, no nosso estúdio.

- Com certeza. Obrigada – respondi puxando sua mão para depois dar um abraço – você não faz ideia de como isso é importante pra mim agora.

- Imagino, sócia. Agora temos que pensar no nome do nosso estúdio. Tenho um que não quero recusa.

- Qual é?

- Lauque's Tatoo.

- Lauque. Defina.

- Lau de Lauren e Que de Raquel

- Perfeito. Sem recusa. Lauque's tatoo. O estúdio mais bombado de São Paulo.

- To contando com isso. Não me desaponte.

- Jamais.

Sai da sala com um sorriso bobo, indo guardar minha mochila. Como todo inicio tudo era novo pra mim. Teria que aprender a me portar como dona do estúdio e não como uma tatuadora de um estúdio qualquer e teria que reaprender a vida de solteiro. Essa ultima parte não seria difícil para uma pessoa que amava baladas, mulheres e álcool.

LAUMI √ •𝗦𝗲𝗰𝗼𝗻𝗱 𝗖𝗵𝗻𝗮𝗰𝗲 𝗙𝗼𝗿 𝗟𝗼𝘃𝗲Onde histórias criam vida. Descubra agora