Capítulo: 66 √

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Foi nesse momento que fraquejei.

Levantei os olhos para Marisa e seu sorriso sumia lentamente enquanto lágrimas rolavam pelo meu rosto. Me virei para Demie ela estava segurando a mão da namorada e de Rose, como se fosse uma corrente. Voltei meus olhos para Marisa e dei um passo encurtando nossa distancia. As lágrimas borrava minha visão enquanto pegava seu rosto com minhas mãos e encostava a minha testa na sua. Dei um beijo em seus lábios. Eu estava fazendo minha escolha.

- Me perdoa – falei baixinho em seu ouvido.

- Eu nunca vou conseguir competir com ela não é? – perguntou Marisa me abraçando falando em meu ouvido.

- Não é isso – respondi encostando minha cabeça em seu pescoço – eu vou... Eu quero...

- Não Laur – respondeu Marisa se afastando para pegar meu rosto – eu não quero desse jeito. Eu quero você inteira e se não for assim, eu não quero.

- Amor não...

- Você sabe que ama ela e não a mim. Você pode sim ter me amado um dia e talvez ainda me ame, mas eu quero ser amada da mesma forma como amo. Você me amou um dia, mas agora não é mais a mesma coisa. Eu pensei que podia fazer você me amar novamente, mas não posso lutar contra esse sentimento tão forte que une vocês duas.

- Não tem nada nos unindo Mari! Ela está com a namo...

- Para Lauren – falou Marisa colocando um dedo nos meus lábios – eu te amo. Mas agora eu tenho que sair de cena – falou tirando o anel que eu tinha dado
– eu sempre vou lembrar de você com carinho. Obrigada por me fazer a pessoa mais feliz do mundo. Não agora, mas esse ano que passou foi o mais fantástico da minha vida.

Marisa me beijou com paixão enquanto nossas lágrimas se juntavam em nossos rostos. Ela me largou abruptamente e saiu rápida da sala onde estávamos. O casal de amigos a seguiu para saber o que tinha acontecido. Eu apenas passei a mão na cabeça chorando como se fosse uma criança em soluços altos. Raquel me abraçou apertado, mas logo me livrei dos seus braços. Olhei para Demi que estava confusa e para o resto das pessoas que me olhavam com a mesma curiosidade do que estava acontecendo. Pedi para Raquel arrumar as coisas no cartório e fiz menção de sair sendo segurada pela mão de Rose.

- Está tudo bem filha? – perguntou com um tom preocupado.

- Desculpa Rose, Não vai ter mais casamento – falei dando um beijo na sua mão – obrigada por ter vindo. Estou indo nessa. Preciso ficar sozinha

Sai rápida da sala sob os olhares curiosos. Eu não sabia para onde ir. Estava sem rumo mais uma vez.

Parei na calçada olhando para os lados como uma pessoa sem saber para onde ir. Peguei o celular no bolso e disquei para Marisa, mas ela tinha desligado o aparelho. Tirei ele da orelha lentamente me virando na direção onde ouvia passos se aproximando.

- O que aconteceu Laur? – perguntou Demi preocupada – porque a Marisa saiu daquele jeito? Minha mãe disse que não vai ter mais casamento...

- Eu hesitei Demi – respondi secando as lágrimas com a palma da mão – ela terminou comigo.

- Mas... Vocês não queriam isso? Porque ela terminou?

- Porque meu coração não é só dela – respondi dando um passo pra trás – eu preciso ir. Obrigada por ter vindo - finalizei me afastando.

- Laur espera!

Balancei a cabeça em sinal negativo enxergando Viviane vindo em nossa direção. Sai apressada dali andando a esmo. Estava tão atordoada que nem me lembrei do carro. Algumas quadras depois entrei em um boteco qualquer e pedi um uísque. A solução não era beber, mas eu precisava aplacar a dor que sentia dentro do peito. Meu celular começou a tocar insistentemente com Raquel e Paty me ligando. Desliguei o aparelho fiquei durante um tempo me dedicando a acabar com a garrafa
que foi colocada a minha frente.

Quando finalmente cheguei no apartamento já era final da tarde. Ainda tinha tentado falar com Marisa outras vezes, mas sei que ela não me atenderia. Entrei no quarto e me joguei na cama. Fiquei olhando para o teto deixando minhas lágrimas rolarem pelo meu rosto. Eu amava Marisa, mas tinha completa consciência de que ela estava certa.

Não podia usa-la para esquecer Demi. Eu nem sabia se queria esquece-la. Adormeci perdida entre minhas confusões. Acordei com o toque insistente da campainha. Abracei os joelhos na cama tentando fazer com que aquele barulho infernal parasse. Depois de um tempo ele cessou e eu voltei a cair nos braços da agonia.

Acordei no dia seguinte como se tivesse enfiado mil agulhas na minha cabeça. Ela latejava de dor. Me arrastei até o banheiro em busca de comprimidos e me joguei na cama novamente. Aquele que era para ser o dia mais feliz da minha vida estava entrando no rol dos piores dias que já tive.

Desliguei os telefones e avisei para o porteiro que se alguém perguntasse por mim era para dizer que eu não estava. Passei o dia vagando pela casa tentando falar com Marisa pelo celular. Eu sabia que ela não ia voltar comigo, mas precisava me desculpar pelo meu ato. Todas as minhas tentativas foram em vão. Ela havia desligado seus telefones também.

No terceiro dia resolvi sair para dar uma volta na praça perto de casa. Coloquei um óculos escuro grande para esconder o lastimável estado dos meus olhos e sai para o elevador. Estava passando na portaria quando Sergio me chamou me dizendo que haviam deixado um pacote pra mim na noite anterior. Assenti com a cabeça em agradecimento e abri. Era a chave da casa de Marisa. Havia um bilhete junto.

“Estou embarcando amanhã cedo para Portugal. Estou deixando as chaves para você pegar as suas coisas. Deixe ela na produtora. Um dia quando a dor passar espero ser sua amiga. Seja feliz Laur.

Amor Marisa”.

Mais uma vez as lágrimas inundaram meus olhos. Desisti de sair e voltei para o apartamento ficando mais três dias isolada do mundo.

LAUMI √ •𝗦𝗲𝗰𝗼𝗻𝗱 𝗖𝗵𝗻𝗮𝗰𝗲 𝗙𝗼𝗿 𝗟𝗼𝘃𝗲Onde histórias criam vida. Descubra agora