Capítulo 16

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Katherine

Eu estava em casa tomando um vinho e aproveitando a minha própria companhia. O dia tinha sido cheio e nada melhor que um vinho para relaxar. Escutei uma batida na porta e fui atender, ao abrir me deparei com Julia com um capuz na cabeça e óculos escuros. Fiquei sem entender o que ela estava fazendo ali. Falei oi e em seguida ela se jogou em meus braços.

Eu nunca a tinha visto assim, ela soluçava alto e me abraçava forte, a levei para dentro de casa e a sentei no sofá.

- Vou te trazer uma água com açúcar. - falei me levantando e indo até a cozinha.

- Por favor, só não me deixe sozinha. - ela disse entre soluços.

Seu corpo tremia e eu a abracei mais forte ainda aninhando ela em meu peito que aos poucos foi ficando mais calma e serenando a respiração.

Tirei o seu capuz e comecei a fazer carinho em seu cabelo. Ela tinha me dito coisas horríveis, mas eu podia sentir que naquele momento ela estava sofrendo muito e eu queria ajudá-la.

Quando ela se acalmou fiz carinho no seu rosto e tentei tirar seu óculos, mas ela não deixou.

- O que houve ? - perguntei. Ela nada disse e continuou aninhada em meu peito. Depois de um tempo ela tirou os óculos e eu pude ver o estrago em seu rosto.

- Eu vou acabar com a vida daquele animal. - falei levantando do sofá e pegando as chaves do carro.

- Pelo amor de Deus não, ele pode machucar meus pais, por favor. - ela repetia apavorada segurando minha mão.

Eu podia ver o medo naqueles olhos lindos e acabei a abraçando mais uma vez.

- Precisamos ir ao hospital. - falei.

- Por favor, não. Vão fazer perguntas que eu não posso responder.

Fui até a cozinha e peguei gelo para colocar no rosto dela. Eu podia sentir o sofrimento físico e psicológico que ela estava enfrentando e aquilo me cortava o coração de todas as formas possíveis.

Coloquei o gelo em seu olho enquanto ela deitou no meu colo.

- Me conta o que houve para eu poder te ajudar. - pedi.

- Eu não queria arrastar você pra isso, mas eu nao tinha para onde ir. - iniciou ela.

- Você sempre pode contar comigo. - falei.

- Eu vou lhe contar mas por favor, me prometa que você não vai fazer nenhuma loucura.

- Prometo. - falei.

Ela me contou que os pais foram viajar e como Lucas tinha chegado em casa como havia batido nela e como ela havia ficado desacordada.

- Eu sei que você não quer, mas isso é agressão é caso de policia. Ele chegou a .... você sabe? - eu disse.

Só de imaginar aquele animal forçando-a a transar com ele sem consentimento meu sangue fervia, minha vontade era de acabar com ele.

- Eu acho que ele não conseguiu mas ainda sinto o cheiro dele no meu corpo. - disse ela.

- Vem, você precisa de um banho, vou pegar uma toalha pra você.

Levei Julia pela mão e lhe entreguei a toalha.

- Não me deixa sozinha. - ela pediu e por mais que eu não achasse certo eu não sabia dizer não para ela.

Fomos juntas tomar banho e eu pude notar outros lugares em seu corpo que tinham roxões e marcas de agressão. Passei sabonete delicadamente nela e esfreguei as suas costas. Ela sempre que podia me abraçava e colava nossos corpos.

- Obrigada por isso e desculpa por tudo. - disse ela.

Ajudei-a a se vestir e perguntei se ela estava com fome. Preparei uma sopa e levei na cama onde ela estava. Seu rosto ainda estava muito inchado peguei mais gelo e coloquei em um pote deixando no quarto.

Sentei na cama ao lado dela.

- Você deve me achar uma louca por não denunciar Lucas. - disse ela.

- Eu não posso te julgar, porque eu não sei o que acontece com vocês. - falei.

- Eu vou te contar...

Julia me contou da fazenda, da dívida dos pais das chantagens de Lucas e assim que terminou começou a chorar.

Que tipo de animal era aquele homem, mas ele ia pagar, prometi a mim mesma.

- Tem mais. - disse ela.

- Mais?

- Sim, tudo que eu falei pra você aquele dia na sua sala foi a forma que eu encontrei de não levar você pra esse furacão que é a minha vida. - disse ela.

Fiquei sem saber o que falar e só a abracei que adormeceu em meus braços. De madrugada eu acordava e colocava gelo em seu olho, esperava que de manhã o inchaço tivesse diminuído.

Acordei e Júlia ainda dormia, preparei  o café até ela acordar. Ela apareceu sonolenta na cozinha e o olho estava bem desinchado com ela podendo abri-lo.

- Esta bem melhor. - disse ela.

- Esta mesmo, agora vem vamos tomar café.

Tomamos nosso café em silêncio até ela quebra-lo.

- Vou ligar para os meus pais, preciso saber quando eles voltam para cá. - disse ela.

- Você me empresta seu celular? Estou sem bateria. - disse ela.

- Claro. - alcancei o celular.

Ela foi ligar e ficou algum tempo no quarto falando com eles. Fiquei pensando em um jeito de ajuda-la ia procurar um advogado e um detetive precisava saber em que Lucas estava metido.

- Eles só voltam daqui a uma ou duas semanas, tiveram problemas. - ela disse aliviada.

- Você vai ter tempo para se organizar. - falei.

- Sim, não se preocupe eu não quero atrapalhar você

- Não foi isso que eu quis dizer, você sabe que pode ficar o tempo que quiser aqui, eu adoro a sua companhia. - falei e ela sorriu triste.

Me cortava o coração ve-la daquela forma, se eu encontrasse com aquele animal na rua eu não me responsabilizava pelas minhas ações.

Fica - AnaVitoria

Mapeei a dedo tuas sardas
Contornei sem jeito tuas linhas
Que te entregam e desvendam o melhor em ti

Me perdi no céu das suas pintas
Me encontrei no céu da tua boca
Tu é labirinto, rua sem saída
Me rendi a tua alma nua, vem cá

Congela o teu olhar no meu
Esconde que já percebeu
Que todo meu amor é teu amor
Então vem cá
Que nós até Caio escreveu
Parece que nos conheceu
Em mel e girassóis te peço, só te peço

Fica
Fica, me queira e queira ficar
Fica
Fica, me queira e queira

Destinos Cruzados (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora