Capítulo 8

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Katherine

Minha vida estava corrida, muitos compromissos na emissora, mas eu não podia reclamar gostava de estar ocupada fazendo o que eu gostava de fazer.

Julia agora era a minha estagiária, perguntei se ela queria ir para algum setor mas ela recusou, queria aprender comigo e eu não reclamei. A cada dia que a conhecia mais me encantava por ela, ela tinha uma doçura que era rara ultimamente.

Todos os dias eu a abraçava na entrada e na saída da emissora, como fazia com os demais. No início ela parecia um pouco reticente, mas agora ela já estava mais solta, nosso abraço encaixava perfeitamente e as vezes eu queria que ele durasse mais tempo.

Eu tinha percebido que o namorado dela era um pouco difícil de se lidar, mas depois de conhece-la um pouco melhor eu percebi que ele é um completo idiota. Como pode uma mulher como ela namorar com uma criatura como ele, eu ainda não o conhecia, mas só pelo que eu presenciava já tinha identificado o tipo de homem que ele era.

Uma manhã percebi como ela estava abatida e ao abraça-la eu soube que alguma ele tinha aprontado. Convidei ela para almoçar e ela desabou ao me contar sobre a briga deles. Eu odiava ver ela assim chorando por um idiota que não quer que ela trabalhe.

Falei algumas coisas para ela que eu realmente estava sentindo naquele momento e ela apertou minha mão em forma de agradecimento. Senti vontade de beija-lá mas me controlei, ela estava vulnerável e eu não tinha esse direito.

Convidei ela para tomarmos banho de mar e a levei até a minha casa para pegarmos biquínis. Assistimos o pôr do sol na praia e mais uma vez senti vontade de beija-la mas não o fiz.

Foi divertido a cara que ela fez ao descobrir que eu era lésbica e estive em uma relação de 8 anos. Achei que ela iria se afastar depois disso, mas ela seguiu me tratando normalmente.

Convidei ela para jantar no meu apartamento, mas antes perguntei se o idiota do namorado não iria se importar o que eu menos queria era arrumar problemas para ela. Ela aceitou e disse que ele não saberia porque sempre chegava tarde.

O que ela disse a seguir criou um nó na minha garganta, ela deixou escapar que quando o namorado chegava bêbado ele sempre tentava transar com ela. Que tipo de cara escroto era aquele? Abri e fechei minha boca várias vezes minha vontade era de dizer para ela, como ela não merecia aquele idiota e que ela merecia alguém que realmente a amasse.

Perguntei o que ela queria comer e ela disse que estava com vontade de comer pizza. Pedi a pizza e ela se sentou no sofá para esperar.

- Aceita uma taça de vinho? - perguntei.

- Obrigada mas eu não costumo beber, melhor não. - disse ela.

- Tudo bem. - disse pegando uma taça para mim e um copo de refri para ela.

Sentei ao seu lado no sofá.

- Escolhe algo para vermos enquanto esperamos - falei.

Ela passou por vários canais e acabou parando em um programa esportivo da noite.

- Programas esportivos. - falei.

- Eu sei, mas eu gosto dos programas esportivos. - falou ela.

- Ta bem. - respondi bebendo um pouco do meu vinho.

- Como era? - perguntou ela.

- Como era o que? - perguntei sem entender do que ela falava.

- A sua vida de casada com um mulher, vocês dividiam roupas, maquiagens? Você sabe. - disse ela sem tirar os olhos da tv.

- Era sim, nós não dividiamos quase nada porque nossos biotipos eram diferentes, eu achei que ela fosse a mulher da minha vida, mas eu estava enganada. - falei.

- Você a amava? - perguntou Julia.

- Eu achava que sim, mas hoje percebo que não, eu abri mão de algumas coisas na minha vida por ela, e ela nunca abria mão de nada por mim. Eu vivia para ela e hoje eu percebo que eu preciso me sentir feliz comigo mesma para depois encontrar alguém que venha não para me completar mas para somar na minha vida. - falei.

Júlia parecia pensativa e só saiu dos seus pensamentos quando fomos informadas que a pizza tinha chegado. Sentamos na mesa e devoramos a pizza toda.

Voltamos a sentar no sofá para continuar olhando o programa e ela conferiu a hora no celular.

- Se quiser embora, eu te dou carona, não tem problema. - falei tentando deixa-la mais relaxada.

- Obrigada, mas ainda é cedo, ele só deve chegar bem mais tarde, se é que vai chegar. - disse ela baixinho.

- Você quer dormir aqui? Tem o quarto de hóspedes você pode ficar e amanhã cedo volta para casa. - ofereci.

- Obrigada pela oferta, mas eu tenho que encarar de frente meus problemas, se puder me dar carona eu agradeceria. - disse ela.

Subimos no carro e eu fui deixa-la em casa, confesso que estava preocupada que o idiota do namorado chegasse bêbado e fizesse algum mal para ela.

Estacionei na frente do apartamento dela, mas a minha vontade era de não deixa-la descer.

- Quer que te acompanhe? - perguntei.

- Não tem necessidade, mas obrigada pelo dia de hoje, o que você fez hoje por mim nunca ninguém tinha feito. Você é muito especial e merece as melhores coisas. - disse ela me deixando agora sem graça.

A abracei e ela correspondeu, ficamos abraçadas mais tempo que o normal e eu não sentia a menor vontade de solta-la. Terminamos o abraço e eu fui lhe dar um beijo na bochecha, mas ela se virou na hora e o beijo acabou raspando de leve o canto da boca dela.

Ela subiu para o apartamento e fiquei a observando de longe, percebendo a cilada que eu tinha me metido, apaixonada por uma mulher hétero.

Pupila - AnaVitoria e Vitor Kley

Como que eu vou dizer pra ela
Que eu gosto do seu cheiro
Da cor do seu cabelo
Que ela faz minha pupila dilatar

Sabe, depois que eu te conheci
Ficou difícil de viver
Eu fico aqui imaginando coisas com você
Viu, o nosso som é parecido
Será que isso é obra do destino
Pensando bem, contigo até combino

Faz de conta que eu te conheço bem
Quero algum atalho pra te convencer
Que a gente se combina só você não vê
Mas eu vejo
Eu vejo ah

Ensaio no espelho pra tentar ligar
Invento mil acasos pra te esbarrar por aí
Não sei o que eu faço eu quero mais
Eu quero mais de ti

Como que eu vou dizer pra ela
Que eu gosto do seu cheiro
Da cor do seu cabelo
Que ela faz minha pupila dilatar

Destinos Cruzados (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora